A saúde íntima e menstrual das mulheres ainda é considerada um tema tabu, mas não caia nessa! Afinal, é preciso falar desse assunto e entendê-lo bem para saber identificar sintomas que podem indicar possíveis doenças.
Por isso, a obstetriz Mariana Betioli, especialista em saúde íntima, lista a seguir alguns sinais que devem ser sempre investigados se aparecerem, pois podem indicar que a saúde íntima não vai bem. Confira quais são!
Mudanças na menstruação
Partindo do princípio de que cada organismo funciona de forma única, não há apenas uma resposta certa quando se fala em fluxo menstrual, segundo Mariana. Ele depende de alguns fatores como a genética, questões ambientais, faixa-etária, uso de remédios, etc. Porém, quando há alteração no fluxo menstrual, é preciso acompanhar essa mudança e entender afundo o que causou essa variação.
De acordo com a especialista, uma menstruação saudável dura de 2 a 8 dias e vem em um intervalo entre 21 e 35 dias. Já sobre a cor, a especialista destaca que o vermelho vivo é considerado como natural da menstruação, mas que tons mais escuros semelhantes ao marrom podem ocorrer em dias de menor fluxo.
“Um volume de até 160ml por ciclo é normal. Mais do que isso pode ser um indicativo de doença ou da presença de um mioma ou endometriose”, pontua. Já sobre como medir isso, a profissional explica que o coletor funciona bem. Alguns modelos até vem com marcador de ml e ajudam quem menstrua a ter uma ideia mais precisa do seu volume.
Odores diferentes
Segundo a obstetriz, a menstruação não tem cheiro ruim. O que provoca o cheiro que muita gente considera como característico da menstruação é o fato de os materiais plásticos dos absorventes descartáveis impedirem a circulação de ar na região, o que favorece a proliferação de bactérias e fungos e o aceleramento do processo de decomposição do fluido.
No entanto, há casos onde o odor fica mais forte e chega a se assemelhar com cheiro de peixe, quando é preciso ligar o sinal de alerta. “Odores fortes demais não são normais, tanto no período menstrual quando fora dele. Um odor diferente pode indicar uma infecção bacteriana, por exemplo, que normalmente vem seguida de outros sintomas, como coceira, ardência e vermelhidão na região”, explica.
Para quem se incomoda com o odor natural do período menstrual, a especialista aconselha o uso de itens de higiene menstrual, como o coletor ou disco, já que não deixam o sangue diretamente exposto. Calcinhas absorventes feitas em tecidos tecnológicos antimicrobianos também minimizam o problema, já que drenam o sangue para as camadas interiores, deixando a parte exterior mais seca.
Febre
A febre por si só não é um sinal de que há algo errado com a saúde íntima. Todavia, quando combinada a sintomas como dores no baixo ventre, baixa pressão arterial, diarreia e dores musculares, pode indicar uma condição conhecida Síndrome do Choque Tóxico.
“A síndrome é o resultado de uma infecção séria que está associada ao uso do absorvente interno. As bactérias ficam em contato com os materiais do absorvente e com o sangue e podem se multiplicar muito, causando uma infecção generalizada que pode levar inclusive à morte”, alerta Mariana.
Embora rara, a síndrome pede por atenção, sendo que seguir as recomendações de uso dos absorventes internos é muito importante para evitá-la. Por isso, trocar o item a cada quatro horas é essencial nesse sentido.
Cólicas ou dores pélvicas agudas
Sentir dor aguda não é normal em nenhuma condição, seja durante o sexo, quando vai ao banheiro, no período menstrual ou de forma isolada. “Dor na região pélvica também pode indicar algum problema. O sintoma pode vir sozinho e não necessariamente estar associado a coceiras, secreções ou odores e mesmo assim indicar uma patologia como endometriose, mioma ou adenomiose”.
Mariana explica ainda que muitas mulheres sofrem anos com dor por não saberem que esse não é um sintoma comum do período menstrual. “Uma cólica leve é normal, mas se pessoa sente dores fortes que não desaparecem com analgésicos ou impedem que ela faça as atividades do dia a dia, é importante investigar”, conclui.