Na última sexta-feira (1), a Câmara dos Estados Unidos cassou o mandato de George Santos, deputado republicano filho de brasileiros, por acusações de corrupção e uso indevido do dinheiro de campanha. Ele, inclusive, admitiu ter mentido sobre grande parte de sua biografia profissional.
Diferentemente do que Santos dizia em sua campanha eleitoral, veículos de notícias descobriram que ele não havia se formado na Universidade de Nova York e, muito menos, trabalhado nos bancos Goldman Sachs e Citigroup. Ele ainda alegou falsamente ser descendente de judeus e ter avós que fugiram dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
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Entretanto, encontrar mentiras sobre trajetória profissional é mais comum do que se imagina. 7 em cada 10 dos trabalhadores disseram que mentiram nos seus currículos para uma pesquisa da consultoria norte-americana de recrutamento ResumeLab.
A quantidade de pessoas que mente no currículo
O estudo da ResumeLab entrevistou quase 2 mil profissionais e descobriu que os trabalhadores mentem muito durante todo o processo seletivo de emprego. A quantidade de mentiras proferidas aumenta nas cartas de apresentação e atinge o pico durante as entrevistas.
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As respostas de quando questionados “Você já mentiu em um currículo? foram:
70% dos trabalhadores confessam que mentiram nos seus currículos e 37% deles admitem que mentem com frequência. Outros 33% disseram que já mentiram uma ou duas vezes, 15% que não, mas já pensou em mentir e 5% que não e nunca pensou em mentir;
76% dos trabalhadores admitem ter mentido nas suas cartas de apresentação, com 50% deles admitindo mentir frequentemente;
80% dos trabalhadores afirmam ter mentido durante uma entrevista de emprego, com 44% daqueles que admitem mentir frequentemente.
Aqueles com mestrado ou doutorado relataram maior incidência de mentiras em seus currículos – 58% mentem com frequência e 27% mentiram uma ou duas vezes – em comparação com pessoas sem diploma universitário – 29% mentem com frequência e 42% mentiram uma ou duas vezes. Já aqueles com graduação completa foram os que menos disseram mentir: 30% mentem frequentemente e 33% mentiram uma ou duas vezes.
Sobre o que as pessoas mais mentem em um processo seletivo
As principais mentiras contadas nos currículos estavam relacionadas a tornar os cargos anteriores e as responsabilidades já assumidas me mais atrativas (52%), exagerar o número de pessoas que já liderou (45%) e aumentar o tempo de emprego em determinada organização (37%). Confira outras principais mentiras que os candidatos a emprego contam em seus currículos:
atribuir a si responsabilidades que não tiveram na realidade – 52%;
fazer o cargo anterior ficar mais atrativo do que realmente é – 52%;
inventar quantas pessoas eu realmente liderei – 45%;
aumentar o tempo que estive empregado em uma organização – 37%;
mentir o nome da empresa que me contratou – 31%;
inflar métricas ou resultados que alcançou – 17%;
mentir sobre minhas habilidades – 15%;
inventar prêmios ou elogios que recebeu – 13%;
fingir ter feito trabalho voluntário – 11%;
colocar lugares onde não realmente se formou academicamente – 11%;
inventar uma experiência para preencher uma lacuna de tempo desempregado – 9%;
inventar ter conhecimentos técnicos, como saber mexer em ferramentas como Trello, Adobe, pacote Office, etc. – 5%.
Mentir em seu currículo não é apenas antiético, mas pode fazer com que suas candidaturas sejam imediatamente rejeitadas, perdendo outras oportunidades de emprego e prejudicando sua reputação com os recrutadores, explica Agata Szczepanek, especialista em carreiras da ResumeLab. “Se você for pego, isso poderá resultar em ações legais, como multas pesadas”, ela diz.
“A honestidade é sempre a melhor prática em processos seletivos e entrevistas de emprego”, afirma Szczepanek. “Mesmo manipular ligeiramente a verdade pode resultar em consequências prejudiciais a você a curto ou longo prazo.”
Como conseguir o emprego dos sonhos (sem mentir)
A especialista em carreira do ResumeLab sugere oito passos para aumentar suas chances de conseguir o emprego que deseja:
Seja estratégico na elaboração do currículo e da carta de apresentação. Esses documentos são a sua chance de causar uma primeira impressão positiva em potenciais empregadores. Você pode usar ferramentas de design online, ler guias feitos por especialistas em carreira ou assistir a vídeos com dicas sobre como fazer isso. Escolha o que funciona melhor para você.
Certifique-se de que um recrutador consiga encontrar facilmente sua experiência profissional e formação no currículo. Otimize o documento para que seja lido superficial e rapidamente. Organize as coisas com clareza.
Não se esqueça da formatação do currículo. A fonte e o espaçamento podem acabar sendo seus melhores amigos na organização deste documento.
Adapte seu currículo de acordo com o emprego e a empresa para a qual você vai se candidatar. Concentre-se em sua formação, experiência profissional anterior e habilidades que podem ser úteis para a posição que você quer ocupar e valiosas para o potencial empregador.
Conheça a cultura e os valores da empresa para a qual você está se candidatando. Isso te ajudará a trazer exemplos da vida real que ilustram que você se adapta culturalmente à empresa e como seus valores se alinham com os deles.
Qualquer coisa que demonstre a sua ambição, vontade de crescer profissionalmente e capacidade de aprendizagem pode se mostrar essencial para o seu potencial empregador. Lembre-se de mencionar suas atividades ou aulas extracurriculares, congressos, voluntariado que você realizou.
Orgulhe-se de suas conquistas e não tenha medo de demonstrá-las. Destaque suas principais habilidades, traços de personalidade, hábitos de rotina no trabalho positivos e os resultados que você tirou deles.
Seja otimista e honesto. Apresente-se como um potencial funcionário eficiente, um colega dedicado e uma pessoa interessante. A autenticidade traz muito mais benefícios do que mentir no currículo.
* Bryan Robinson é colaborador da Forbes USA. Ele é escritor, pesquisador e professor emérito de North Carolina, Charlotte.
(Traduzido e adaptado por Gabriela Guido)
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