Santander dispensa EY como consultora de fraudes após encontrar falhas

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Matthew Horwood/Colaborador/Getty Images

O valor reembolsado ao Santander é equivalente ao salário anual de cerca de 19 dos sócios da EY no Reino Unido

A divisão do Santander no Reino Unido decidiu quebrar o contrato com a consultoria EY, que prestava serviços de combate a fraudes financeiras para o banco. De acordo com reportagem publicada na terça-feira (26) pelo “Financial Times”, o Santander afirma que a EY cometeu falhas e não cumpriu o seu trabalho.

Segundo o FT, a qualidade do trabalho realizado pela EY foi tão ruim que a empresa foi forçada a fazer um reembolso de cerca de £ 15 milhões (R$ 91,9 milhões) pelo fracasso do projeto – o banco afirmou que o negócio prejudicou os seus resultados.

O valor reembolsado ao Santander é equivalente ao salário anual de cerca de 19 dos sócios da EY no Reino Unido, que receberam em média £ 803 mil nos últimos 12 meses até junho de 2022. Dessa forma, o fracasso do projeto traz uma nova perspectiva de cortes na equipe da consultoria.

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A maneira como essa relação terminou pode surpreender, mas não a insatisfação em si. As grandes companhias de consultoria, apelidadas de “big four”, grupo que inclui Deloitte, PwC, EY e KPMG, têm recebido acusações de que seus funcionários trabalham 16 horas por dia na Espanha. Além disso, no Reino Unido, as demissões em massa viraram corriqueiras após o boom de contratações durante a pandemia da Covid-19.

Além do caso Santander, dezenas dos 150 membros da divisão da EY de Londres estão prestes a ser demitidos como parte de uma redução na força de trabalho, informou também o “Financial Times”.

Tempos difíceis para o Big Four

A crise vivida pela Americanas desde o início do ano, que resultou em um processo de recuperação judicial motivado por uma dívida de aproximadamente R$ 50,1 bilhões, também passou pelas mãos de uma das quatro grandes consultorias e auditorias do mundo.

Responsável por checar e aprovar os balanços financeiros da gigante do varejo, a PwC deixou passar as “inconsistências contábeis” encontradas nos livros financeiros da empresa em 2021, sem ao menos fazer ressalvas.

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“Em nossa opinião, as demonstrações contábeis apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Americanas S.A. e da Americanas S.A. e suas controladas em 31 de dezembro de 2021, o desempenho de suas operações e os seus respectivos fluxos de caixa consolidados”, afirmou a PwC no relatório enviado em 24 de fevereiro de 2022.

Além da Americanas, a empresa também aprovou os dados contábeis do IRB, pouco antes da companhia ser flagrada por fraude nos balanços. A PwC também foi responsável pela Petrobras, enquanto a petroleira vivia o escândalo da operação Lava-Jato.

Mercado internacional

A mesma PwC cuidava da contabilidade da gigante chinesa do setor imobiliários Evergrande, que passa por uma crise sem precedentes desde 2021.

Outrora a maior incorporadora da China, a Evergrande agora está no centro da crise imobiliária do país. Sua dívida offshore de US$ 22,7 bilhões, incluindo empréstimos e títulos privados, é considerada inadimplente depois de a empresa deixar de pagar no fim do ano passado. Em sua carta, a PwC observou que não havia recebido informações sobre certos assuntos relevantes ligados às demonstrações financeiras consolidadas do grupo para 2021.

As dívidas da companhia deveriam ser pagas até 2023, mas existe um forte receio de que a Evergrande dê um novo calote.

Nos Estados Unidos, três dos grandes bancos que quebraram no início deste ano, o Silicon Valley Bank (SVB), o Signature Bank e o First Republic Bank, tiveram suas finanças auditadas pela KPMG, que atestava a saúde das instituições. A responsabilidade da auditoria está sendo avaliada.

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