Os países europeus estão ganhando cada vez mais destaque quando o assunto é investir no Brasil. De acordo com o Banco Central (BC), foram aportados US$ 901,4 bilhões por aqui em 2021, dado mais recente disponível. Deste montante, 62,9% vieram da Europa e, nesse grupo, o principal representante é a Holanda, com 40,5% do total. Os Estados Unidos representam 22,2% do valor total investido no país, enquanto a China detém 5,5%.
Segundo Paulo Feldmann, professor da FIA Business School, a Holanda sempre foi uma potência na União Europeia. “Sua economia é uma das mais poderosas do mundo, a sexta maior da Europa, com um PIB de cerca de US$ 1 trilhão”, diz ele. “Apesar de ser geograficamente pequena, a Holanda tem empresas de grande porte, que precisam conquistar espaço em outros locais, como é o caso do Brasil.”
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A maior parte do investimento holandês é nas operações de grandes empresas como Heineken e Phillips. A montadora Stellantis, que controla a italiana Fiat e a americana Chrysler, entre outras, tem domicílio fiscal na Holanda, um dos países com legislação tributária mais amigável da Europa.
Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, cita ainda essa questão fiscal como um dos principais trunfos holandeses. “A enorme relevância da Holanda nos volumes de investimentos diretos no Brasil decorre do papel do país como hub financeiro internacional, particularmente pela baixa tributação e pouca burocracia para instalação de escritórios de empresas de outros países”, explica. “Adicionalmente, a partir do Brexit em 2016 a Holanda ampliou ainda mais sua relevância no cenário de investimentos internacionais.”
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Feldmann conta que esse interesse começou no século 17, ainda nos tempos da Colônia, na então capitania de Pernambuco. Apesar de a relação não ter sido muito amigável, a presença desde cedo mostra os atrativos brasileiros das empresas holandesas. E não só para elas. O Brasil é o sétimo destino mais procurado por quem quer investir em países emergentes, segundo o Índice de Confiança para Investimento Direto Estrangeiro, da consultoria internacional Kearney.
Além das gigantes, empresas menos conhecidas também buscam seu espaço. É o caso da marca de higiene bucal Bluem, fundada em 2010 e presente no Brasil desde 2015. Com faturamento médio de R$ 24 milhões por ano, a companhia decidiu abrir uma fábrica brasileira em 2020. “Todo investidor procura solo fértil e oportunidades. O Brasil oferece isso, é um mercado ainda pouco explorado e que merece um olhar minucioso”, afirma Eduardo Delage, sócio-fundador da Bluem. “Decidir trazer um negócio para cá foi apostar no desenvolvimento e no crescimento do país a curto, médio e longo prazo. Desde 2020 já foram mais de US$ 5 milhões investidos nacionalmente e nossa expectativa é dobrar o aporte nos próximos 5 anos.”
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