Um grupo de pequenas empresas brasileiras anunciou nesta quinta-feira (17) um esquema para certificar que o gado da Amazônia usado na produção de carne e couro tenha sido criado sem causar desmatamento.
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O grupo ainda não inclui os maiores frigoríficos brasileiros e, até o momento, a iniciativa abrange uma pequena fração do rebanho de 234 milhões de cabeças de gado do país. Mas o esforço poderia ser um passo para permitir que os consumidores façam escolhas com informação ao comprar produtos.
A Coti (Iniciativa de Implementação de Rastreabilidade de Origem Certificada) pretende colocar dispositivos de rastreamento em cada animal. Desde o início do projeto piloto no segundo semestre do ano, já estão sendo monitorados mais de 113 mil animais, informaram as empresas em um comunicado.
Como funciona o rastreamento do gado
Através da implantação de brincos ou outros equipamentos de rastreamento individual, mais de 200 mil animais poderiam ser monitorados até meados de janeiro do ano que vem, elas disseram.
Uma das cinco empresas envolvidas na iniciativa, a fabricante de couro Durlicouros, disse que já pode rastrear toda a sua cadeia de suprimentos.
“Em um futuro próximo, nossos clientes da Europa vão poder digitar um código na plataforma e ter acesso a todas informações do animal que gerou esse produto”, disse Ivens Domingos, diretor de sustentabilidade da Durlicouros.
Os governos europeus têm procurado assumir a liderança em relação às mudanças climáticas e, embora considerações econômicas e políticas tenham retardado o progresso, a pressão por meios de produção mais sustentáveis é grande após um ano de temperaturas recordes, secas, incêndios florestais e inundações.
Na Amazônia, 9.001 quilômetros quadrados foram desmatados nos 12 meses até julho.
Citando dados do IBGE, os promotores da iniciativa disseram que cerca de 40% da produção brasileira de gado é originária da chamada Amazônia Legal, composta por 9 estados.
A pastagem de gado é uma atividade comum em áreas recentemente desmatadas na Amazônia e no Cerrado, uma prática que enfrenta limites legais rigorosos, mas continua ilegalmente.
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A situação põe em risco os compromissos climáticos do Brasil de acabar com o desmatamento até 2030 e ameaça as exportações de commodities, como carne bovina e couro, para importadores cada vez mais preocupados com o meio ambiente.
O Pará, Estado com os maiores níveis de desmatamento, foi onde a iniciativa de rastreamento começou. Ela pode ser replicada em outros lugares, de acordo com Roberto Paulinelli, diretor do Frigorífico Rio Maria, que também faz parte do grupo promovendo a iniciativa.
O projeto também inclui as empresas Niceplanet Assessoria, SBCert e Green Level Environment Strategy.
O post Empresas brasileiras rastreiam gado da Amazônia para erradicar desmatamento apareceu primeiro em Forbes Brasil.