A gente cresce acreditando que amor é aquilo que acontece como mágica enquanto a gente está ocupado vivendo. Que o destino se encarrega de nos enviar uma pessoa especial. Todas as histórias que ouvimos na infância nos fazem acreditar que o príncipe encantado pode demorar, mas que inevitavelmente chegará. E provavelmente será a solução de todos os nossos problemas, inclusive dos que não conseguimos resolver em uma vida inteira.

Eu sinto te dizer: isso é um convite à frustração. Vejam bem: não estou dizendo aqui que não acredito em sorte ou destino, estou dizendo apenas que se você não fizer a sua parte, nada disso será suficiente. Uma relação saudável só é construída com esforço dos envolvidos e amor é fundamental, mas sem bases sólidas, não há relacionamento que dure.

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Nos contos de fadas, o amor acontece por acaso. Na vida real, o amor é uma decisão. Ele entra na nossa vida quando a gente permite que entre. Quando entendemos que somos completos, mas escolhemos estar com alguém porque aquela pessoa torna a vida mais feliz e prazerosa. E arrisco dizer que não existe liberdade maior do que a de viver uma parceria saudável entre duas pessoas completas. Um relacionamento que não te aprisiona, pelo contrário, liberta.

É passar o dia fora e contar o tempo pra chegar em casa e dividir as novidades, compartilhar angústias e comemorar as alegrias. É estar longe e sorrir com carinho ao lembrar do outro ao passar por aquele restaurante que adoram ir juntos. É acordar todos os dias de manhã e escolher aquela pessoa, com toda a sua bagagem. É saber que você é livre para ir onde quiser, mas escolhe ficar. É se apaixonar pela paz que o outro te traz.

Então, em vez de acreditar que foi sorte ou destino, saiba que aquele casal que você admira provavelmente percorreu muitos caminhos diferentes para chegar até ali. E que quando chegaram, sabiam o que buscavam. Que por trás de todo casal feliz, existe uma vida real, com esforço, paciência, compromisso de não jogar a toalha nos momentos difíceis. Que muitas vezes parecem não falar a mesma língua, mas se esforçam para se entenderem. Que relacionamento não é “batalha ganha”, é construção diária. É saber que o cansaço e o ego nunca podem vencer o afeto. Exige escuta, gentileza, exige olhar por outros pontos de vista que não sejam apenas o seu. É ter cuidado, dedicação, respeito e carinho em doses constantes. Exige admiração, e sem ela não existe nada.

É fazer tudo que destino ou sorte nenhuma poderiam fazer por você.

Paula Drumond Setubal é advogada, mãe de gêmeos e produtora de conteúdo.

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