2 táticas que um gaslighter usa para ter controle sobre seu parceiro

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Gaslighting é uma tática manipuladora usada por pessoas para ganhar controle nos relacionamentos

Um novo estudo publicado em Personal Relationships discute como o gaslighting se manifesta em relacionamentos românticos. Por meio de sua pesquisa, o psicólogo Willis Klein, da Universidade de Toronto, autor principal do estudo, explora o impacto psicológico nas vítimas, as motivações dos gaslighters e as etapas do gaslighting nos relacionamentos.

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Gaslighting é uma tática psicológica usada por indivíduos para manipular suas vítimas e fazer com que elas duvidem de seus próprios pensamentos, sentimentos e percepções. Um gaslighter mina a autoconfiança da vítima, fazendo-a questionar sua própria compreensão da realidade.

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“Embora o termo gaslighting tenha sido cunhado na década de 1940, seu uso se tornou mais difundido nos últimos anos, abrangendo vários contextos, como redes sociais, local de trabalho, cuidados com a saúde e, principalmente, relacionamentos românticos”, destaca Klein.

Os gaslighters empregam diversas táticas para convencer suas vítimas de sua própria “incompetência epistêmica”. Essas táticas são frequentemente adaptadas para explorar as vulnerabilidades da vítima, por exemplo:

Acusações. Os gaslighters podem acusar seus parceiros de serem paranoicos, excessivamente emocionais ou loucos quando questionados sobre comportamentos suspeitos.
Estereótipos e insultos. Comentários depreciativos também podem ser usados para minar a confiança da vítima.

“Me interessei pelo gaslighting por volta de 2017, quando o termo começou a receber muita atenção pública. A ideia de gaslighting parecia se encaixar bem com o que eu sabia sobre psicologia cognitiva, e fiquei curioso sobre os mecanismos cognitivos que permitem que o gaslighting ocorra”, explica Klein, compartilhando sua inspiração por trás do estudo.

Através de uma análise qualitativa das respostas de 65 vítimas de gaslighting, os pesquisadores identificaram consequências psicossociais significativas, tais como:

A maioria dos participantes expressou uma sensação de perda de parte de sua identidade, experimentando um conceito de si mesmos diminuído e/ou sentindo-se como se tivessem se tornado uma “casca vazia”. Houve relatos frequentes de indivíduos que se colocaram em isolamento social. Esse isolamento pode ocorrer tanto durante o relacionamento, quando o gaslighter impõe restrições às interações sociais das vítimas, quanto depois do término do relacionamento, quando algumas vítimas desenvolvem uma desconfiança arraigada em relação aos outros.
Um pequeno grupo de participantes também relatou narrativas de crescimento pós-traumático. Esses participantes sentiram que haviam superado e aprendido com o abuso. No entanto, outros sujeitos relataram que não se recuperaram mesmo anos após terem passado por isso.
Os pesquisadores também descobriram duas motivações principais para os gaslighters: evitar responsabilidade por comportamentos ruins, como infidelidade, e controlar o comportamento da vítima.

“Alguns filósofos também discutiram como o gaslighting pode resultar de forças estruturais ou como a manutenção de crenças preconceituosas pode levar ao gaslighting, ambas considerações que podem revelar motivações alternativas”, acrescenta Klein.

Além disso, o estudo descobriu algumas etapas do gaslighting, como:

“Love-bombing”. A etapa inicial frequentemente envolve excesso de afeto, generosidade e atenção por parte do gaslighter. Isso estabelece um vínculo emocional e confiança, o que contribui para a vulnerabilidade da vítima.
Intensificação do gaslighting. Posteriormente, o gaslighting vai além, com as vítimas entrando em um ciclo de retroalimentação que racionaliza o comportamento do gaslighter, levando a efeitos psicológicos adversos.

Psicólogos como Robin Stern identificaram até mesmo estágios dentro do ciclo de gaslighting, incluindo incredulidade, defensividade e depressão.

Embora existam casos de gaslighting que sejam claramente intencionais, como quando o gaslighter busca controlar as finanças da vítima, esses casos são relativamente raros e muitas vezes recebem atenção em revistas médicas e na mídia.

É importante notar que a maioria dos comportamentos de gaslighting é menos intencional ou consciente. Na maioria dos casos, o gaslighting ocorre sem que o gaslighter planeje ou tramite explicitamente suas ações manipuladoras.

“Eu suponho que exista um espectro de comportamentos de gaslighting que variam de altamente intencionais a completamente não intencionais, mas isso ainda é motivo de debate”, diz Klein.

Se você suspeita estar sendo alvo de gaslighting por alguém próximo a você, aqui estão duas coisas que você pode fazer para proteger seu senso de identidade e realidade:

Observe atentamente. Por mais convincente que seja um gaslighter, é raro que eles nunca cometam erros. Tente perceber como o comportamento deles muda em relação a você em comparação com outras pessoas em sua vida e exija que eles sejam responsáveis pela narrativa que lhe contam. Logo você poderá perceber inconsistências em seu comportamento, o que pode te ajudar a recuperar o controle de sua própria versão da história.
Envolva outras pessoas. Confiar em outras pessoas, como um amigo de confiança ou um profissional qualificado, não apenas fará você se sentir mais aliviado, mas também ajudará você a obter uma perspectiva e restaurar seu senso de realidade.

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*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.

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