O bitcoin e o ethereum, as duas criptomoedas mais negociadas no mundo, valorizaram aproximadamente 100% e 500% desde o início do ano. As perspectivas de ganhos elevados vêm atraindo diversos investidores ao mundo dos ativos digitais, incluindo grandes nomes como Tim Cook, CEO da Apple, que recentemente confirmou possuir criptos em seu portfólio pessoal. Porém, profissionais ouvidos pela Forbes alertam para os cuidados necessários na hora de começar a investir nesses ativos de alto risco.
O primeiro passo para entrar no mundo das criptomoedas é escolher um método de investimento. Existem cinco maneiras mais conhecidas: através de exchanges convencionais, ETFs (fundos de índice), fundos de investimento, exchanges descentralizadas e peer-to-peer. Embora todas apresentem vantagens e desvantagens, as exchanges convencionais e os ETFs são as mais utilizadas.
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Nas exchanges, o investidor tem acesso a um portfólio amplo de ativos e autonomia para escolher o tamanho do aporte e em quais deles investir. As exchanges Binance, Mercado Bitcoin, NovaDAX e Foxbit são algumas das que oferecem negociação em reais. Os investimentos mínimos geralmente partem de R$ 50.
Já os ETFs replicam um índice de referência, que oferece exposição a diversas criptomoedas, e a valorização do fundo acompanha a valorização do índice. O principal ETF de criptomoedas no Brasil é o Hashdex Nasdaq Crypto Index Fundo de Índice, conhecido pelo código HASH11, que reflete o Nasdaq Crypto Index e é negociado na Bolsa de Valores. Sua composição abrange oito criptomoedas e é revista trimestralmente.
O investidor também deve avaliar o seu perfil antes de decidir quanto de sua carteira de investimentos irá dedicar às criptomoedas. “Algumas pessoas vão alocar 3%, 5%, e já será uma superexposição. Outros vão alocar 50% e estarão tranquilos com isso. Mas, no começo, é importante se expor de uma forma modesta, com 2%, 3%, para começar a conhecer um pouco”, diz Paulo Aragão, cofundador da CriptoFácil.
Guilherme Baumworcel, professor de Gestão Financeira do Ibmec-RJ, argumenta que o investidor deve alocar uma quantidade de dinheiro que esteja disposto a perder. Ele lembra que as altcoins, como são chamadas as criptomoedas alternativas ao bitcoin, podem sair “dos centavos aos milhares de dólares, e retornar aos centavos de novo”, e são investimentos de grau avançado.
Um dos exemplos mais recentes é a Squid, criptomoeda inspirada na série Round 6, da Netflix, que desabou de US$ 2,8 mil a zero em poucos minutos. O episódio ocorreu após os seus fundadores fugirem com o dinheiro dos investidores, uma quantia de aproximadamente R$ 13 milhões.
Por causa dos riscos, ambos os profissionais aconselham começar por bitcoin e ethereum, por serem as moedas mais consolidadas no mercado, apesar de também apresentarem grande volatilidade em comparação com os ativos tradicionais. Para adentrar o mundo das altcoins, Aragão recomenda estudar os projetos de cada moeda, tendo em vista que eles podem estar atrelados a finalidades diferentes, como o metaverso e De-Fi. Entre as principais altcoins, ele cita Solana (SOL), Polkadot (DOT), The Sandbox (SAND) e Decentraland (MANA).
Garantindo segurança
O estudo, inclusive, é uma das principais recomendações dos especialistas: “Antes de qualquer coisa, para quem está começando a investir em criptomoedas, a minha recomendação é estudar, fazer cursos, etc. É um mercado muito jovem ainda”, diz Baumworcel. “Depois, sim, se cadastrar em uma das exchanges e pesquisar no site da CVM [Comissão de Valores Mobiliários] se existe alguma restrição quanto àquela exchange ou não.”
Segundo o professor Baumworcel, diversas corretoras desse tipo já foram proibidas de operar, mas continuam a existir e a receber investidores. Ele alerta, ainda, que muitos golpes financeiros no país envolvem os termos “criptoativos” e “criptomoedas”. Por isso, é importante pesquisar o nome da exchange nos sites da CVM, do Banco Central, e até em plataformas de avaliação dos consumidores, como o Reclame Aqui, para garantir a legitimidade do negócio.
Ainda assim, a segurança não é garantida. As criptomoedas fazem parte de um setor descentralizado, sem qualquer tipo de autoridade monetária responsável por fiscalizá-lo. Portanto, se um investidor optar por alocar o seu dinheiro em uma exchange e ela perder os ativos sob sua custódia, não há como recuperá-los.
“Algo muito forte na comunidade hoje é o conceito de ‘not your keys, not your coins’ [as chaves não são suas, as moedas não são suas’]. Ou seja, quando você mantém as suas criptos em custódia em uma corretora, a posse das criptos está com a corretora”, diz Aragão. “Você tem a promessa de saque. Mas e se a corretora for hackeada, ou você sofrer um ataque de phishing e perder a sua senha? Acaba tudo.”
Para diminuir o risco de perda, o analista recomenda adquirir uma carteira física, como as famosas hardwallets, que são utilizadas para guardar a chave privada que dá acesso às criptomoedas de um investidor. A grande vantagem desse meio é que ele não está conectado à internet, e, por isso, não pode ser hackeado. Assim, em vez de manter os ativos em posse da exchange, o investidor os mantém consigo, e utiliza a exchange apenas para negociação.
Como saber quando investir?
Ambos especialistas dizem que não existe um “bom momento” para começar a investir em criptomoedas, embora os períodos de baixa geralmente sejam recomendados para compras. Em outubro, foi lançado o primeiro ETF de futuros de bitcoin nos Estados Unidos, o ProShares Bitcoin Strategy, o que forneceu um impulso adicional à moeda e a levou para máximas históricas.
“Esses ativos estão sempre crescendo”, diz Aragão. “Inclusive, essa é uma das maiores vantagens das criptomoedas. Pode haver muita oscilação a curto e médio prazo, mas se olharmos um recorte maior, de três anos para cá, a tendência é sempre de valorização.”
Ganhos passados não garantem ganhos futuros, mas o crescimento constante também é o que motiva Baumworcel a dizer que “o momento certo é quando você tem disponibilidade para investir e estudar”, apesar de lembrar, mais uma vez, que o investidor deve estar preparado para perdas.
Por fim, os especialistas lembram que investimentos em criptomoedas são tributados pela Receita Federal. Em 2021, o órgão adotou pela primeira vez códigos específicos para que esses ativos sejam incluídos na declaração do imposto de renda: 81 para bitcoins, 82 para altcoins e 89 para outros tokens. Eles devem ser listados dentro da ficha “bens e direitos”.
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