Muito pouco se fala sobre isso, mas os CEOs vivem uma solidão impressionante. É provável que você, caro leitor, pense que eu estou brincando. Afinal de contas, eles têm enorme poder, prestígio, pacotes de benefícios e bônus que impressionam; porém, são demandados o tempo todo pelos conselhos consultivos das organizações para as quais trabalham, têm metas a cumprir e resultados para entregar que, por vezes, são dificílimos de alcançar e exigem foco total e muito equilíbrio emocional. Não por acaso, esses profissionais tendem a se isolar.
Eu me deparo com isso toda semana em minha clínica. CEOs adoecidos, com saúde mental debilitada – muitos exagerando no consumo de álcool ou remédios para dormir, com excesso de peso -, queixando-se de não terem ninguém com quem discutir, conversar.
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Alguns anos atrás, a Harvard Business Review, revista que é referência na área de gestão e administração, constatou isso. Uma pesquisa revelou que mais da metade dos altos executivos, especialmente aqueles que recém tinham assumido o cargo, se sentiam solitários em suas funções, e que 61% deles admitiram que a solidão atrapalhava o seu desempenho profissional.
Solidão pode nos adoecer de diversas formas: pode levar a níveis altos de estresse, ansiedade e angústia, atrapalhar o sono, com todas as suas consequências, reduzir a imunidade, entre outros. E, se o “maestro” desafina, a orquestra inteira desafina.
Enfrentar o isolamento implica cuidar de si. Eis duas maneiras de fazer isso:
Atividade física: é um dos pontos a que sempre chamo a atenção e recomendo aos executivos que me procuram. Além da prática regular melhorar o humor e ajudar a aliviar o estresse, estimula a concentração. Além disso, grupos de corrida ou de bike são excelentes locais para fazer novas conexões;
Tudo bem sentir-se vulnerável: CEOs lideram (ou, pelo menos, deveriam) pelo exemplo. Admitir a seus times que você enfrenta um momento de vulnerabilidade é, na realidade, um grande exemplo de força e de inspiração aos demais. Mostrar-se fragilizado não faz de você um mau líder. Ao contrário. Apresentar-se como alguém que também tem os seus pontos fracos cultiva respeito e confiança e, inclusive, pode aproximá-lo de outros colegas.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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