O Federal Reserve (Fed), o banco central americano, confirmou as expectativas de 99% do mercado e manteve as taxas de juro americanas inalteradas na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano na reunião encerrada nesta quarta-feira (1). Ao mesmo tempo, o Fed manteve em aberto a possibilidade de novas altas de juros no curto prazo. Os analistas consideram que o banco central americano assumiu uma atitude cautelosa em um momento no qual a inflação americana está desacelerando, mas segue acima das metas.
Os Fed Funds, equivalente à taxa referencial Selic, seguem inalterados desde julho. No entanto, nos 14 meses a partir de março de 2022, a autoridade monetária dos Estados Unidos realizou o maior aperto nos juros desde os anos 1980, elevando os Fed Funds de zero para o patamar atual, numa tentativa de conter a inflação ao consumidor, que chegou a 9,9% em 12 meses em junho de 2022.
Siga o canal da Forbes e da Forbes Money no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
No comunicado divulgado após a reunião, os membros do Federal Open Market Committee (Fomc), equivalente ao Copom americano, avaliam que os juros e a alta da remuneração dos títulos públicos de longo prazo são suficientemente elevados para desacelerar o crescimento econômico – desde que permaneçam no nível atual por tempo suficiente.
Segundo o texto, “ao determinar o quanto a política monetária [ainda] tem de ser endurecida, o Comitê vai considerar o efeito cumulativo do aperto monetário, a defasagem temporal entre esse aperto e a desaceleração da atividade econômica e da inflação, e o comportamento futuro dos indicadores econômicos financeiros.”
Leia mais:
Fed deixa taxa de juros inalterada, mas reconhece que economia dos EUA está “forte”
Análise: por que a economia dos EUA cresce sem parar e como isso afeta você
O desafio do Fed é conseguir desacelerar a economia a ponto de fazer a inflação convergir para a meta de 2% ao ano sem provocar uma crise econômica, o chamado “pouso suave”, ou “soft landing”. Na reunião anterior, em setembro, o Fomc afirmou que provavelmente seria “apropriado” mais um aumento de 0,25 ponto percentual nos juros antes do fim de 2023.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
No entanto, as condições mudaram desde setembro devido à alta nos juros de longo prazo, indicados nos títulos públicos americanos. A remuneração dos títulos de dez anos do Tesouro vem subindo e chegou a atingir o “nível psicológico” de 5% ao ano nos últimos dias. Isso tornou tudo mais caro, desde hipotecas a empréstimos para empresas, o que poderá ajudar a arrefecer a economia.
Avaliação dos economistas
Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da plataforma de distribuição de produtos financeiro Órama, avalia que a decisão “já estava amplamente precificada pelo mercado.” Segundo o economista, “o Comitê continuou a reforçar que o sistema bancário está sólido e resiliente, porém as condições de crédito permanecem apertadas para as famílias e para o comércio, com consequências ainda incertas”. Para a Órama, o Fomc deverá manter os juros no patamar atual até o 2º trimestre de 2024 caso a trajetória econômica prevista se consolide.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, avaliou que o Comunicado não trouxe alterações relevantes em relação às reuniões anteriores. “O Fed manteve a mensagem prospectiva, considerando que a autoridade permanecerá preparada para ajustes na política monetária caso seja necessário”, diz ele. No entanto, na avaliação de Sanchez, “o mercado pode reagir à reafirmação dura da autoridade de que será rígida no combate à inflação, o que reduz a probabilidade de cortes precoces dos juros”.
Já Marcelo Oliveira, sócio fundador da casa de análise Quantzed, avalia que “a reação dos investidores foi ligeiramente positiva, com o mercado de juros americano já precificando que não haverá novas altas de juros em 2023, e que talvez um ciclo de baixa se inicie a partir de junho de 2024, o que é muito positivo.”
O post Fed: com tempo suficiente, juro no nível atual pode baixar inflação nos EUA apareceu primeiro em Forbes Brasil.