Número de analistas independentes cresce 253% em cinco anos

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Adam Smigielski/Getty Images

Oscilações de mercado: recomendações de investimento evitam conflitos de interesse

O número de analistas de mercado independentes e registrados vem crescendo. Nos últimos cinco anos, esse contingente aumentou 250%, chamando a atenção do mercado. O fenômeno, que já vinha em evolução, se expandiu de forma significativa pós-pandemia, segundo dados da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos de Mercado de Capitais do Brasil (Apimec).

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O movimento ganha destaque após um ciclo de crescimento e institucionalização das casas de análise independentes. Elas surgiram e prosperaram com o argumento da independência frente às instituições financeiras. Atualmente, porém, muitas delas foram compradas ou receberam investimentos justamente dos conglomerados que antes criticavam. A Empiricus, pioneira e líder do segmento, foi adquirida pelo BTG Pactual. E diversas outras, como Suno e Eleven, receberam investimentos da XP.

“As casas de análise cresceram com o discurso de que bancos e corretoras têm conflitos de interesse na hora de divulgar recomendações devido à forma como são remuneradas. Quando essas empresas se associam aos grupos que antes criticavam, como fica a independência?”, questiona Ricardo Schweitzer, ex-analista das casas Empiricus e Nord, e que atualmente trabalha sem vínculo. Para ele, a nova configuração, quem efetivamente buscava a independência perdeu guarida.

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Questões como a autonomia nas recomendações e críticas ao modelo de negócios, que se apoia em um marketing agressivo, contribuem para o crescimento dos independentes. As redes sociais ajudam, pois permitem o contato direto com os investidores. Isso aproximou profissionais e clientes, permitindo um relacionamento direto, sem a intermediação das casas de análise.

Qualidade de vida

É o caso do economista Vicente Guimarães, fundador da casa de análise VG Research. A empresa atualmente tem 30 colaboradores, incluindo oito analistas. Guimarães começou por acaso. Em 2016, ele começou publicar conteúdo nas redes sociais. Dois anos depois, criou um canal no YouTube. O formato era simples, mas seus primeiros dez vídeos resultaram em um curso gratuito sobre investimentos, o que lhe deu visibilidade. “Logo percebi que poderia ampliar minha renda fazendo mentoria. Eu pensei: ‘se até dezembro eu tiver 50 clientes que me paguem mil reais, vai dar para viver viajando’. Só que, no fim de 2018, eu não tinha 50 clientes, eu tinha 500”, diz. No ano seguinte, ele fundou a VG Research. Atualmente tem 226 mil seguidores no Instagram e 265 mil no YouTube.

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As mudanças no trabalho, com a busca de mais equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal e a popularização do home office, também favorecem o crescimento dos analistas independentes, que podem ficar longe da Faria Lima. É o caso de Schweitzer, que trabalha em casa e acompanha o crescimento do filho de perto. “Tive um colega que só conseguia encontrar a filha acordada nos fins de semana. Eu concilio meu trabalho com uma presença constante na vida do meu filho”, diz ele. “Acho estranho que os arautos da independência financeira se imponham uma realidade de trabalho que os priva de qualidade de vida. Eu prefiro viver meu próprio discurso.”

Educação financeira

Ex-sócio da XP Investimentos, o analista Alison Correia decidiu seguir carreira solo dedicada à educação financeira e fundou, em 2020, a Top Gain. A plataforma oferece aos usuários programas educacionais e de análises ao vivo, além de cursos, imersões e treinamentos. No dia 9 de agosto, a empresa vai lançar sua nova versão na B3, oferecendo uma abordagem multidisciplinar.

“Este será o ponto de partida para que a empresa se consolide no modelo digitalizado de educação voltada ao mercado financeiro, atuando como um marketplace de conteúdos temáticos e trilhas direcionadas aos segmentos B2C e B2B”, diz Correia. “Queremos ir além de instruir os novatos e facilitar a entrada deles no mercado financeiro, mas também oferecer o alcance a operações financeiras.”

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