Veja quais empresas vão fazer parte do teste da semana de 4 dias no Brasil

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A semana de 4 dias de trabalho sem redução do salário também é uma maneira de fortalecer a marca empregadora e atrair e reter talentos

A semana de quatro dias de trabalho já é realidade em empresas do Reino Unido, Estados Unidos e Portugal e, ainda este ano, começará a ser testada também no Brasil. Conduzido pela organização 4 Day Week Global, que lidera os projetos ao redor do mundo, o piloto de seis meses será conduzido em parceria com a consultoria Reconnect Happiness at Work e a FGV (Fundação Getúlio Vargas), que vai fazer pesquisas com os funcionários. “O Brasil está preparado? Pode ser que não, mas o Reino Unido e os Estados Unidos também não estavam”, diz Renata Rivetti, CEO da Reconnect Happiness at Work.

Já são 20 companhias, que reúnem 400 funcionários, confirmadas para participar do projeto-piloto (algumas pediram anonimato) até agora, mas as inscrições estão abertas até amanhã. As empresas vêm de setores diversos e estão sediadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campinas e Porto Alegre. Elas poderão escolher quais funcionários vão participar e como será, na prática, a semana de trabalho: sem a segunda-feira, sem a sexta ou sem metade desses dias, por exemplo. “Se os líderes não participarem, podem causar uma incoerência. A gerência também precisa descansar”, diz Gabriela Brasil, head de comunidade da 4 Day Week Global.

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Menos horas de trabalho, mais produtividade

Os resultados da redução da jornada de trabalho semanal para quatro dias – ou 32 horas por semana –, refletem aumento na produtividade, no bem-estar e até mesmo nos lucros das companhias participantes. “Estudos também mostram que a experiência da semana de 4 dias reduz emissões de carbono e contribui para a equidade de gênero”, diz Rivetti.

Resultados da semana de 4 dias, segundo estudo da 4 Day Week Global

redução no esgotamento (68%)
atração de talentos (63%) 
aumento na capacidade para o trabalho (54%)
diminuição nas demissões de funcionários (42%)
aumento da receita em relação ao ano anterior (36%)

A Vockan, empresa brasileira de sistemas de gestão empresarial, adotou a semana de 4 dias de trabalho em novembro de 2022 e entrou para o projeto-piloto. O CEO, Fabricio Oliveira, implantou a medida depois de acompanhar a tendência fora do Brasil e percebeu um impacto na produtividade e também na atratividade da sua marca empregadora. Hoje, segundo ele, o turnover voluntário, a taxa de rotatividade de funcionários, é zero. 

Empresas em setores de hospitalidade e saúde, por exemplo, vão precisar contratar mais pessoas para fazer uma escala de profissionais se quiserem adotar a semana de trabalho mais curta. “A redução do absenteísmo, a atração de talentos e o aumento das vendas compensam isso”, diz Gabriela. 

As técnicas de aumento de produtividade das empresas participantes serão as mesmas usadas pelo projeto da 4 Day Week em outros países, mas de olho nas especificidades do Brasil. Como uma primeira etapa, reuniões serão redesenhadas para serem mais produtivas e reduzir o tempo de comunicação síncrona entre as equipes para, depois, a gestão de tempo ser repensada – em processos, por exemplo, de priorização de tarefas e automatização de processos. “O brasileiro trabalha muitas horas, mas produz pouco”, diz Gabriela Brasil, que é adepta da semana de quatro dias desde 2018. 

Em outubro, serão conduzidas pesquisas para mapear a situação das empresas e as perspectivas dos funcionários antes do projeto-piloto. Eles voltarão a ser consultados depois de três meses e também ao final do programa. 

Dificuldades de implementar a semana de 4 dias no Brasil

As empresas demonstram preocupação com as questões jurídicas envolvidas no processo – especialmente se, ao final, quiserem retomar a semana de 40 horas de trabalho. O escritório de advocacia Clementino e Teixeira, especializado em direito do trabalho, vai prestar assessoria jurídica para as empresas participantes e também participará do piloto. As advogadas Soraya Clementino e Raquel Teixeira orientam que as empresas deixem claro que se trata de um projeto-piloto com fins acadêmicos que pode ser revertido e façam acordos coletivos ou individuais, a depender do caso.  “Não há nada que garanta qual será a interpretação caso isso seja judicializado”, diz Soraya. 

Para Gabriela, da 4 Day Week, os principais desafios de trazer a experiência para o Brasil giram em torno da cultura. “O país tem uma cultura forte do presenteísmo e as pessoas têm dificuldade de entender o que vão fazer no tempo livre”, diz ela. Diferentemente de experiências na Europa e nos EUA, onde o dia de folga foi ocupado principalmente com compromissos pessoais e familiares, mas também projetos paralelos, há a preocupação de que os brasileiros usem esse momento para buscar uma renda extra.

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