O que fez o leilão do 5G custar tão mais que o 4G?

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O retorno também promete ser mais elevado que o visto no 4G, na visão dos especialistas

O martelo foi batido e o leilão do 5G, ocorrido em 4 de novembro, passou a ser um dos maiores já realizados no setor de telecomunicações em todo o mundo, arrecadando R$ 46,8 bilhões. E por que ele custou tanto a mais do que o do 4G, de 2014? O certame de sete anos atrás movimentou R$ 5,85 bilhões, em valores nominais, sem considerar a inflação do período.

Para José Ronaldo Rocha, sócio da EY, a primeira razão é a proposta do leilão. “O modelo foi diferente. O 4G visava uma arrecadação e não contava com os valores que as empresas deveriam investir para as novas tecnologias. Desta vez, o número de concessões é menor, mas ao mesmo tempo existem mais compromissos e obrigações relacionadas ao valor [a ser empregado]. A ideia foi maximizar a alocação de recursos”, diz.

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Para ser efetivo, destaca Rodrigo Dienstmann, CEO da Ericsson, o governo e a Anatel chegaram à conclusão de que o leilão precisava ser não arrecadatório. “Na prática, o dinheiro que a operadora tem a pagar pelo lote é o mesmo, mas, do jeito que foi formatado, privilegiou a ampliação das redes”, afirma.

Do montante total, R$ 4,8 bilhões foram destinados ao Tesouro e o restante alocado para os compromissos que as operadoras têm com as instalações. As três maiores empresas de telecomunicações do país, Claro, TIM e Vivo, arrematam os principais lotes e terão os maiores valores de investimentos.

Mas o retorno também promete ser mais elevado que o visto no 4G, na visão dos especialistas. E não será necessariamente por conta da nova infraestrutura do 5G, mas pelos serviços agregados que virão com a tecnologia.

“As companhias vão ter mais lucro com essa nova tecnologia, já que agora tudo poderá ser usado na nuvem. Antes, você queria jogar vídeo game, era preciso ter o console. Agora, você conseguirá fazer tudo pela tecnologia da companhia”, diz o CEO da Ericsson.

Além disso, as empresas menores terão grande oportunidade com as novas redes. Rocha explica que as operadoras terão que começar a compartilhar essas redes para atingir mais locais, o que será positivo para as menores. “Imagina que antes eu tinha quatro empresas brigando por um único espaço e agora a ideia é que elas conversem. Com isso, os investimentos devem ser maximizados”, completou.

Pensando na produção, Dienstmann informou que a fabricação da tecnologia 5G está a todo vapor desde março na fábrica da Ericsson de São José dos Campos (SP), que é dedicada de forma integral à nova tecnologia.

Para os especialistas, no geral, a entrada do 5G no país é uma grande revolução e traz inúmeras diferenças que o 4G não trouxe, para as empresas e para os consumidores, não apenas na parte financeira.

De acordo com eles, o 5G é uma tecnologia com muitíssimas outras utilidades, além do que o 4G permite. Eles afirmam que ela trará maior renda para os serviços voltados ao agronegócio, que se beneficiaram de sinal em toda a produção. Além disso, alunos de todas as partes do país poderão contar com o mesmo ensino dos grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Duas palavras descrevem esse leilão. A primeira é inclusão, social e geográfica, e a outra é compartilhamento, dizem.

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