A SLC Agrícola, uma das maiores produtoras de grãos e oleaginosas do Brasil, teve queda de 27,9% no lucro líquido do primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para cerca de R$ 575 milhões, informou a empresa na noite de segunda-feira (15).
“O lucro líquido foi impactado pelo menor volume faturado de algodão no período, em virtude da queda de produtividade e baixa qualidade, parcialmente compensado pelo resultado bruto positivo da soja e do milho“, afirmou a SLC.
Além disso, houve incremento das despesas com vendas e administrativas, quando comparadas ao mesmo período do ano anterior.
O recuo no lucro aconteceu após uma queda de 45,9% no volume de vendas de algodão, para 50,79 mil toneladas, assim como um recuo nas venda de soja, de 3,1%, para 590,3 mil toneladas, em relação ao mesmo período do ano passado. O volume negociado de milho disparou 382%, para 59,5 mil toneladas.
“Iniciamos o ano com o registro de um resultado expressivo para o primeiro trimestre… o que indica uma margem líquida de 25,9%. Esse resultado é representado principalmente pela marcação do ativo biológico da soja, ou seja, a margem dessa cultura”, disse a administração da companhia.
A empresa disse ainda que a geração de caixa no trimestre foi de R$ 443 milhões negativos, “variação normal para o primeiro semestre, período de maior intensidade de necessidade de capital de giro, principalmente em virtude do pagamento dos insumos da safra“.
“Além disso, nesse período também houve o pagamento de R$ 180 milhões relativos à primeira parcela de aquisição de 12.473,88 hectares da Fazenda Paysandu, conforme divulgado anteriormente.
Comparado ao primeiro trimestre do ano passado, o Ebitda ajustado apresentou queda de 25,9%, para R$ 933,57 milhões, substancialmente devido à queda do lucro bruto do algodão relativo à safra 2021/22, cuja produtividade foi 19,4% inferior à safra 2020/21.
Pressão nos prêmios
O CEO da SLC, Aurélio Pavinato, disse que espera pressão de baixa nos prêmios de exportação de milho no mercado brasileiro, com a colheita da segunda safra estimada em recorde a partir de junho.
Em teleconferência para comentar os resultados trimestrais, ele avaliou que o movimento no milho será semelhante ao visto no mercado de soja, cujos prêmios em relação aos contratos futuros internacionais ficaram negativos em patamares históricos.
“Milho provavelmente vai acontecer o mesmo, vai entrar a colheita e vai ter muita oferta e vai provocar pressão de milho também”, afirmou.
Pavinato disse que os prêmios para a soja ainda estão negativos, entre 70-80 centavos de dólares por bushel, apesar de terem reagido em relação aos mais de US$ 2 negativos vistos no auge da colheita da oleaginosa, devido à produção recorde no Brasil.
O executivo da SLC também opinou sobre o cenário climático com El Niño para a nova safra brasileira, uma vez que o fenômeno climático costuma trazer mais chuva para as principais regiões produtoras, incluindo o Sul do país.
Com El Niño, ele disse esperar uma safra normal para a temporada 2023/24, cujo plantio de soja começa em meados de setembro.
“Vai ser um ano de oferta maior do que o consumo a nível mundial, é natural que não tenha disputa pelo produto e que os prêmios não se valorizem muito, que fiquem mais baixos… abaixo dos níveis históricos”, disse.
Ele reiterou que a estrutura de negócios da SLC, que realiza vendas antecipadas de parte da produção, evita que a empresa sofra com problemas de déficit de armazenagem, como acontece com muitos produtores, o que tem pressionado os prêmio no Brasil.
A companhia tem capacidade adequada para segurar boa parte da produção nos momentos de prêmios mais baixos.
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