Conheça os riscos e implicações econômicas da possível paralisação dos EUA

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Javier Ghersi/Getty Images

Os efeitos da paralisação dos EUA no Brasil e no mundo serão sentidos dependendo do tempo que ela permanecer

A possibilidade de paralisação (shutdown) da maior economia do mundo gera temor ao redor do globo. Na prática, o governo dos Estados Unidos está muito próximo de atingir o limite de endividamento público. Assim, o Congresso norte-americano precisa aprovar um aumento desse limite, caso contrário o governo terá que fazer shutdown dos seus serviços, ficando proibido de gastar. A data limite é 1º de outubro, mais precisamente este próximo domingo, às 12h.

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Além do pouco tempo para aprovação de um novo projeto de lei, o Congresso enfrenta um impasse entre seus representantes. Os políticos não têm chegado a um consenso, preocupados com as contas do governo. A dívida nacional dos EUA ultrapassou em setembro US$ 33 trilhões (cerca de R$ 160 trilhões) pela primeira vez na história, segundo dados divulgados pelo Departamento do Tesouro.

De acordo com especialistas, não se trata de uma divisão entre democratas e republicanos, mas sim de uma divisão interna entre os republicanos moderados e os mais radicais, que pedem cortes nos gastos do governo para aprovar o financiamento.

Desde 1976, quando os EUA mudaram o início do ano fiscal para 1º de outubro, o governo já passou pela paralisação 21 vezes. Dentre essas, as mais relevantes foram em 1995 (21 dias), 2013 (16 dias) e 2018 (34 dias).

Há quatro anos, a economia norte-americana testemunhou a maior paralisação até agora. Segundo relatório da Bloomberg Economics, na época, o shutdown gerou um gasto de US$ 2 bilhões. A paralisação reduziu o Produto Interno Bruto (PIB) em US$ 11 bilhões nos dois trimestres seguintes. O documento ainda aponta que, se de fato ocorrer o shutdown, cada semana de paralisação do governo reduziria o crescimento trimestral anualizado do PIB em 0,2 ponto percentual.

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Além dos impactos econômicos, cerca de 4 milhões de norte-americanos ficarão sem receber salários. Isso porque, se o governo parar, apenas serviços essenciais funcionarão. E nos EUA não há nada equivalente às leis trabalhistas brasileiras. Além disso, no que diz respeito ao turismo, pode haver uma interrupção de viagens aéreas, já que existem diversos controladores de tráfego aéreo que dependem desses salários.

“Na parte de departamento trabalhista, podem atrasar a divulgação de indicadores econômicos, como inflação e taxa de desemprego. Essas falhas nos dados governamentais tornam-se críticas para os investidores interpretarem como está a situação dos Estados Unidos”, diz Diogo Catão, CEO da Dome Venture.

Quais são as consequências no Brasil e no mundo?

Os efeitos da paralisação no Brasil e no mundo serão sentidos dependendo do tempo que ela permanecer. De acordo com Rodolfo Olivo, professor da Fia Business School, um shutdown mais longo pode aumentar o risco sistêmico em nível global, elevando as taxas de juros e inibindo investimentos.

Catão acrescenta ainda que os brasileiros que desejam imigrar ou tirar o visto podem ter seus processos pausados. Além disso, as relações bilaterais econômicas podem ter que esperar também para continuar as negociações.

O Senado dos EUA tentará aprovar um projeto de lei bipartidário de curto prazo neste fim de semana para manter o financiamento do governo até 17 de novembro. O presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, espera aprovar um projeto de lei de autoria republicana para manter o financiamento do governo até o final de outubro. Mas não está claro se ele tem votos para fazê-lo.

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