Como é disputar uma corrida de kart contra estrelas da F1 e da Stock Car

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Foto: Rodrigo Ruiz

Nosso piloto Rodrigo França na condução do kart 1 das 500 Milhas

Não basta ser repórter, tem que acelerar. Com este lema em mente, Forbes Motors encarou o desafio proposto por Felipe Giaffone para disputar as 500 Milhas de Kart, a principal prova de longa duração do kartismo brasileiro e uma das mais importantes do mundo, reunindo estrelas da F1, F2, F3, Indy, Formula E, Stock Car, Nascar, Truck etc.

Daria para fazer um texto só com a constelação de talentos que aceleraram comigo por 12 horas no Kartódromo Granja Viana nesta quinta-feira, dia 21 de dezembro.

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Mas para ficar entre os principais: Felipe Drugovich, campeão da F2 e piloto de testes da Aston Martin na F1, Gabriel Bortoleto, campeão da F3 e piloto da academia da McLaren, Rubens Barrichello, com mais de 300 GPs na F1 e bicampeão da Stock Car, Felipe Giaffone e Beto Monteiro, campeões da Truck, Leonardo e Rafael Reis, campeões da Nascar Brasil, Sergio Sette Camara e o português Antonio Felix da Costa, campeão da Formula E. Enfim, a lista é grande…

Por isso, a princípio, a ideia de dividir a pista com tantas estrelas pode ser uma honra, mas também uma enorme responsabilidade. Afinal, nas 12 horas, eu dividi o kart 1 da Americanet/Car Racing/Press com os pilotos Dudu Godinho, Gabriel Rosa e Rogerio Lalau. Ou seja, no mínimo 3 horas eu teria que estar na pista – e acabou sendo 4h30, depois explico.

Então, nestas três horas, já pensou se eu tiro o Felipe Drugovich da pista, por exemplo? Pior: além de passar o ano encontrando ele em autódromos do mundo inteiro passando esta vergonha, ele é meu companheiro de time e meus chefes de equipe Leandro Reis e Alberto Cattuci certamente iam pensar duas vezes em 2024 em colocar novamente um jornalista em um time tão estrelado.

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Brincadeiras à parte, o bacana das 500 Milhas é o clima de confraternização dos pilotos. É o último compromisso profissional da maioria deles e os times sempre são formados por conta da amizade entre eles. Inclusive FORBES apurou que por pouco Max Verstappen não participou da edição deste ano, pois ele estava em São Paulo para o casamento do cunhado, Nelsinho Piquet – e Pedro Piquet liderou uma equipe com dois karts e oito pilotos. Já pensou correr contra o campeão mundial de F1?

“Essa é uma brincadeira séria que nasceu ainda nos anos 1990, quando eu corria na Indy, o Rubens (Barrichello) na F1 e a fama foi espalhando e já são 25 anos. Todo ano a gente fala que é brincadeira, mas a prova é muito disputada, mais de 40 karts no mesmo segundo e todo mundo querendo sair do Kartódromo Granja Viana com o troféu. Eu agora tenho a alegria de formar um time com meus dois filhos, Tito e Nic”, diz Giaffone, campeão da Truck e organizador do evento.

Foto: Serjão Soares

Pódio das 500 Milhas de Kart

De fato, a prova chama atenção até de pilotos estrangeiros e tem transmissão ao vivo na TV. E este charme das 500 Milhas faz dela uma das corridas mais democráticas do mundo. Com o custo médio de R$ 8.000, um piloto “amador” pode participar de uma corrida com tantas estrelas. E o kart é o Pro-500 com motor Honda preparado, com cerca de 20 cavalos de potência. Ou seja, uma máquina bem mais “fácil” de domar do que um F1 com 900cv.

Como jornalista, preciso ser honesto com o leitor: eu mesmo já encarei este desafio antes e faço competições regulares no campeonato paulista, a Copa São Paulo de Kart, com este mesmo kart. Com isso, consigo em algumas voltas acompanhar o ritmo dos ponteiros. A minha melhor volta, por exemplo, foi 54s80, a menos de quatro décimos da pole position. Mas neste curto intervalo ficaram 20 equipes, e com isso larguei na 21ª colocação.

Largamos bem e fizemos uma corrida inteira com poucas intercorrências. Chegamos a andar entre os dez melhores dos 40 karts, mas a embreagem quebrou a 1h30 do fim. Na nossa categoria (Senior, para pilotos acima de 40 anos), a gente era o segundo, mas a parada não programada nos fez perder 30 voltas e caímos para oitavo.

Aí veio a lição de uma corrida de endurance (resistência, em francês): resolvemos consertar o kart mesmo assim e, como aconteceu com a gente, poderia acontecer com os concorrentes. Dito e feito: ultrapassamos três rivais e outros dois quebraram, e terminamos no pódio em terceiro. Incrível a sensação de subir no pódio e beber champagne comemorando um resultado que parecia distante depois de tantos problemas e 12 horas de prova.

Foto: Serjão Soares

A equipe campeã contou com estrelas como Drugovich, Bortoleto, Sette Câmara etc

Fui pé quente na equipe também. A Americanet/Car Racing/Techspeed venceu a 26ª edição das 500 Milhas de Kart, com time formado por Gabriel Bortoleto, Enzo Bortoleto, Felipe Drugovich, Caio Collet, Clement Novalak e Sérgio Sette Câmara. Após 12 horas, o duelo foi decidido em segundo contra o kart 73 da equipe Barrichello Mahrte 3, que contou com Rubens Barrichello, Fefo Barrichello, Dudu Barrichello, António Félix da Costa, Pipe Bartz, Matheus Morgatto, Gabriel Gomez, Enzo Prando e Beto Cavaleiro.

E eu também posso dizer que fui campeão com a equipe, afinal, nosso kart era do mesmo time do vencedor, o 85. Em 2024, quando for entrevistar Drugovich, Bortoletto, Collet ou Sette Câmara, já posso chamá-los de “companheiros de equipe”. Afinal, para um jornalista de automobilismo, não basta reportar, tem que acelerar.

 

*Rodrigo França é repórter especializado em esporte a motor desde 1997. Em 25 temporadas, cobriu mais de 1.000 corridas de F1, Indy, Le Mans, Formula E, Nascar, Stock Car e Truck, acompanhando GPs em mais de 20 países diferentes. Também é autor do livro “Ayrton Senna e a Mídia Esportiva”, apresentador do programa “Momento Velocidade” na TV Gazeta e do canal Senna TV. Em 2023, cobriu 8 GPs da F1 por Forbes Motors.

 

 

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