A vitória de Enzo Fittipaldi na Fórmula 2, na preliminar do GP da Bélgica da Fórmula 1, onde Forbes Motors esteve presente na etapa de 2023, colocou o brasileiro novamente nos holofotes de quem o considera o grande nome do País para o futuro no automobilismo mundial.
Credenciais para isso ele tem de sobra. Enzo foi campeão da Fórmula 4 Italiana, vice-campeão da Fórmula Regional Europeia e chamou atenção ao conquistar pódios com a pior equipe da F2, a Charouz.
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Isso garantiu ao neto de Emerson Fittipaldi um contrato para entrar na Academia de Pilotos da Red Bull em 2023. “Fiquei muito grato por essa oportunidade, é uma honra fazer parte da família Red Bull. É a equipe campeã do mundo e todo piloto sonha em estar em um time como este. Agora é trabalhar ainda mais para realizar o sonho de chegar na F1”, disse Enzo à Forbes Motors em Spa.
A Academia de Pilotos Red Bull é a que mais promoveu tantos jovens talentos para a elite de esporte mundial como a academia de pilotos da Red Bull. Afinal, a equipe inclusive tem um time subsidiário que tem por proposta justamente servir de porta de entrada para novatos, a AlphaTauri (ex Toro Rosso). Foi por ela inclusive que vieram os grandes campeões da Red Bull, como Sebastian Vettel e Max Verstappen.
Até mesmo pilotos que hoje estão em outras equipes foram promovidos desta academia, como Alex Albon, hoje na Williams, e Carlos Sainz, titular da Ferrari. Há quem diga que o time austríaco pressiona muito os jovens talentos, trocando-os rapidamente caso o piloto não atinja a performance esperada. De fato, esta é a dura realidade não só da Red Bull, mas da própria F1, mas ninguém pode negar o fato de que pelo menos a oportunidade de uma temporada de estreia acaba sendo entregue aos seus principais pilotos de destaque.
Além de ser o melhor programa de jovens talentos da F1, dando chance a novatos para estrear na F1 (afinal, o time possuiu 4 cockpits na categoria), a Academia da Red Bull também produziu dois dos maiores campeões mundiais dos últimos 15 anos da F1: Vettel e Verstappen.
E a grande vantagem é que o estilo de Enzo casa perfeitamente com o que a Red Bull procura. Afinal, o programa de jovens talentos não quer “um segundo piloto” para a equipe principal. Eles buscam justamente o grande novo astro da F1, pensando já quando sua estrela atual não estiver mais no esporte. Foi assim que Verstappen entrou na fila de sucessão de Vettel. Para isso, o holandês teve que vencer uma briga interna contra Sainz, Daniel Ricciardo, Dani Kvyat…
“Meu estilo sempre foi esse, vou em busca da ultrapassagem, de extrair o máximo do meu carro no qualy. Gosto muito de ver os vídeos do Ayrton Senna, é o meu grande ídolo na F1”, explica Enzo.
No caso do brasileiro, a briga hoje é para ser o próximo da Red Bull a estrear na F1. Pelos resultados e pelo histórico, Enzo estaria na terceira colocação, atrás do já piloto de testes Liam Lawson e do japonês Ayumu Iwasa – com quem corre na F2. Este último, no entanto, tende a perder força política a partir de 2025, já que a Honda não será mais a fornecedora de motores do time, e sim a Ford.
Por isso, os bons resultados de Enzo Fittipaldi na Bélgica, onde conquistou um primeiro e um terceiro lugar, fizeram o nome do brasileiro voltar a repercutir na imprensa internacional – ele é citado como um dos possíveis novatos a fazer um treino de F1 ainda em 2023, já que Red Bull e Alpha Tauri precisam cumprir uma cota de dois novatos cada por regulamento até o GP final do ano, em Abu Dhabi.
Também é sabido que Dr. Hemult Marko, que coordena o programa de pilotos da Academia Red Bull e consultor do time, é fã do estilo de Fittipaldi – que costuma não se dar por vencido em nenhum GP, gosta de ultrapassagens arriscadas e tem velocidade pura – conquistando voltas de tempo impressionantes.
Além disso, Enzo mostrou na Bélgica que também sabe dosar a força quando necessário, tendo poupado pneus no começo da corrida para fazer a ultrapassagem da vitória a poucas voltas do fim. “A F2 te prepara bem para F1 justamente por você ter que administrar os diferentes compostos de pneus, as estratégias de parada, como poupar o carro na hora certa”, explica.
Não à toa que seu apelido de “Tubarãozinho” pegou – ou “Little Shark” para os estrangeiros. O carisma do piloto que, junto com o irmão, Pietro Fittipaldi, faz dezenas de lives e bate-papo com fãs nas redes sociais e de streaming jogam a favor de Enzo.
A própria F1 já usou até a hashtag “Fittiforce” como mostra de força dos brasileiros nas redes, incluindo na época da pandemia, em que Enzo se tornou o primeiro campeão mundial de F1 Virtual, superando inclusive pilotos titulares, como Charles Leclerc, da Ferrari.
O carisma nas redes também já se traduz em patrocínios, algo fundamental para quem quer buscar um assento na F1. Antigamente, um piloto poderia até “comprar” uma vaga com um grande patrocínio. Hoje, as equipes estão fortalecidas e podem se dar ao luxo de escolher pilotos. O talento pesa, mas ter bons apoiadores também ajuda na hora da escolha de um piloto.
Enzo traz com ele na F2 marcas como Claro, Snapdragon, OakBerry, PneuStore, Baterias Moura, Stake e Eurofarma. “A Eurofarma é uma empresa com valores sólidos como agilidade, comprometimento, foco, ética, respeito e resultado. Certamente, o Enzo Fittipaldi é um profissional com essas qualidades. Além disso, temos um histórico longo e de muito sucesso apoiando o automobilismo brasileiro, investir em uma categoria internacional está muito alinhado com nossa ambição de ser cada dia mais global”, diz Marco Billi, VP Internacional da Eurofarma.
Além de estamparem suas marcas no carro, as patrocinadoras de Enzo utilizam a plataforma dos canais de Youtube, Kick e redes sociais “Fittipaldi Brothers” como forma de engajar o público jovem em suas transmissões online, streaming, jogos etc. Enzo também tem outro importante diferencial fora das pistas a partir de 2023: uma estrutura de investimento do empresário Pedro Boesel, sócio da XP Investimentos por mais de 17 anos e também piloto da Porsche Cup.
Estando com bons apoiadores, com patrocinadores brasileiros e globais fortes e em uma academia de pilotos com tradição de promover seus talentos para F1, Enzo Fittipaldi ainda tem outro bom momento jogando a seu favor: a fase vitoriosa da Red Bull.
Nas últimas duas décadas, o time teve dois momentos de grande domínio, começando com os quatro títulos de Sebastian Vettel de 2009 a 2013 e, agora, com Max Verstappen caminhando rumo ao tricampeonato, após os títulos de 2021 e 2022. Como o regulamento seguirá o mesmo por mais dois anos, dificilmente o time deixará de ocupar as primeiras colocações nos próximos anos.
Assim, Enzo Fittipaldi pode não apenas ter sua estreia na F1 assegurada em um prazo curto, como pode entrar já em um projeto vencedor num futuro breve. “Meu grande sonho é um dia ser campeão mundial de F1”, diz Enzo. Com este sonho, ele busca honrar uma tradição do Brasil iniciada com seu avô com o Mundial de 1972 e encerrar um jejum de títulos para o País desde 1991 – o ano do tricampeonato de seu ídolo, Ayrton Senna.
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