Da fábrica às receitas: Nestlé amplia uso de IA com ChatGPT

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Denis Chamas: “É possível utilizar IA generativa com base em uma série de critérios. Por exemplo, treinar um modelo de ChatGPT para gerar receitas que utilizem um conjunto específico de ingredientes, atendendo a restrições alimentares ou que otimizem fatores como custo e valor nutricional”

O uso de inteligência artificial (IA) na indústria já é uma realidade há alguns anos. Levantamento global da IBM mostra que mais de 40% de companhias brasileiras já aplicaram a tecnologia em suas dinâmicas de negócios, sendo a parte fabril um ambiente predominante deste tipo de automação. A Nestlé, que já utiliza IA em várias áreas, entre elas linha de produção e marketing, criou um novo projeto com o uso do ChatGPT, ferramenta conversacional baseada em IA generativa da OpenAI. A empresa lançará nesta quinta-feira, 18, a primeira edição de um livro proprietário de receitas desenvolvida pela marca Moça: o Doçuras da Moça.

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Denis Chamas, gerente sr. de novos negócios e inovação na Nestlé Brasil, explica que as receitas foram criadas por meio de um comando de programação que replicou o tom de voz do avatar Moça, lançado no ano passado. “É possível utilizar IA generativa para criar receitas com base em uma série de critérios. Por exemplo, treinar um modelo de ChatGPT para gerar receitas que utilizem um conjunto específico de ingredientes, atendendo a restrições alimentares ou que otimizem fatores como custo e valor nutricional. Esse benefício pode atingir consumidores finais, mas também restaurantes que desejam inovar cardápios ou empresas de alimentos que buscam desenvolver novos produtos”, explica.

“O foco para o desenvolvimento do livro era trazer ingredientes e sabores diversificados para as receitas. E o meu papel foi incluir inputs para as receitas iniciais, testar, direcionar e sugerir melhorias ao programa, mas todas as modificações realizadas foram feitas pela própria plataforma”, adiciona Lucas Fabozzi, gerente de Receitas Nestlé.

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A IA generativa é uma tecnologia que permite que um computador crie conteúdo original, como texto, imagens, música ou até mesmo vídeos. Ao contrário da inteligência artificial convencional, que é programada para executar tarefas específicas, a IA generativa é capaz de criar algo novo e inesperado. “A tecnologia GPT, ou ‘Transformador Generativo Pré-Treinado’ é um modelo de IA criado a partir de redes neurais artificiais (método de aprendizagem de máquina), e treinado com uma enorme quantidade de dados. O objetivo é compreender e produzir textos e conversas semelhantes às realizadas por seres humanos”, explica William Colen, Head de Inteligência Artificial da Take Blip.

Ampliação do uso do ChatGPT

Com este primeiro projeto, a Nestlé, por meio de sua unidade de Inovação e Novos Modelos de Negócios, iniciou o estudo para entender os limites das ferramentas de IA generativa. “Considerando que o uso de dados confidenciais e detalhes de negócios, estavam fora do escopo e já cobertos pelo Laboratório de Dados da companhia, o objetivo era encontrar uma solução aplicável, criativa e versátil que permitisse benefícios à Nestlé e seus consumidores, sem esbarrar em problemas e bloqueios e tivesse um fator convidativo, como o fato de possibilitar experimentar algo elaborado por uma IA, mas preparada por um chef”, explica a empresa.

Moça, avatar da Nestlé que também utiliza IA e Lucas Fabozzi, gerente de Receitas Nestlé

Segundo Denis, a mesma tecnologia tem uma aplicação direta na captação, processamento e uso de dados. “Há a possibilidade de utilizar IA generativa para analisar grandes volumes de dados de vendas, resenhas de produtos e discussões nas redes sociais para identificar tendências emergentes na indústria de alimentos. O intuito é ajudar as empresas a se manterem à frente da concorrência, identificando e respondendo rapidamente às mudanças nas preferências de seus consumidores”, reforça o executivo.

Outras empresas que usam ChatGPT

Outros segmentos também estão começando a testar o ChaTGPT, em alguns casos, não necessariamente ainda na conexão direta com os consumidores. É o caso do Bradesco, em entrevista recente à Forbes Brasil, Fernando Freitas, head de inovação do banco, explicou que a ferramenta já é realidade, mas ainda segue em observação. “A aplicação do Bradesco na BIA, por exemplo, é feita através do Watson, da IBM. E ela funciona, principalmente por intenção. Ou seja, toda a base de conhecimento é treinada por nossos profissionais. Eu sei, dado a pergunta do cliente, que resposta eu vou dar. E eu controlo essa resposta. No caso da OpenAI, são modelos de IA generativa que eu não controlo. Ou seja, terei a melhor resposta dado o entendimento da IA. No caso do sistema financeiro, para que eu use essa aplicação é importante testar dentro de casa antes de escalar”, explica.

No caso da Nestlé, Denis reforça que personalização, uma futura aplicação para o Bradesco, por exemplo, também é uma possibilidade importante. “A IA generativa pode ser usada para oferecer recomendações personalizadas aos consumidores com base em suas preferências e histórico de compras. No caso, a ferramenta de ChatGPT pode ser treinada para recomendar receitas personalizadas, sugerir produtos ou gerar planos de refeições personalizadas”, destaca Denis, da Nestlé.

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Outra pesquisa, desenvolvida pela Deloitte, mostra que 7 em cada 10 empresas brasileiras investirão em inteligência artificial nos próximos cinco anos. O agronegócio e a indústria de alimentos estão na vanguarda das aplicações, juntamente com o setor financeiro. “A IA já impacta a indústria de alimentos, principalmente na parte de agricultura, movimento que já acompanhamos por meio de drones, previsões de clima e colheita. Mas o que tem acontecido agora e me parece o próximo passo é a criação de receitas. Por exemplo, se eu tenho 1kg de pó de cacau, aveia ou outros produtos, eu posso perguntar para esse robô ou assistente virtual, que receitas eu posso fazer para o almoço, café da manhã, para crianças ou veganos. Isso já é possível de ser feito e já acontece”, explica Paulo Silveira, especialista em tecnologia e CEO do ecossistema Alura.

“A indústria que tiver mais bem posicionada quando o assunto for saúde e alimento nutritivo vai ganhar porque esses assistentes irão fazer uma releitura para deixar mais fácil esse mecanismo. Pensa poder ser alertado sobre algum item no alimento que cause alergia para determinada pessoa, ou que simplesmente avise que o produto já é de origem animal rapidamente. Aqui está a sacada do que acho ainda mais interessante, observar os impactos de IA para B2C, porque eles irão afetar a minha vida e não só a de quem está totalmente imerso no mercado de alimentos. Será um item de valor pessoal, de poder comer melhor, até mais barato e mais, saber exatamente o que estou comendo”, destaca Paulo.

Cinco aplicações do ChatGPT para empresas, segundo Denis Chamas, da Nestlé:





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