Problemas de saúde mental lideram lista de acidentes de trabalho

  • Autor do post:
  • Tempo de leitura:8 minutos de leitura
Getty Images

No Dia Mundial da Saúde Mental, veja como o ambiente profissional contribui para o problema e também sai perdendo

Problemas de saúde mental, como estresse e ansiedade, são agora os mais comuns no local de trabalho, representando 52% de todos os casos de lesões ou doenças no ambiente profissional. É o que mostra um novo estudo da Atticus, empresa americana de advocacia que apoia pessoas a buscar ajuda do governo e de seguros.

Os dados são de entrevistas com 1.000 pessoas nos EUA, além de números recentes da agência de Administração de Segurança e Saúde Ocupacional, da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas do país e do Google Trends, mas os problemas de saúde mental afetam profissionais de todo o mundo. 

Leia também:

Pesquisas mostram onde estão as empresas relação à saúde mental
Como identificar problemas de saúde mental na sua equipe
Trabalho híbrido melhora a produtividade e a saúde mental

Estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido a problemas de saúde mental, que custam à economia global cerca de US$ 1 trilhão, segundo a Organização Internacional do Trabalho

No Brasil, transtornos mentais relacionados ao trabalho são a terceira maior causa de afastamento, segundo Tânia Maria de Araújo, pesquisadora da UEFS. A preocupação dos brasileiros com o bem-estar mental quase triplicou em quatro anos, segundo pesquisa da Ipsos. Divulgado em outubro de 2022, o levantamento mostra que 49% das pessoas apresentam sintomas de ansiedade e depressão. E o trabalho pode ser um dos gatilhos para isso.

A situação é ainda mais crítica para mulheres, e especialmente mães. Os âmbitos financeiro e profissional são algumas das áreas de maior incômodo para as mulheres brasileiras, seja por dívidas, remuneração baixa ou sobrecarga de trabalho. Hoje, 60% querem mudar sua situação financeira e 30% gostariam de mudanças no trabalho, segundo levantamento da Think Olga, ONG voltada a questões de gênero que realizou um panorama da saúde mental feminina com as perspectivas de 1078 brasileiras com mais de 18 anos. O que explica por que 45% das mulheres receberam um diagnóstico de ansiedade, depressão ou algum tipo de transtorno mental.

Ansiedade e problemas mentais no trabalho

No ano passado, o Cirurgião Geral dos Estados Unidos, o principal porta-voz para questões de saúde pública no país, anunciou que locais de trabalho tóxicos estavam entre os cinco principais problemas de saúde. Além disso, 87% dos profissionais diziam que estavam sufocados em culturas de trabalho tóxicas e 79% relataram doenças mentais trazidas pelo trabalho. Uma pesquisa da Showpad, uma plataforma de capacitação de vendas, mostra que 40% dos trabalhadores sofrem de ansiedade e 65% dizem que ela foi desencadeada ao ir ao escritório ou ao participar de conversas de trabalho.

As pesquisas no Google por “burnout” dispararam 63% em setembro. E os sintomas não afetam apenas os níveis mais baixos das organizações. 43% dos gestores de nível intermediário também relataram esgotamento – mais do que qualquer outro grupo, segundo a pesquisa da Atticus. 

Aqui estão algumas das principais descobertas do estudo:

Um em cada 10 profissionais enfrenta problemas de saúde mental devido ao seu trabalho.
As maiores lesões no local de trabalho (52%) estão relacionadas ao estresse e à ansiedade.
Os problemas de saúde mental são 10 vezes mais comuns em relação ao trabalho do que à exposição a produtos químicos, e 8,6 vezes mais comuns que lesões na cabeça.
Para efeito de comparação, 19% dos profissionais sofreram lesões físicas no trabalho e, como resultado, 26% deles apresentaram indenização trabalhista.
4 em cada 10 empregadores não oferecem seguro de invalidez.

Saúde mental na tecnologia

À medida que a indústria de tecnologia enfrenta layoffs e os funcionários têm cada vez mais trabalho acumulado, o papel do RH é vital no apoio aos funcionários. Mas como o RH lida com ambientes de trabalho tóxicos e demissões? A equipe do B2B Reviews – empresa que simplifica a tomada de decisões business to business – entrevistou mais de 1.000 funcionários da indústria de tecnologia para descobrir. Aqui estão as principais descobertas:

Aproximadamente 1 em cada 10 profissionais de tecnologia descrevem a cultura da sua empresa como tóxica.
Apenas 1 em cada 10 fizeram uma reclamação ao RH nos últimos seis meses, sendo o esgotamento por aumento da carga de trabalho (31%) a queixa mais comum.
Mais de dois em cada cinco funcionários de tecnologia relataram demissões em sua empresa nos últimos seis meses.
Mais de 1 em cada 10 funcionários de RH em empresas de tecnologia usaram o ChatGPT para elaborar rescisões.
Mais da metade dos funcionários de RH que trabalham em tecnologia usaram o ChatGPT, economizando em média 70 minutos por semana.

Perfeccionismo e burnout

Mas o esgotamento profissional não é apenas uma consequência das condições do trabalho por si só. Há algo que muitos funcionários trazem para o trabalho e que contribui para o estresse e a ansiedade. O “burnout do perfeccionista” resulta de exigências que os trabalhadores impõem a si mesmos ao longo do dia ou da semana. 

De acordo com uma pesquisa da Gallup de 2022, 76% dos trabalhadores americanos relatam sentir fadiga e frustração extremas, que são sintomas do burnout. E os perfeccionistas, mais do que o profissional médio, correm maior risco de esgotamento, que aumentou desde a década de 1980 até agora – devido ao crescimento da pressão, do estresse e da ansiedade.

Um plano de autocuidado pode te ajudar a conhecer seus limites, definir expectativas realistas, evitar o esgotamento e comunicar sentimentos de sobrecarga ou fadiga a chefes e colegas de trabalho. Isso pode significar recusar um novo projeto ou abrir mão de algumas responsabilidades. Cada um precisa fazer a sua parte para proteger a saúde mental. Tire um tempo para você (meditação, exercícios, micropausas, hobbies e hábitos alimentares) regularmente e jogue fora o que agrada às pessoas, mas entra em conflito com a sua saúde mental.

5 dicas para sobreviver a um ambiente de trabalho tóxico





 

*Bryan Robinson é colaborador da Forbes. Ele é autor de 40 livros de não-ficção traduzidos para 15 idiomas. Também é professor emérito da Universidade da Carolina do Norte, onde conduziu os primeiros estudos sobre filhos de workaholics e os efeitos do trabalho no casamento. 

(Traduzido e adaptado por Fernanda de Almeida)

O post Problemas de saúde mental lideram lista de acidentes de trabalho apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Deixe um comentário