FED “otimista” com juros faz bolsas subirem no Brasil e nos EUA

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Reuters

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve: comunicado mais flexível

Sem surpresas, o Federal Open Market Comittee (Fomc), o Comitê de Política Monetária americano, manteve os juros referenciais (FED Funds) inalterados na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano, que vem valendo desde julho. A decisão já estava amplamente precificada e em linha com as expectativas do mercado. Com relação a 2024, o Federal Reserve (FED), o banco central americano, preparou as expectativas para vários cortes em 2024 e além.

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A desaceleração da inflação e a estabilidade do crescimento econômico fizeram os membros do Fomc votaram por unanimidade para manter os juros estáveis. Eles previram pelo menos três cortes de 0,25 ponto percentual nas taxas em 2024. Essa projeção é inferior às quatro reduções previstas pelo mercado, mas superior às duas indicadas anteriormente pelos membros do Comitê.

A decisão desta quarta-feira praticamente encerrou um ciclo de 11 elevações consecutivas dos juros, que mandou a taxa dos FED Funds para seu nível mais elevado em 22 anos. Havia, no entanto, incerteza no mercado sobre o quão agressivo o FOMC poderia na flexibilização da política monetária.

Cortes em 2025 e em 2026

O “gráfico de pontos”, que traz as expectativas dos membros do Comitê, indica mais quatro cortes em 2025, ou um ponto percentual completo. Mais três reduções em 2026 reduziriam a taxa dos fundos federais para uma faixa entre 2% e 2,25% ao ano, próximo das perspectivas de longo prazo, embora tenha havido uma dispersão considerável nas estimativas para os dois últimos anos.

Num possível aceno de que os aumentos terminaram, o Comunicado da reunião informou que Fomc levaria vários fatores em consideração para “qualquer” novo aperto da política, uma palavra que não tinha aparecido anteriormente.

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No Comunicado, o Comitê acrescentou que a inflação “diminuiu ao longo do ano passado”, mantendo a sua descrição dos preços como “elevados”. As autoridades do Fed veem a inflação subjacente a cair para 3,2% em 2023 e para 2,4% em 2024, regressando finalmente à meta de 2% em 2026. O texto também observou que a economia “desacelerou”, depois de ter dito em Novembro que a atividade tinha “se expandido em um ritmo forte”.

Os membros do Comitê elevaram em meio ponto percentual a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, aumentando a estimativa para 2,6%. A projeção de 1,4% para o PIB em 2024 segue praticamente sem alteração ante a projeção anterior. As projeções para a taxa de desemprego permaneceram praticamente inalteradas, fixando-se em 3,8% em 2023 e aumentando para 4,1% nos anos seguintes.

Repercussão

Segundo Eduarda Schmidt, economista da Órama, o Fomc manteve um “discurso data dependente”. Ou seja, há necessidade de o FED monitorar as novas informações e suas implicações sobre a economia, o que deixa incerto quando os cortes de juros vão começar.

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Segundo Schmidt, o mercado precifica que o ciclo de afrouxamento comece em março. “Contudo, nosso cenário é que o Comitê mantenha os juros nesse patamar até, pelo menos, o fim do 2º trimestre, caso a trajetória econômica prevista se consolide”, escreveu ela. “Entendemos que a resiliência da economia, principalmente do mercado de trabalho, somada a uma inflação ainda persistente, não permite o corte no curto prazo.”

Marcelo Oliveira, sócio-fundador da casa de análises Quantzed, avalia que o comunicado foi um pouco mais flexível (“dovish”) do que o esperado. Segundo ele, a maioria dos membros do Comvê cortes de juros em 2024, com uma mediana em três cortes de 0,25 ponto percentual. “Isso foi bem-visto pelo mercado, os juros dos títulos do Tesouro estão recuando e a bolsa americana vem subindo”, diz ele. “Foi a primeira reunião em que o Comitê comentou mais especificamente sobre cortes de juros, o que confirmou o otimismo para o ano que vem, ainda que o FED tenha falado de menos cortes do que os quatro esperados pelo mercado.”

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