Custo de oportunidade é uma expressão que certamente você já ouviu algumas vezes no mercado financeiro, especialmente naquelas situações em que o seu assessor ou gerente do banco estava te explicando, por exemplo, sobre o custo x benefício de vender algum ativo com prejuízo ou sobre escolher entre renda fixa ou renda variável para um determinado aporte.
De forma simplificada, o custo de oportunidade nos investimentos é a comparação entre duas escolhas econômicas, na busca de quantificar o impacto positivo ou negativo de um investimento em detrimento de outro.
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Aprender a calcular o custo de oportunidade é algo que irá te auxiliar nas tomadas de decisão de investimento, visando otimizá-los.
O que é custo de oportunidade?
Na sua jornada investidora, há sempre inúmeras opções de produtos cujo objetivo, via de regra, é proporcionar retorno financeiro que, dentro de suas perspectivas, deverá sempre ser o mais alto ou o mais seguro, não é mesmo?
Pois o seu custo de oportunidade é o custo da renúncia, ao fazer determinada opção entre o ativo mais líquido, o mais rentável, o mais seguro ou o que combine pelo menos duas dessas variáveis.
Como calcular o custo de oportunidade?
Para usar o cálculo de custo de oportunidade nos investimentos, você vai precisar estimar retornos futuros, comparando duas opções de investimento.
Também é possível calcular retrospectivamente, comparando os retornos ocorridos desde a data da decisão anteriormente tomada.
Ocorre, porém, que essa segunda opção só será útil para seus estudos. Afinal, saber quanto poderia ter ganho se tivesse feito uma escolha diferente da que fez, não vai mudar os fatos, vai apenas fornecer indicadores úteis em decisões futuras.
CUSTO DE OPORTUNIDADE = Retorno da opção não escolhida – Retorno da opção escolhida
Suponhamos que você esteja decidindo entre comprar ações da empresa MIRA3 ou investir no Fundo Y, e sua escolha seja o fundo. Três anos depois, o fundo proporcionou uma valorização de 15% ao seu patrimônio investido, enquanto as ações MIRA3 se valorizaram 30% no mesmo período. Neste exemplo, o seu custo de oportunidade terá sido em torno de 15%.
Considere também a liquidez e os riscos
Ao projetar quanto dinheiro você pode ganhar, é importante levar em conta não apenas os retornos, mas também a probabilidade de perder seu dinheiro ou de ter que mantê-lo preso por um longo prazo, dependendo do vencimento do investimento escolhido.
Além disso, lembre-se de que estimar retornos futuros com 100% de precisão é impossível, mesmo com referências importantes nos dados históricos.
Por exemplo, se você tiver duas oportunidades de investimento, um dos produtos oferecendo um retorno conservador para um período de dois anos, e o outro exigindo um prazo de dez anos, mas oferecendo juros elevados com maior risco, parte do custo de oportunidade envolverá as diferenças de liquidez.
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Cuidado com os vieses comportamentais
Ao avaliar o custo de oportunidade em retrospectiva, é fundamental concentrar-se no aprendizado envolvido e no estudo das probabilidades que embasam as decisões futuras, em vez de apenas pensar no que “poderia ter ganhado”.
O foco no que teria sido, além de não mudar os fatos, ainda pode levá-lo ao viés de retrospectiva, ou seja, a crença de que os resultados dos eventos já ocorridos eram mais previsíveis do que realmente eram. Lembre-se sempre que suas decisões anteriores foram tomadas em outro cenário, onde as informações disponíveis eram diferentes.
A partir da constatação que o custo de oportunidade não lhe favoreceu em determinada operação, é importante ficar atento a um outro viés comportamental comum: a falácia dos custos irrecuperáveis que pode, eventualmente, fazer com que você insista em permanecer em algum investimento em que está com prejuízo, com a expectativa de que ele volte a ser lucrativo, mesmo contra as evidências.
Não superestime o custo de oportunidade
Compreender o conceito de custo de oportunidade é útil para tomar decisões de investimento mais informadas. Ao considerar os retornos, a liquidez, os riscos, ao mesmo tempo em que evita vieses comportamentais, pode ajudá-lo a maximizar seus investimentos.
Lembre-se, entretanto, de que o custo de oportunidade não deve ser superestimado, mas sim usado como uma das ferramentas para orientar suas escolhas e aprender com elas.
Suas decisões financeiras precisam estar pautadas em um planejamento claro, envolvendo metas com valores, prazos, plano de aportes e, acima de tudo, essas decisões devem te deixar confortável, e isso irá acontecer se todas as variáveis forem consideradas, e não apenas uma delas.
Principais conclusões
O custo de oportunidade mede o impacto de fazer uma escolha econômica em vez de outra.
O custo de oportunidade pode ser considerado ao tomar decisões, mas é mais preciso ao comparar decisões que já foram tomadas.
Você escolheu ler este artigo em vez de ler outro artigo, verificar sua página no Facebook ou assistir televisão. Essa escolha resultou em um trade-off. Sua vida é o resultado de suas decisões passadas, e isso, essencialmente, é a definição de custo de oportunidade.
Um outro exemplo interessante é quanto à decisão de manter ou interromper determinado investimento. Imagine que você comprou um lote de ações de determinada empresa e, desde a sua compra, o preço da ação se desvalorizou 50% porque a empresa perdeu os fundamentos e, portanto, tende a demorar muitos anos até voltar ao preço que você pagou pelas ações.
Você decide permanecer no investimento, mesmo ciente de que há outro ativo no mercado com altas perspectivas de valorização e com potencial para ajudá-lo a recuperar o valor perdido com a desvalorização das ações que você possui.
Um ano depois, as ações caíram ainda mais e você não recuperou perdas, ao contrário.
Por exemplo, se um investimento de R$ 100.000 tem 50% de chance de render R$ 60.000 e 50% de chance de perder R$ 40.000, então sua taxa de retorno esperada é de 10% (ou seja, ganhar R$ 10.000 em um investimento de R$ 100.000), pois:
(0,5 * 60.000) + (0,5 * -40.000) = 10.000
Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.
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