Diversos estudos já mostraram que homens negros apresentam maior chance de diagnóstico de câncer de próstata. São pesquisas que demonstram, inclusive, que a doença nesta população tem uma evolução mais agressiva.
Um dos motivos seriam as diferenças moleculares presentes nas variadas etnias. Os negros apresentam mais polimorfismos, que conferem grau de agressividade potencialmente maior.
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Por conta destas características, algumas sociedades médicas internacionais já recomendam que o rastreamento para câncer de próstata comece a partir dos 45 anos de idade. Aqui no Brasil, os exames preventivos são indicados, normalmente, a partir dos 50 anos, especialmente quando não há casos próximos da doença na família.
Representatividade e acesso aos tratamentos
Sabemos que a população negra é sub-representada nos estudos oncológicos. Isso reflete em um menor acesso a drogas que podem mudar o prognóstico dos pacientes.
As pesquisas clínicas são uma oportunidade de oferecer medicamentos inovadores, muitas vezes melhores que as alternativas já disponíveis no mercado. Os negros, então, ficam com uma possibilidade menor de contar com essa oportunidade.
Precisamos modificar as estratégias, entender melhor a representatividade em nossa população. A questão da etnia passa a ser um tema que ganha maior atenção.
Tomo como exemplo um estudo publicado no jornal científico Jama Network, que comparou a eficácia do sistema de vigilância ativa (quando apenas se observa o paciente) em homens com câncer de próstata de baixo risco de diferentes etnias.
A pesquisa concluiu que, depois de sete anos, a progressão da doença foi 11% maior entre os afro-americanos, em comparação com homens brancos. A ideia central do trabalho era entender se essa seria uma alternativa segura e eficaz para afro-americanos. A possibilidade de o tumor ser mais agressivo na população negra levantou dúvidas sobre esta opção.
O câncer de próstata é o segundo tipo de tumor que mais mata os homens no Brasil (o primeiro é o câncer de pulmão). São cerca de 16 mil óbitos anuais, segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde.
Por isso, o entendimento dessas diferenças que a doença apresenta são fundamentais para prevenirmos e tratarmos melhor nossa população.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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