A Copa do Mundo Feminina 2023 começou na última quinta-feira (20), na maior edição da sua história: são 32 seleções competindo pelo título, oito a mais em comparação aos 24 times dos dois últimos campeonatos. O campeonato se consolidou como o evento esportivo feminino com maior público da história do esporte, com mais de um milhão de ingressos já vendidos.
Apesar disso, quando se fala em remuneração, as jogadoras mais bem pagas desta Copa não chegam nem perto dos números impressionantes do futebol masculino. A lista da Forbes dos atletas mais bem pagos do mundo de 2023 tinha três jogadores de futebol no topo: Cristiano Ronaldo, Lionel Messi e Kylian Mbappé, cada um deles com pelo menos US$ 120 milhões recebidos nos últimos 12 meses (encerrados em maio). Juntas, as 15 mulheres da lista deste ano faturam menos de um terço do que qualquer um desses astros masculinos. “A Nike está pagando a essas atletas de elite o que paga aos seus estagiários”, disse um agente.
Diferente do cenário masculino, a seleção feminina dos EUA domina o futebol internacional, especialmente no quesito financeiro: 11 das 15 posições da lista das jogadoras mais bem pagas da Copa do Mundo de 2023 são delas, com veteranas como Alex Morgan e Megan Rapinoe. Já o Brasil, com ícones como Marta – a maior artilheira da história das Copas -, nem aparece no ranking, que considera os ganhos dentro e fora dos campos (como endossos, aparições, licenciamentos e outras atividades comerciais).
Veja as 15 jogadoras mais bem pagas da Copa do Mundo Feminina de 2023
Destaque dos EUA
As norte-americanas têm vantagens consideráveis sobre suas rivais internacionais após assinarem um acordo coletivo histórico com a U.S. Soccer em maio de 2022, que igualou a remuneração com a seleção masculina em termos de taxas de participação, bônus por desempenho e receitas comerciais. As duas seleções também dividem o prêmio em dinheiro da Copa do Mundo, o que é significativo, considerando que a equipe feminina receberá uma parcela de US$ 6,5 milhões de dólares dos prêmios conquistados pela equipe masculina ao atingir as oitavas de final no Catar em dezembro – ultrapassando os US$ 6 milhões que as mulheres receberam por suas vitórias nas Copas de 2015 e 2019 combinadas.
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Levando em conta também os salários de seus clubes, a maioria das jogadoras da equipe dos EUA ganha cerca de US$ 800 mil em campo, dependendo do número de convocações para a seleção nacional (excluindo qualquer bônus pelo desempenho na Copa deste ano). Em outros países, mesmo as maiores estrelas têm dificuldades em chegar à metade desse valor.
Em parte, graças ao enorme sucesso da equipe nos últimos 30 anos, as marcas também estão mais dispostas a apoiar o futebol feminino nos Estados Unidos do que em outros mercados, incluindo nações europeias, onde o esporte ainda é dominado pelo lado masculino. A Forbes estima que seis americanas na Copa do Mundo estão ganhando pelo menos US$ 1 milhão fora de campo. Em todas as outras seleções do torneio, há apenas uma jogadora nesse nível: Alexia Putellas, da Espanha, com US$ 3,2 milhões de ganhos fora de campo e US$ 4 milhões no total.
Embora o prêmio em dinheiro para a Copa do Mundo Feminina tenha aumentado para US$ 110 milhões – quase quatro vezes mais que os US$ 30 milhões de 2019, com pelo menos metade destinada às jogadoras em vez de suas federações -, ainda representa apenas um quarto do valor do prêmio masculino. O presidente da FIFA, Gianni Infantino, disse nesta semana que não pode garantir que todas as jogadoras recebam sua parcela.
No mês passado, a organização havia dito que todas as jogadoras do torneio irão receber pelo menos US$ 30.000, com as integrantes da equipe vencedora recebendo US$ 270.000. Jogadoras da Austrália, país-sede do torneio, denunciaram a disparidade neste mês; enquanto isso, as seleções do Canadá, Inglaterra, Jamaica, Nigéria e África do Sul têm lutado com suas respectivas federações nacionais por compensação adequada.
No entanto, o futebol feminino tem impulso. A FIFA espera, talvez com otimismo excessivo, eliminar a disparidade salarial entre os gêneros até a Copa do Mundo Feminina de 2027, e as vendas de ingressos e números de audiência estão em ascensão. Nesta semana, a patrocinadora da U.S. Soccer, a Visa, renovou seu compromisso de destinar 50% do investimento ao time feminino e a outras iniciativas de futebol feminino, e as jogadoras estão encontrando oportunidades de patrocínio com novas marcas e em novas categorias. A empresa de pesquisa SponsorUnited descobriu no ano passado que a liga feminina dos EUA teve um crescimento de mais de 150% no número de marcas que compraram patrocínios ou mídia desde 2019, mais de quatro vezes a taxa da liga masculina.
Com um momento marcante em uma corrida de campeonato, uma jogadora pode aumentar seus ganhos em marketing em centenas de milhares de dólares, e talvez até um milhão, segundo uma fonte do setor disse à Forbes.
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Apesar dos desequilíbrios entre os jogos masculinos e femininos, a remuneração dos jogadores evoluiu consideravelmente desde 1999, quando a seleção estadunidense conquistou a Copa do Mundo Feminina em um momento que cativou a nação, mas enfrentou uma grande queda de oportunidades. A primeira liga feminina de futebol totalmente profissional nos EUA só seria lançada quase dois anos depois – durou apenas três temporadas – e, com exceções ocasionais para superestrelas singulares como Mia Hamm, ofertas de patrocínio normalmente desaparecem quando não há uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada iminente.
“Obviamente, as coisas mudaram drasticamente em termos da plataforma que essa equipe atual tem, a liga em que elas jogam”, diz o agente Dan Levy, da Wasserman, que representou Hamm e agora trabalha com Morgan e Rapinoe. “Há muito mais oportunidades para as mulheres agora enquanto jogam o esporte que amam.”
Metodologia da lista
A Forbes gerou suas estimativas de ganhos por meio de conversas com mais de 20 especialistas do setor. Os valores de ganhos em campo incluem salários base, bônus e comissões coletadas nos últimos 12 meses pelos clubes e seleções nacionais das jogadoras, bem como valores reunidos pela U.S. Soccer, quando relevante. As estimativas de ganhos fora de campo refletem a renda anual de contratos de patrocínio, licenciamento, aparições e produtos de memorabilia, além de retornos financeiros de qualquer negócio em que a atleta tenha um interesse significativo. A lista da Forbes exclui jogadoras que não foram selecionadas para a lista da Copa do Mundo de seus países devido a lesões, mesmo quando seus ganhos são estimados em valores de milhões de dólares.
A Forbes não inclui renda de investimentos, como pagamentos de juros ou dividendos, mas considera os pagamentos de participações acionárias que os atletas tenham vendido. A lista também não deduz impostos ou taxas de agentes.
O post Jogadoras mais bem pagas da Copa não ganham nem 40% do que CR7 faz em um ano apareceu primeiro em Forbes Brasil.