A Petrobras não repetirá erros do passado relacionados a preços de combustíveis e contratações de obras, afirmou nesta quarta-feira (16) o presidente da petroleira, Jean Paul Prates.
O executivo reiterou em audiência no Senado que não há interferência do governo na decisão de ajustes de preços de combustíveis e que a companhia decidiu elevar valores a partir desta quarta-feira (16) para não correr risco de ter prejuízo.
“Nós não vamos repetir erros do passado, nem em relação a contratação, nem em relação a obras, nem em relação a gestão dos preços dos combustíveis”, disse Prates, ao participar de audiência nas Comissões de Infraestrutura e Desenvolvimento do Senado.
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Em gestões passadas, a Petrobras amargou bilhões de dólares em prejuízos ao vender combustíveis no Brasil por preços abaixo dos praticados no mercado externo — em momentos de forte demanda por importação — a pedido do governo como forma de controlar a inflação.
Prates vem liderando uma nova estratégia comercial na qual a companhia não está mais obrigada a praticar Preços de Paridade de Importação (PPI), como estava em anos mais recentes, mas que também promete não causar prejuízos para a empresa como no passado.
“Essa política (de preços) não é igual a de governos anteriores, absolutamente, estamos na ponta dos dedos entre valor marginal e custo alternativo do cliente e fizemos o ajuste (anunciado na véspera) para justamente levar o preço que estava começando a tender a desgarrar do nosso túnel de volatilidade”, afirmou Prates.
“Nós correríamos o risco de começar a perder dinheiro e nós não aceitamos isso e não houve interferência absolutamente nenhuma do governo.”
A Petrobras vinha mantendo preços em suas refinarias abaixo do mercado internacional, segundo cálculos do mercado, e anunciou na véspera um aumento de 16,3%, ou R$ 0,41 por litro, nos preços médios da gasolina e de 25,8%, ou R$ 0,78 por litro, nos do diesel, a partir desta quarta-feira (16).
O executivo afirmou que se fosse seguir o PPI, o reajuste do diesel teria sido de R$ 1,10 o litro e o da gasolina R$ 0,56 o litro, considerando cálculos do indicador realizados pelo mercado.
Prates ponderou que, como estatal, tem o dever de conversar com o governo federal e aceitar orientações. “O que não quer dizer, por outro lado, que o Estado vá artificialmente nos obrigar a subsidiar combustíveis.”
Prates ponderou, inclusive, que em um cenário de alta mais aguda dos preços no exterior, a petroleira poderá não conseguir represar volatilidades externas.
Sobre os erros mencionados por Prates relacionados a obras no passado, o executivo reiterou que “houve um problema na Petrobras de cooptação de gestores por cartel de empresas” e que isso não irá se repetir.
Vento e petróleo
A Petrobras se prepara para publicar no fim deste ano o Plano Estratégico 2024-2028, no qual trará um olhar mais dedicado à transição energética, podendo incluir projetos de energias renováveis e redução de carbono.
O movimento mostra uma guinada ante a gestão anterior, que focava os investimentos na exploração e produção de petróleo em áreas de alta rentabilidade, essencialmente o pré-sal, enquanto tocava um bilionário plano de venda de ativos.
Durante a audiência no Senado nesta quarta-feira (16), entretanto, Prates ponderou que a transição energética não é uma ruptura e deve ser feita de maneira gradual.
O executivo tem defendido que o desenvolvimento de ativos de petróleo permanecerá um foco importante para a companhia estatal e para o Brasil.
Ele disse ainda que o Brasil deverá desenvolver o litoral do Amapá — onde a petroleira pleiteia junto ao Ibama uma licença para perfurar — “com vento e com petróleo”.
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