Escrevo o artigo deste mês voltando de um tempo revigorante de férias. Férias para mim significam descobrimentos e passar tempo de qualidade com a minha família realizando uma das atividades que mais amamos: viajar.
A paixão por viajar sempre existiu. Lembro com muito carinho de uma vez que eu e minha esposa Cláudia (na época minha namorada) decidimos ir de São Paulo a Chapada Diamantina de carro passando por várias cidades como Vitória da Conquista, Itacaré e Itaúnas rodando mais de 4.000km. Foi um dos maiores prazeres das nossas vidas. Essa paixão foi se transformando em algo muito maior conforme minha carreira foi nos levando a várias mudanças de países. Meus filhos chegaram aos dezoito anos mudando para um novo país a cada três anos! Essa constância da mudança trouxe vários benefícios, mas o desafio de perder e reconstruir amizades era enorme para todos, e foi aí que criamos o desafio de conhecer 500 cidades. Desta forma, cada mudança de país trazia a oportunidade de avançarmos mais na nossa aventura familiar.
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Sou uma pessoa apaixonada pela vida e pelas possibilidades que ela me oferece, e essa paixão é quase como um exercício que eu preciso colocar em ação para equilibrar todos os Andrés que existem em mim, a fim de alcançar a máxima potência de todas as minhas versões: o profissional, o marido, o pai, o amigo, o filho e o geek.
E a viagem entra para mim em um desses lugares de equilíbrio. Sempre que me perguntam sobre como equilibro vida pessoal e profissional, como me mantenho desestressado, a resposta é sempre a mesma. Eu viajo todos os dias. Todos os dias! Eu mergulho na minha planilha de destinos e todo dia faço algo. Pode ser definindo a próxima viagem, escolhendo um hotel, pesquisando distâncias entre cidades, ou simplesmente descobrindo algo peculiar que quero conhecer. Essa rotina me ajuda a relaxar, a balancear a vida agitada e a encontrar um pouco de diversão diária.
Durante a pandemia, nos momentos em que a situação já estava mais controlada, mas ainda não era seguro viajar, precisei pivotar e reinventar meu jeito de viajar. Foi então que decidimos nunca repetir um restaurante. Cada refeição se tornou uma experiência única, desde saborear um acarajé na feira da Benedito Calixto até ter uma experiência com um chef premiado. O importante é manter uma lista de coisas que quero conhecer, sempre buscando novidades e vivendo o presente.
Um questionamento comum para entender nossa capacidade de sair da zona de conforto é: “Qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?”. Essa pergunta ressoa em mim profundamente. A resposta que gosto de dar é sempre “ontem” quando não é “hoje” mesmo. Essa abertura ao novo me torna mais resiliente e me permite lidar com as incertezas do mundo volátil em que vivemos, permite enfrentar crises com serenidade. Conforto com desconforto! Fazer algo novo é revigorante e me ajuda a lidar com o mundo VICA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo).
Há uma outra dimensão dessa fórmula que se relaciona com meu pai. Quando perdemos minha mãe, fiquei preocupado com o impacto que causaria em sua vida, e comecei a pensar em como mantê-lo sempre ativo. Não demorei muito a ter a idéia óbvia: viagens! Ele também já começava a viajar mesmo em casa, aprendendo um novo idioma, estudando sobre um novo país. Uma viagem muito especial que fizemos foi a celebração do que seriam as bodas de ouro com minha mãe. Viajamos ele, meus irmãos e eu revivendo a época em que éramos crianças morando com ele. Nessa viagem, ele reviveu a experiência de ser o pai novamente, e isso gerou memórias e transformações incríveis. Hoje, ele está sempre pensando em um projeto e um objetivo diferente a ser alcançado.
Toda essa maneira de explorar o desconhecido, tanto pessoalmente quanto com a minha família, tem sido uma força impulsionadora em minha vida. Não temos apenas uma lista de lugares que queremos visitar, mas uma mentalidade que transforma a rotina em uma aventura. Cada dia é uma oportunidade de crescer, de descobrir algo novo sobre mim mesmo e sobre o mundo que me cerca.
Portanto, convido vocês a se juntarem a mim nessa jornada, e descobrirem qual é a sua aventura. Seja através de pequenas experiências diárias ou grandes viagens de descoberta, vamos abraçar o poder da inovação e construir nosso próprio legado. Quando nos abrimos para o desconhecido, encontramos um mundo de possibilidades, de encontros inesperados e de momentos que nos transbordam. Como dizia Fernando Pessoa, “Navegar é preciso, viver não é preciso”.
*André Felicíssimo, presidente da P&G Brasil
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