Em maio deste ano, a poucos dias do lançamento da loja física em São Paulo da marca de produtos de beleza Belong Be, um cano estourou, alagando o espaço todo e fazendo água escorrer para a rua. Quem passava por ali na hora era a empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, que resolveu dar uma forcinha. “Ela entrou para nos acalmar e dizer que essas coisas acontecem. Até pegou um pano para nos ajudar a secar”, diz Cíntia Ferreira, sócia-fundadora da Belong Be e empreendedora em série, além de investidora em negócios femininos.
Ter outra mulher tão bem-sucedida naquele momento, ajudando a acalmar a equipe e a lidar com os perrengues, foi marcante para a empreendedora. “Estávamos desesperadas porque nada podia dar errado. Aí vem uma empresária desse porte e diz que isso faz parte da vida”, lembra.
De certa forma, esse é o tipo de apoio que Ferreira dá hoje a pequenas marcas independentes do mercado de beleza, desde que começou sua atuação como investidora e empreendedora, há quase dez anos.
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Seu primeiro investimento em novos negócios foi criado por duas cabeleireiras, que deixaram o salão que Ferreira frequentava e abriram o spa Deia & Renata. Depois, veio o investimento e a sociedade no marketplace de beleza Belong Be, que agora tem loja física. Como próximo passo, hoje ela prepara o lançamento de uma empresa de tokenização de ativos financeiros, a BlumaTech, que vai ter investimento inicial da ordem de R$ 12 milhões e pretende incentivar negócios fundados por mulheres. “Uma das verticais será para financiar projetos de empreendedoras de áreas diversas, seja varejo, beleza, moda”, afirma.
Quando chegou o convite para a sociedade na Belong Be, em 2020, a empreendedora já estava, portanto, de olho no crescimento do mercado de beleza e nas empresas tocadas por mulheres.
Não cabia na Sephora
O investimento na Belong Be, que nasceu em 2021 como um site que agrega marcas de maquiagem, a maioria fundadas por mulheres, veio a convite de Simone Sancho, amiga e ex-colega de Itaú, onde Ferreira fez carreira. Na época, Sancho liderava a operação digital da Sephora no Brasil e trouxe uma ideia durante um happy hour. “O objetivo era aproveitar marcas pequenas de cosméticos que não tinham espaço no varejo tradicional”, diz Ferreira.
A amiga tinha acesso a um grande número de pequenos fabricantes que não conseguiam espaço nas prateleiras da Sephora. “São marcas quase artesanais e com volume menor de produção”, diz Sancho, que chamou ainda como sócias a influencer Bruna Tavares, a expert em beleza negra Daniela Damata e a empreendedora Amanda Costa. Logo de início, a Belong Be recebeu um investimento inicial, com capital próprio, de R$ 3,5 milhões.
O primeiro passo foi preparar e fortalecer as tais marcas de beleza durante meses. “A gente ensinava as marcas a se prepararem para estar no mercado”, diz Sancho. O site mesmo só foi lançado depois de um ano que o projeto começou. Quando já estava no ar, o empresário Guilherme Weege, da malharia Malwee, que estava fazendo o mesmo movimento de agregar pequenas marcas, mas no mercado da moda, trouxe a Belong Be para dentro da holding BB&Co, que inclui as marcas de moda Basico e Basicamente.
A loja da Belong Be veio em junho deste ano, dois anos depois do surgimento do e-commerce: um espaço de 180 metros quadrados na rua Oscar Freire, no sofisticado bairro dos Jardins, em São Paulo, que reúne cerca de 50 marcas independentes de beleza, um café e o be.lab, uma espécie de laboratório em que clientes podem agendar um horário e criar seu próprio batom, escolhendo textura, cor e aroma. “Em menos de 30 minutos você sai com um batom personalizado”, diz Ferreira.
NFTs e incentivo a mulheres na Web3
Negócios femininos estão no radar de Cíntia Ferreira desde que resolveu se tornar investidora (e depois empreender). Ela é uma das criadoras da DAO (sigla em inglês para Organização Autônoma Descentralizada) Project EVE, um negócio de impacto social criado por um grupo de mulheres de áreas diversas, entre elas Nina Silva e sua sócia, Simone Sancho.
A ideia é democratizar o acesso à Web3 e ter serviços de educação financeira e tecnológica, de criptografia a leilões em benefício a artistas mulheres, com contrapartidas sociais. “Trabalhamos para aumentar a participação feminina em todas as pontas do mercado digital”, diz Ferreira.
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