Os comerciantes de café robusta, tendo visto os preços atingirem as máximas de 15 anos em maio, estão cada vez mais nervosos com o fato de que os suprimentos do grão mais amargo usado para fazer café instantâneo permanecerão apertados até o próximo ano.
O Brasil, terceiro maior exportador mundial de grãos robusta, já começou a colher sua safra 2023/24, e os traders depositavam suas esperanças no país para cobrir um déficit causado pela fraca oferta da Ásia.
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) continua otimista com as perspectivas de exportação, dizendo que elas devem aumentar acentuadamente no segundo semestre do ano.
No entanto, traders e especialistas dizem que a oferta de robusta está tão apertada na Ásia que mesmo 3 milhões de sacas de exportações do Brasil –o limite superior de suas previsões– podem não ser suficientes para preencher a lacuna.
“Se houvesse 5 milhões de sacas (das exportações do Brasil robusta), eu poderia (ver) uma queda de preço, mas, realisticamente, veremos um aperto sem precedentes que continuará no próximo ano”, disse um analista de café em uma casa de comércio global.
O aperto ocorre quando o principal exportador do Vietnã está praticamente sem estoque para enviar ao exterior nesta temporada, enquanto a safra do exportador número 2 da variedade, a Indonésia, deve decepcionar.
O Brasil exporta cerca de metade do robusta que a Indonésia e cerca de um décimo do Vietnã de café canéfora (robusta/conilon). Brasileiros, contudo, são os maiores exportadores globais, considerando os embarques de grãos arábica.
A Indonésia, assim como o Brasil, começou a colher sua safra 2023/24, mas a produção deve cair 20% em relação ao ano anterior, de acordo com o Serviço Agrícola Estrangeiro (FAS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Embora o FAS preveja um aumento de 5% na produção do Vietnã na temporada 2023/24, que vai de outubro a setembro, ele vê as exportações atingindo o menor nível em três anos em apenas 27,5 milhões de sacas.
Outro fator que impulsiona o robusta é um aumento na demanda por um grão que é mais barato que o arábica e pode ser usado em “blends” — algo que os torrefadores vêm fazendo em escala, já que os preços do arábica vêm subindo há cerca de dois anos.
“Quando você troca ‘blend’, a troca de volta não é tão simples. Acontece durante um período de tempo. Acho que o consumo de robusta é muito maior do que a maioria supõe”, disse um trader da Europa.
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