Revelação do Grammy, Samara Joy quer criar seu próprio estilo

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Alberto E. Rodriguez/Getty Images

Samara Joy escolheu seguir no jazz após estudar o estilo mais a fundo na faculdade de música

“Você tem que saber comunicar o que quer, senão, as pessoas vão te dizer o que elas acham que é melhor para você”, diz Samara Joy sobre um ensinamento que teve na sua ainda breve carreira como cantora de jazz. Com apenas 23 anos, ela recebeu dois Grammys na última premiação, um de Artista Revelação, concorrendo com Anitta, e outro de Melhor Álbum de Jazz com Vocais pelo álbum “Linger Awhile”, atuando em um ramo musical não tão popular entre pessoas da sua geração.

Nascida no Bronx, em Nova York, Joy teve influência familiar para seguir uma carreira musical. Com o pai e os avós paternos no ramo da música gospel, aos 16 anos se apresentava com bandas no ensino médio e era o principal vocal no coral da igreja. Samara Joy começou a receber atenção do público norte-americano quando, aos 18 anos, publicou nas suas redes sociais um poderoso cover da música “Take Love Easy”, de Ella Fitzgerald, com quem Joy já foi comparada. No ano seguinte, a jovem venceu o renomado Concurso Internacional de Jazz Vocal Sarah Vaughan, que homenageia a lenda do jazz que marcou a música popular norte-americana e que viria a ser uma das inspirações da revelação do jazz de 23 anos.

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No último domingo (21), antes da sua apresentação no C6 Fest, em São Paulo, Samara Joy conversou com a Forbes sobre sua carreira e atuação no jazz. Confira:

Forbes: Como você soube que queria seguir carreira na música?

Samara Joy: Cantar sempre foi o que eu amava fazer. Nunca tive que pensar nisso, tipo, eu apenas sabia. Sou muito grata por ter uma família que apoia esse caminho também. Na minha família, todo mundo canta. Então, a gente cantava em casa, no carro a caminho da escola, o tempo todo. Não sabia como isso iria acontecer, mas sabia que queria pelo menos manter a música em minha vida. Eu fui para um conservatório específico para estudos de jazz, o que pode não ter sido uma ótima ideia na época porque eu não sabia muito sobre jazz quando fui para lá.

F: Como é, como é lidar com a pressão de ser comparado a vozes tão incríveis do jazz, como Ella Fitzgerald e Sarah Vanaugh?

SJ: Eu entendo as comparações que as pessoas fazem, mas isso geralmente vem de muitas pessoas mais velhas que querem preservar a nostalgia e o estilo antigo do jazz. Ao mesmo tempo, eu sei que só posso ser eu mesma e se eu não me pressionar para agradar as pessoas e suas fantasias do que eu serei. Sei que tenho que ser honesta comigo mesma sobre o que quero fazer. Talvez algumas pessoas gostem e outras não, mas isso acontece.

F: Quais foram as principais dificuldades pelas quais você tem passado neste começo de carreira?

SJ: Acho que é ter equilíbrio. Ter equilíbrio entre a carreira e minha vida pessoal é, provavelmente, a maior dificuldade para mim. Gosto de fazer turnês e viajar, mas também sinto falta de ter um relacionamento mais próximo com minha família. Isso tem sido difícil porque sou daquelas pessoas que quer ser útil para todos. Quero ajudar minha família, as pessoas, o público, mas sei que não consigo fazer isso se ficar estressada e sem inspiração.

F: Como você escolheu o jazz?

SJ: Não era algo que eu escutava antes, então fiquei surpresa comigo mesma quando me apaixonei pelo estilo. Eu ouvia de tudo com os meus pais, de gospel a pop e R&B. Mas, quando ouvi Sarah Vaughn pela primeira vez na faculdade, não sabia que era possível pessoas cantarem assim. O que fez eu me apaixonar pelo jazz foi a liberdade criativa. Quando cantava, Sarah Vaughn estava tão relaxada, cantando em um alcance vocal impressionante e eu podia sentir cada palavra que ela dizia.

F: Qual foi o impacto de ter ganhado os Grammys na sua carreira? Como você acha que se diferencia como artista?

SJ: No Grammys, me apresentei no maior palco em que já estive. Foi muito chocante e maravilhoso ter tantas pessoas apoiando o que eu faço. Quando nós artistas encontramos o que gostamos de fazer e no qual podemos ser nós mesmos, naturalmente nos diferenciamos. Você cria algo que ninguém mais pode fazer. Quando decidi sair em turnê – ter uma equipe de pessoas para me ajudar com minha carreira -, foi o que eu estava decidida a fazer. Fiz isso não para ser mainstream ou para ganhar Grammys ou outras coisas, embora isso seja incrível. Quis ver se posso ser uma cantora melhor, um contadora de histórias melhor.

F: Então, como é ser uma voz jovem no jazz para você? Como você tenta se conectar com pessoas da sua idade e como trazê-las para esse tipo de música?

SJ: Acho que a melhor maneira de se conectar com o público é por meio das redes sociais. No começo eu não achava que era boa em compartilhar minha carreira por lá, mas, com o tempo, estou ficando melhor. Ainda acho estranho que temos que tornar as coisas muito curtas, de 10 a 30 segundos para atrair as pessoas e sua atenção. O objetivo, para mim, é apenas compartilhar o que eu puder: no palco online nas escolas.

E espero que a palavra do jazz se espalhe para os jovens e para as pessoas da minha idade. Quero que eles queiram vir nos shows ou, até mesmo, venham com a influência de seus pais. Vou ser honesta que, às vezes, não me sinto muito como alguém da minha idade. Por exemplo, termino o show tipo 11 horas ou meia-noite e, então, eu saio e vejo todas as pessoas da minha idade indo para festas e se divertindo. Não sei se estou velha, mas estou feliz por ter encontrado algo que amo fazer e que traz alegria para outras pessoas, até porque traz alegria para mim também.

F: O que você aprendeu até agora como artista?

SJ: Aprendi que você tem que comunicar o que quer, porque senão as pessoas vão te dizer o que você quer ou o que eles acham que é melhor para você. É importante ouvir críticas e opiniões diferentes, mas você tem que saber o que quer e saber comunicar isso, senão as pessoas vão pisar em você. É difícil fazer isso quando você é tão jovem e as pessoas mais velhas pensam que sabem mais do que você, sabe? Claro, eu quero aprender a experiência, mas, ao mesmo tempo, quero criar minhas próprias experiências e cometer erros para aprender com isso.

F: Como você se vê daqui 10 anos?

SJ: Terei 34 anos e espero ter um forte senso de mim mesma. Amo muito o jazz, mas também ouço muitas músicas de estilos diferentes e isso também faz parte de mim. Então, espero encontrar uma maneira de juntar e equilibrar tudo isso que gosto. E quero ter feito muitas colaborações com artistas e, muito provavelmente, produzido mais álbuns.

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