Há algumas semanas, a Agência Internacional de Investigação sobre o Câncer (IARC), entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), celebrou o “Dia Mundial da Investigação sobre o Câncer”.
Neste ano, em 24 de setembro, a entidade promoveu o tema “integrar a diversidade, fazer avançar a investigação e alcançar a equidade”, numa tentativa de garantir que diferentes populações sejam representadas e incluídas nas pesquisas clínicas focadas em Oncologia.
Uma das principais metas da IARC é incentivar a colaboração internacional e a realização de estudos em países de baixa renda. A agência reforça que a pesquisa clínica é “essencial para retardar a progressão da doença e melhorar ainda mais as taxas de sobrevivência e a qualidade de vida das pessoas afetadas (pelo câncer)”.
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Este chamado liderado por uma entidade ligada à OMS faz todo sentido, para que sejam desenvolvidas estratégias globais e locais para o enfrentamento da epidemia de câncer. São iniciativas que pretendem melhorar as ações para detecção precoce e a expansão do acesso ao tratamento.
Um dos exemplos discutidos foi a investigação de potenciais causas das variações entre países na incidência do câncer da mama, o tumor mais incidente em todo o mundo, com mais de dois milhões de novos casos diagnosticados anualmente.
Aqui no Brasil, infelizmente, a pesquisa clínica em Oncologia também mereceria mais atenção. Apesar das dimensões de nosso país e de nossa imensa população, ocupamos apenas o 20º lugar em desenvolvimento de estudos clínicos.
Temos inúmeras questões que precisam ser equacionadas, como financiamento, legislação e regulação. Porém, este é um desafio que precisamos enfrentar. A pesquisa clínica promove inovação, capacitação e acesso a tratamentos diferenciados, com grandes benefícios aos pacientes.
Como já destaquei algumas vezes neste espaço, o projeto Amor à Pesquisa Contra o Câncer no Brasil, desenvolvido pelo Instituto Vencer o Câncer, foi idealizado para impulsionar a instalação de centros de pesquisa em locais com carência de acesso a estes equipamentos, como as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país.
Estamos completando dois anos de atividades em instituições públicas e filantrópicas do Amazonas, Pará, Maranhão, Paraíba, Bahia e Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande, vamos iniciar o primeiro estudo intervencionista, com pacientes de câncer de mama em estágio inicial pré-menopausa.
Já estamos nos preparando para a próxima fase do programa, com a expansão dos centros para outras regiões, com o objetivo de incentivar a produção científica em nosso país. Esta é uma das formas de ampliar o acesso da população a tratamentos inovadores, que promovem melhor qualidade de vida aos pacientes.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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