Que o Rio de Janeiro é o purgatório da beleza e do caos todo mundo já sabe. O que muita gente ainda precisa conhecer é a aptidão inovadora da cidade maravilhosa. E uma das formas de demonstrar essa capacidade aconteceu no início deste mês de outubro, no Rio Innovation Week. Evento que tenho a honra de ser embaixadora e sócia. Mais de 155 mil pessoas passaram pelo Píer Mauá durante os quatro dias da maior conferência global de inovação e tecnologia, que terminou com potencial de geração de R$2,3 bilhões em novos negócios. Até eu fiz negócios por lá — e nem era o objetivo, mas como investidora estou sempre atenta às boas oportunidades, considerando os riscos e desafios.
Assim como eu, quem passou por lá não participou de forma passiva. Os participantes viveram experiências de interação e compartilhamento de conhecimento — inicialmente pautado pelos palestrantes e mediadores, e que somaram-se aos insights do público. Uma energia surreal, guiada pelo propósito comum de buscar soluções para as dores da sociedade.
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Temas atuais foram trazidos à luz, sob uma perspectiva realista e humana, como a ética no uso da inteligência artificial e medidas de preservação do meio ambiente. Os vieses são problemas identificados na IA, que poderiam ser reduzidos com mais inclusão de minorias sociais nas empresas, por exemplo. E a própria tecnologia já se apresentou como grande aliada da agenda ESG — com soluções e dados que permitam preservar a natureza, reduzir uso de recursos naturais, praticar inclusão e transparência.
Outro assunto amplamente debatido no Rio Innovation Week foi a liderança feminina, que também é um tema muito importante para mim, já que está diretamente ligado à minha trajetória como empreendedora e investidora e às minhas aspirações atuais de incentivar mulheres nesta jornada, através da comunidade “Ela Vence”. E o que mais me marcou, diante de tantas novidades de última geração e disrupção, ainda foram as histórias de gente que faz questão de ser protagonista. Talentos femininos que, mesmo diante de todos os “nãos” que a vida oferece, de questões históricas e culturais, encaram os desafios com força e coragem, porque avaliam que desistir não é uma opção.
No evento, recebi Anitta e Maju Coutinho, duas mulheres inspiradoras, cada uma empreendedora da sua carreira e dos seus sonhos. Flávia Alessandra e Carol Sampaio estiveram no Farani Stage e contaram como se tornaram potências nos negócios. Monique Evelle, que hoje vive a adrenalina de sentar na cadeira do Shark Tank pela sua competência como empresária e investidora, mostrou como o pensamento empreendedor é também impulso para criadores de conteúdo. Em comum, todas apontaram para empatia, inteligência emocional e autoconhecimento como formas de lidar com os desafios que só nós, mulheres, vivemos. E, sim, esse é um dos caminhos para a inovação.
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Quando falamos de negócios inovadores estamos falando de um mercado imenso, guiado por ideias que vêm de muitas cabeças. A tecnologia, com base na responsabilidade, no estudo e na ética, é – e será ainda mais – uma espécie de mola propulsora para a carreira de todas essas mulheres a partir do momento que elas identificarem o potencial que carregam. Este mundo, onde já não dissociamos o digital do físico, este mundo “figital” é para todos que estão dispostos a unir talentos e esforços.
Lembra que eu disse que fiz um negócio? Não foi nada mais que uma investidora que percebeu o valor de um projeto criado por um empreendedor que entende e conhece sobre turismo e sobre Amazônia. Ali, no palco, apertamos as mãos e fechamos negócio. Claro que ainda vamos passar pelo processo de análise do negócio, o Due Dilligence – quando os investidores analisam as possibilidades e viabilidades financeiras, jurídicas, contábeis e estratégicas. E isso inclui o acerto de porcentagem minoritário para os investidores iniciais. Mas, acima de tudo, foi um encontro de perfis complementares que, a partir de agora, vão se somar.
Essa soma foi o que guiou o Rio Innovation Week ao patamar global em que o evento chegou. E ano que vem tem mais! Nos vemos em agosto de 2024.
Camila Farani é Top Voice no LinkedIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.
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