Ex-Google, nova VP da agência Africa diz como trabalhar com criatividade

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Divulgação/Africa

Agora na Africa, Ana Paula Kuroki trabalha com comunicação e criatividade há mais de 20 anos, em passagens por agências, pelo Google e pela startup Mesa Company

Em mais de 20 anos de carreira, Ana Paula Kuroki atuou em diferentes agências de publicidade e propaganda, foi líder criativa do Google e passou pela startup Mesa Company antes de chegar à agência Africa. A executiva de comunicação assume agora como VP de estratégia, solução e impacto, um cargo novo que promete reconfigurar a área de planejamento e trazer agilidade para a relação com os clientes. “A ideia é que paralelamente à área de estratégia exista um núcleo que atenda a demandas e problemas dos clientes que ultrapassem a propaganda.” 

Esse tipo de posição com olhar 360º, segundo ela, continua avançando na comunicação e no marketing, áreas cada vez mais inseridas no negócio. “Sendo capaz de olhar para uma marca de maneira mais holística (negócios, inovação em produtos e serviços, ESG, cultura, etc), a gente (como agência) entrega com mais impacto – para nós e para os nossos clientes.”

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O dia a dia da executiva envolve partes criativas e também burocráticas, voltadas à estratégia e à liderança. “É o profissional que costura as áreas, inspira os times, aponta a visão e traça a estratégia para que uma ideia venha ao mundo”, diz Kuroki, que fala sobre sua trajetória de carreira e como fazer da criatividade sua profissão

Forbes: Como trabalhar com criatividade? O que você indica em termos de formação e experiência para alguém com a ambição de chegar a uma posição como a sua?

Ana Kuroki: Formação (seja formal ou informal) e experiência em áreas ligadas à comunicação e criatividade porque os bons estrategistas são aqueles que conseguem aterrissar pensamentos, dar contorno e sentido a insights, costurar pensamentos. Então é importante ter conhecimento de técnicas de narrativas, contação de histórias, análise de informações, pesquisas, dados, boa escrita e raciocínio lógico, ter entendimento sobre diferentes formatos de comunicação – o papel do vídeo, texto, post, apresentação, etc. Ter experiência com gestão de pessoas, conexão de áreas diversas, trabalhos multidisciplinares e colaborativos também ajudam a desenvolver esse músculo de “costuras do invisível” o tempo todo.

F: Esse tipo de cargo está mais presente em algum setor ou categoria de empresa específicos? Deve ganhar mais visibilidade daqui pra frente? 

AK: Liderança de estratégia está bastante presente no mercado de comunicação (agências de propaganda, consultorias de pesquisa, inovação) e nas áreas de marketing das empresas. Já o cargo de solução e impacto é uma inovação da Africa Creative – é a fusão entre liderança estratégica e liderança de desafios mais macro dos clientes. É um cargo que formaliza a experiência mais “generalista” do profissional de estratégia e o coloca para liderar problemas, solução e integração. E, sim, creio que esse novo cargo – generalista olhando para soluções – é algo que deve ganhar relevância daqui em diante nessa mesma indústria, de comunicação e marketing.

F: Como foi sua trajetória de carreira? 

AK: Sou uma estrategista de comunicação e sempre trabalhei como uma conectora entre pessoas, cultura e comportamento e marcas e comunicação. Fiz isso em diferentes contextos, mas sempre testando o papel de uma estrategista – seja em agências de propaganda, consultorias ou clientes. Comecei a minha carreira em agência de propaganda, mas também passei por uma consultoria de consumer insights e pesquisa da comportamento (a Limo Inc), Google, como líder criativa, e Mesa Company, como líder de solução e branding e cultura.

F: Qual a sua formação?

AK: Publicidade e Propaganda na ECA/USP. E em 2007 fiz uma pós em direção criativa de documentário em Barcelona porque era – sempre fui e sou – apaixonada por investigar e entender pessoas.

F: Como essa formação e suas experiências anteriores te trouxeram até esse cargo?

AK: Acredito que estrategista é um ofício curinga – tudo ou quase tudo no mundo precisa de alguém pensando estrategicamente, o que é ligar os pontos, amarrar informações ou traduzir coisas complexas em algo simples de se entender. Acho que isso, somado ao fato de ser muito inquieta, fez avançar minha atuação para além da estratégia de comunicação em quase todos os lugares pelos quais passei. Por exemplo, no Google eu tinha o papel de liderar um time de criativos, mídia e pesquisa e a agência parceira para iniciativas de comunicação de produtos Google. Ou seja, tive que expandir meu papel de estrategista para “cliente e dona de produto” e pensar em como estruturar as melhores narrativas.

Na minha 2ª temporada na Y&R, tive o desafio de repensar o fluxo de trabalho entre planejamento, criação e oportunidades de inovação. Na Mesa, para além de ser líder de solução, liderei iniciativas de branding (incluindo o lançamento de um Livro da Mesa), cultura (criei rituais de assimilação de cultura da empresa), educação e desenvolvimento de treinamento de liderança, as soft skills, e diversidade, equidade e inclusão – criando trilhas, parcerias e sessões de letramento de time da Mesa para responder a um big desafio – ‘como sermos lideranças mais inclusivas e liderar times diversos’.

Enfim, acho que a experiência expandida de estrategista mais a aplicação e experiência com outros processos de trabalho (fora de agências) mais a liderança de outros times (para além de estratégia) me ajudou a ampliar muito a minha atuação e a chegar até aqui.

F: O que é ser VP de estratégia, solução e impacto? 

AK: VP de estratégia é liderar a área de planejamento estratégico da agência, responsável por conectar pessoas, cultura e marcas por meio da comunicação. Solução e impacto é algo absolutamente novo e ainda não existe nas agências. A ideia é que paralelamente à área de estratégia exista um núcleo que atenda a demandas e problemas dos clientes que ultrapassem a propaganda, ou seja, que pensemos em solução. E aí, sendo capaz de olhar para uma marca de maneira mais holística (negócios, inovação em produtos e serviços, ESG, cultura, etc), a gente (como agência) seja capaz de entregar mais impacto – para nós e para os nossos clientes.

F: O que isso significa, na prática, para os negócios?

AK: Para a Africa significa ser mais relevante como parceiro para os nossos clientes e atuar em desafios que talvez não estivessem sendo trazidos para a agência. E para o cliente significa usar a potência do ecossistema criativo-produtivo-tecnológico da Africa para entregar soluções mais completas e integradas, pois partem de um lugar único. Neste sentido, todos os lados ganham – a Africa com novos negócios e os clientes com soluções mais integradas e eficientes – em times, dinheiro e tempo.

F: Como funciona isso no dia a dia da profissão? Quais suas atribuições e responsabilidades?

AK: Eu diria que tenho dois grandes movimentos e atribuições no meu dia a dia: 1. ser uma grande conectora de times e áreas para entregarmos as melhores ideias (com alinhamento com time do cliente, atendimento, planejamento, criação, mídia) e 2. ser uma aceleradora de novos jeitos de trabalhar e novos parceiros – especialistas externos à Africa que trazemos para nos ajudar a criar uma solução mais ampla quando necessária. 

F: Qual a importância desse tipo de profissional e função para uma empresa? 

AK: Uma liderança de estratégia é fundamental em uma agência de propaganda ou empresa que trabalhe com comunicação ou criatividade. É o ou a profissional que costura as áreas, inspira os times, aponta a visão e traça a estratégia para que uma ideia venha ao mundo.

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