Quem nunca sonhou em sair do Brasil e tentar a vida vendendo brigadeiro para os gringos que atire a primeira pedra. Porém, apesar da força de vontade, poucos conseguem conquistar o sucesso da TinyB, empresa especializada no doce brasileiro fundada por Renata Stoica. Nos últimos dois anos, a companhia faturou R$ 25 milhões.
Nascida no interior de São Paulo, Stoica cresceu vendo sua mãe fazer chocolates para sustentar a família e sabia que não era aquilo que queria para a sua própria vida. Assim, ela decidiu ter uma profissão em outro segmento. Formou-se em enfermaria e trabalhou por alguns anos na área até ser demitida e repensar se aquilo era o que ela realmente queria. Com uma pequena reserva, decidiu ir se encontrar muito longe daqui, em São Francisco, Califórnia.
Veja mulheres que lideram empresas da área de tecnologia
Nos Estados Unidos, ela conheceu um namorado, que logo se tornou marido, e decidiu que queria trabalhar em áreas voltadas para o mundo artístico. Tentou a fotografia, mas percebeu que era apenas um passatempo. Então, sua próxima opção foi começar a vender o seu doce preferido, o brigadeiro.
“São Francisco é uma cidade muito aberta a novidades e as pessoas estão sempre em busca de experiências. Então, na minha cabeça, esse era o lugar perfeito para começar uma empresa de brigadeiro”, diz Stoica. “Só que eu não entendia nada de empreendedorismo e sabia fazer o brigadeiro básico que comemos em casa.”
A ideia da empresária era transformar a iguaria brasileira no novo croissant, tornando-a conhecida em todo o mundo. Porém, seu primeiro desafio surgiu dentro de casa. “Meu marido falou que o meu brigadeiro não seria aceito pelo público americano por ser muito doce, então virou minha missão desenvolver um produto menos doce, que agradasse ao público de lá”, afirma Stoica.
Depois de diversas tentativas, ela chegou a receita que é usada até hoje na TinyB. Então, começou a distribuir para os amigos norte-americanos, na intenção de testar o produto além das barreiras de sua casa. A ideia foi aprovada na hora, com muitos querendo comprar o produto para dar de presente.
Leia também:
O engenheiro que salvou a rede de restaurantes da família da falência
Com R$ 5 bilhões transacionados em 2023, Caju contrata ex-Elo como novo CFO
Em 2014, quando a empresa foi lançada, um brigadeiro custava US$ 1,70, aproximadamente R$ 4,70 na cotação da época. Apesar de ter vendido algumas unidades logo no início, o processo de aceitação do produto levou um tempo, em torno de um ano. O primeiro lugar que abriu as portas para os produtos da TinyB foi um supermercado de bairro que era conhecido por lançar marcas em São Francisco.
“O que nós queríamos no começo era inserir o brigadeiro nas festas de crianças e casamentos. O meu pensamento era que, se o brasileiro compra 10 mil brigadeiros para oferecer em comemorações, o americano pode fazer o mesmo, mas não foi bem assim”, diz a empresária. Porém, a tática não deu certo.
A segunda tentativa foi vender os produtos para outros negócios, como corretores de imóveis, que entregavam os brigadeiros para seus clientes. Eles fechavam planos de seis meses com a TinyB, programando envios para seu portfólio, o que conseguiu levantar a receita da companhia, possibilitando a mudança da cozinha de casa para uma profissional.
Em pouco tempo, os corretores, que eram clientes assíduos, perguntaram se a empresa não fazia eventos ensinando a fazer brigadeiros. “A experiência foi tão acolhedora para os americanos que começamos a receber outras propostas parecidas, de empresas que queriam fazer eventos para seus funcionários de uma maneira diferente”, afirma Stoica.
Assim, em 2019, com a agenda lotada de eventos, a empresária e o marido decidiram investir e construir a sua própria fábrica. Hoje, o mercado de eventos é o foco da TinyB, que tem empresas como Google, Facebook e Apple em seu portfólio de clientes.
Durante a pandemia, a TinyB precisou se transformar em um negócio digital. Com os eventos estacionados, a empresa começou a fazer confraternizações online, vendendo kits de brigadeiros para cada funcionário da empresa contratante. Ao mesmo tempo, a empresa começou a desenvolver biscoitos recheados de brigadeiro, os famosos cookies, na expectativa de criar um vínculo afetivo com os americanos em um período tão complicado. E deu certo.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
Desde lá, esse é o modelo de negócio da empresa. Hoje, a TinyB vende em torno de 3 mil cookies por mês e quer chegar a comercializar 20 mil biscoitos por mês no próximo semestre. A receita anual de eventos gira em torno de R$ 7,2 milhões, enquanto a venda dos cookies deve atingir R$ 2,4 milhões até o fim de 2023.
O post Brasileira fatura R$ 25 milhões vendendo brigadeiro no Vale do Silício apareceu primeiro em Forbes Brasil.