Os vinhos da África do Sul

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Colheita de uvas Cabernet Sauvignon na região de Western Cape, na África do Sul

Porque escrevo sobre a África do Sul agora? Porque voos foram cancelados, famílias ficarão separadas, vinícolas não serão visitadas e o enoturismo, uma das áreas mais afetadas na pandemia de 2020, que estava vendo a luz no fim do túnel, agora se apaga. É a nova variante do Covid-19, a Ômicron, que tem 30 diferentes características da original. A Delta tem 9.

Com essa coluna podemos dar suporte a este destino tão lindo e com uma história tão forte. Mesmo que não compremos o vinho, o que seria o ideal, podemos ter empatia em pensamento.

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Os vinhos na África do Sul têm sido feitos desde o século 17, mais tempo que na Califórnia ou na Austrália. Eles tiveram seu momento de flash no mundo com o fim do Apartheid, graças ao potente Nelson Mandela. Os produtores de vinhos, a partir de 1993, foram beneficiados com a abertura de mercado exportador e gozaram de um período de prosperidade e transformação.

Graças ao seu vinho branco seco, bem feito e de bom valor de mercado, as exportações tiveram alavancagem significativa em países com a Inglaterra. E uma das regiões mais lindas para serem visitadas, ajuda muito no enoturismo.

A varietal que representa a África do Sul é a Chenin Blanc (chamada de cultivar no idioma) que produz grandes volumes de um vinho limpo, refrescante, seco e médio corpo. Das vinhas mais antigas, produz um Chenin Blanc mais sofisticado e mais concentrado, mas estes vinhos são mais difíceis de serem exportados. Outras variantes importantes são a Colombar, Cape Riesling, Semillon, Riesling, Gewürzrraminer, Muscat e, claro, Chardonnay e Sauvignon Blanc que são a quarta e terceira mais plantadas, respectivamente.

As vinhas tintas representam 40% do plantio com a Cabernet Sauvignon sendo a mais plantada, seguida pela Shiraz, Pinotage e Merlot. A Pinotage, um cruzamento de Pinot Noir e Cinsaut, é a queridinha nacional, estilo parecido com Beaujolais da região francesa. É como a Zinfandel na Califórnia e a Shiraz na Austrália. Para o espumante, eles têm a própria nomenclatura: Méthode Cap Classic.

Sub-regiões:

Robertson
Região de brancos. De Wetshof planta Chardonnay, Graham Beck produz vários estilos, mas é especializado em espumante enquanto o produtor Springfield tem uma forte reputação para Sauvignon Blanc.

Worcester
Quente, seca e fértil essa região precisa de intensa irrigação e produz uma vasta quantidade de uvas para vinhos bem acessíveis financeiramente.

Constantia
A região mais ao sul de Cape Town é a mais antiga e uma das mais frias. Seu vinho doce foi, uma vez, famoso pela Europa como o Húngaro Tokay. A vinícola Klein Constantia resgatou esta fama com o Vin de Constance, citado pelos escritores Jane Austen e Charles Baudelaire. Vinho preferido, ao fim da vida de Napoleão Bonaparte na prisão na Ilha de Elba. Seu único desejo, o Vin de Constance! Porque afinal, o que há de melhor que a doçura na amargura?Alguns produtores: Buitenverwatching, Constantia Glen, Constantia Uitsig, Groot Constantia, Klein Constantia, Steemberg.

Paarl
Vinhos fortificados. O produtor Nederburg foi pioneiro botritizando Chenin Blanc. Apesar de terem sido os fortificados o forte, hoje em dia são os vinhos tintos de mesa que predominam. Alguns produtores: Fairview, Glen Carlou, Rupert&Rothschild, Plaisir de Merle, Villiera.

Swartland
Foi associada por anos com tintos pesados, mas se tornou uma região com vinhedos não irrigados, primeiramente promovido por Charles Back e pela nova geração como Eben Sadie. Vinhas velhas de Shiraz e Chenin produzem positivos resultados.

Klein Karoo
Região bem quente que produz vinhos de mesa.

Olifants River
Mais ao norte, com influência do Atlântico, produz brancos crocantes de produtores como Gôiya, Namaqua e Rain Dance

Stellenbosh
Considerada a cidade espiritual da África do Sul e sede das vinícolas mais importantes. Microclimas fazem desta região a mais propícia para vinhos de terroir com a presença mais forte da Cabernet Sauvignon, Merlot e Shiraz. Alguns produtores preferidos de Jancis Robinson: Delheim, De Trafford, Jordan, Kanonkop, Flagstone, The Foundry, Forrester/Meinert, Meerlust, Morgenster, Mulderbosh, Neethlingshof, Overgaauw, Quoin Rock, Rutenberg, Rust en Vrede, Thelema, Tokara, Vergelegen, Warwick, Waterford.

A África é um lugar maravilhoso, na verdade todos os lugares do planeta são maravilhosos, cada um com seu charme, na minha opinião. Mas a África possui uma energia muito forte, uma energia de terra, de chão, de base. Que esta energia e força de jogadores de rúgbi possa influenciar a curiosidade de experimentar o líquido sagrado, o vinho.

Tchim-tchim.

Carolina Schoof Centola é empreendedora do mundo do vinho plus sommelière, especializada na região de Champagne. Em Milão, foi a primeira mulher a participar do primeiro grupo de PRs do Armani Privé.

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