A Nespresso deverá investir mais no Brasil em 2022, potencialmente ampliando a oferta de produtos, com impacto positivo na cadeia produtiva do país, vista pela empresa da Nestlé como referência para o mundo em termos de qualidade e sustentabilidade.
No próximo ano, a companhia líder em cafés no segmento de cápsulas tem o compromisso de zerar globalmente as emissões de carbono na atividade produtiva, com plantio de árvores e compra de créditos. E avalia que o Brasil, onde adquire a maior parte do café, tem papel importante no processo.
Os desafios serão enormes, considerando que as lavouras no maior produtor e exportador global foram duramente afetadas por seca nos últimos anos, além de geadas no inverno de 2021.
Mas a empresa vê os produtores com os quais trabalha, que recebem prêmios por qualidade e sustentabilidade, mais resilientes para atingir as principais metas.
“O Brasil vai ganhar muito espaço no próximo ano, acredito que isso se deve à liderança em sustentabilidade, à liderança brasileira em projetos, avançamos muito a nossa agenda de projetos e nos tornamos um benchmark”, disse Guilherme Amado, líder do Programa Nespresso AAA de Qualidade Sustentável no Brasil e no Havaí.
“Temos casos de sucesso replicados em outros países, é um Brasil de café que dá gosto, e devido a isso a Nespresso decidiu investir mais em novos produtos, 2022 vai ser o ano do Brasil”, destacou.
Em entrevista, ele afirmou que as novidades para 2022 envolverão produtos, mas também projetos para fazendas e as pessoas envolvidas nos processos. No entanto, disse que não poderia adiantar detalhes.
O executivo contou também que a Nespresso, que completa 15 anos de atividade no Brasil em 2021, pretende ampliar em 2022 o pagamento de prêmios aos produtores que somaram 10 milhões de dólares neste ano.
“Nos últimos três anos, temos mantido o mesmo patamar de prêmios, e tem os dois anos de pandemia, que foram atípicos. Mas imaginamos que no próximo ano vai ser maior. Por quê? Porque vem coisa nova do Brasil…”
O prêmio é fixado em dólares por valor de saca preparada, e muitas vezes acaba sendo revertido para atividades ambientalmente sustentáveis.
“Temos dois prêmios, pagamos para quem está dentro do programa AAA (de qualidade sustentável) e para fazendas que avançaram em agenda de sustentabilidade, que conseguem obter um certificado externo da Rainforest Alliance”, contou o executivo.
Todas as 1.200 fazendas brasileiras que fornecem café para a empresa e fazem parte do Programa Nespresso AAA de Qualidade Sustentável estão contempladas pela iniciativa.
Segundo ele, se for um cafeicultor AAA, recebe um prêmio por saca que varia de 13 a 21 dólares. E se o produtor ainda é certificado Rainforest Alliance, recebe um prêmio adicional 6,6 dólares por saca, revelou o líder do programa no Brasil e no Havaí.
Os valores dos prêmios não consideram os investimentos que a companhia faz em sua equipe de assistência técnica, fundamental para que os cafeicultores atinjam seus objetivos. Nesse segmento, os investimentos somam 700 mil dólares. Há ainda uma terceira linha de aportes, que são os projetos.
DE NORTE A SUL
Com experiência de 15 anos no mundo do café, Amado destacou que o Brasil tem cafés de qualidade com uma variedade de características e aromas que se encaixam nos planos da empresa, que hoje atua em Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo.
“Temos uma diversidade de cafés incomparável. Do Paraná ao Ceará, do Espírito Santo a Rondônia, dentro desta área existem excelentes café…”, completou.
O Brasil, que está entre os dez maiores mercados de vendas da Nespresso, já é o maior fornecedor de café para a empresa da Nestlé, mas o setor no país não passará ileso às intempéries.
“Está sendo um ano difícil, nos meus 15 anos de café nunca vi situação que estamos passando, é um momento especial, onde tem desafio tem oportunidades”, comentou ele, em referência aos impactos da seca e geadas, que em geral deverão reduzir o potencial produtivo em 2022.
Mas “nós temos modelo de negócio que nos traz segurança, os cafeicultores com os quais trabalhamos contam com mais ferramentas para conseguir manejar essa crise toda e sair com melhores resultados, mas é um momento de atenção e cautela para todos nós.”
A Nespresso e seus parceiros, disse o executivo, querem ampliar o foco na chamada agricultura regenerativa, na qual há ações como redução do uso de fertilizantes nitrogenados, o que colabora com a redução de emissões.
“O próximo horizonte a ser desvendado se chama solo, que tem aptidão natural de sequestro e armazenamento de carbono… uso de adubação orgânica ou fertilizantes sintéticos que tenham uma proteção contra volatização”, destacou ele, lembrando que o objetivo é realizar mais plantios de cobertura de solo, como braquiária, nas entrelinhas dos cafezal, o que melhora também a capacidade de armazenamento de água.
Além de incentivar manejos mais sustentáveis dentro da lavoura, a Nespresso trabalha com cafeicultores para reintroduzir árvores dentro das propriedades, com programas que registraram o plantio de milhares de espécies nativas.
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