Um estudo publicado neste mês no periódico The Lancet Global Health chamou a atenção da imprensa ao mostrar que a prevalência do papilomavírus humano (HPV) “é alta em homens com mais de 15 anos e sustenta que os homens sexualmente ativos, independentemente da idade, são um importante reservatório da infecção genital pelo HPV”.
Geralmente ligado ao câncer de colo de útero, a infecção por este vírus pode também causar outros tipos de neoplasias, como tumores do canal anal, de vulva, de vagina, de pênis e de orofaringe.
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Segundo dados da análise que compilou quase 5,7 mil textos científicos publicados entre 1995 e 2022, “um em cada três homens em todo o mundo está infectado com pelo menos um tipo genital de HPV e cerca de um em cada cinco está infectado com um ou mais tipos de HPV de alto risco ou com potencial de causar câncer”.
A prevalência da presença viral foi especialmente elevada em adultos jovens, atingindo um máximo entre as idades de 25 e 29 anos.
A importância da vacinação contra o HPV
Os pesquisadores reforçaram que os dados “enfatizam a importância de incorporar os homens em estratégias abrangentes de prevenção do HPV para reduzir a morbilidade e mortalidade relacionadas com o vírus nos homens e, em última análise, alcançar a eliminação do câncer do colo do útero e de outras doenças” desenvolvidas a partir da infecção viral.
Por isso, o esquema de vacinação contra o HPV no Sistema Único de Saúde (SUS) inclui os meninos, que devem receber as duas doses do imunizante, preferencialmente entre 9 e 14 anos. As informações apresentadas na pesquisa citada acima comprovam a importância de a vacina ser dada para esta faixa etária, quando a criança e o adolescente ainda não tiveram contato com o vírus.
No primeiro semestre do ano, um estudo divulgado pela Fundação do Câncer mostrou que a vacinação contra o HPV no Brasil está abaixo da meta estabelecida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Com dados até 2021, o levantamento revela que a cobertura vacinal das meninas entre 9 e 14 anos chega a 76% para a primeira dose e 57% para a segunda. Já adesão entre meninos é de 52% na primeira dose e 36% na segunda.
Mais uma vez, destaco a importância da imunização contra o HPV para evitar alguns tipos de câncer. E, como a vacina deve ser tomada entre a infância e adolescência, peço aos pais e mães que levem seus filhos e filhas ao posto de saúde para tomarem o esquema completo, com as duas doses.
Desta forma, estaremos protegendo nossos meninos e meninas e impedindo que dezenas de milhares de casos de tumores graves sejam registrados no futuro. A vacinação é um ato de cuidado!
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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