A soma das palavras emprego e maternidade dificilmente dá número par. Não é pra menos que 68% das mulheres decidem abrir um negócio próprio após se tornarem mães, de acordo com uma pesquisa divulgada pela Rede Mulher Empreendedora. Esse dado existe por um motivo em especial: o mercado de trabalho quer que as mulheres decidam entre suas famílias e seus cargos.
Dani Junco tomou essa decisão. No entanto, ela foi contra a maré e escolheu ter o melhor dos dois mundos: trabalhar e ficar próxima de seu filho, que na época nem havia nascido. “Em 2015, quando eu ainda estava grávida do Lucas, senti o peso da decisão que teria que tomar em poucos meses, de deixar ele de lado pela minha profissão ou optar pelo contrário. Então, percebi que não queria fazer nenhum dos dois”, afirma Junco.
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Em 2016, ela criou uma comunidade de mulheres e mães chamada B2Mamy para capacitar as mulheres que sentiam a mesma dor. Inicialmente o projeto chegou ao mercado como uma aceleradora, que logo foi incubada pelo Google. Foi nessa época que ela começou a criar um ambiente seguro de trabalho para mães e seus filhos, que em pouco tempo se transformou na Casa B2Mamy, sede dos negócios até hoje.
“Na época, o Google passou de 3% de mulheres trabalhando para 33% com a chegada da B2Mamy. Naquele momento, nós estávamos cumprindo o nosso papel de converter os lugares em ambientes seguros para mães e filhos, e desde lá nossa comunidade só cresceu”, afirma Junco. “Eu não quero ouvir nenhuma mulher dizer que perdeu oportunidades por não ter onde deixar o seu filho.”
Hoje, oito anos depois do marco zero, a empreendedora já conectou mais de 30 mil mulheres e capacitou mais de 100 mil. No total, a B2Mamy representou um impacto de R$ 27 milhões em poder econômico na vida das mães. Desde lá, já foram criadas outras iniciativas dentro do mesmo guarda-chuva, como um programa de capacitação e empregabilidade de mulheres da periferia, o Womby e uma plataforma com plano de assinatura que hoje é a principal fonte de renda da B2Mamy.
Nesse período, a empresa captou R$ 600 milhões e está no meio de uma rodada para levantar mais dinheiro. Hoje, a comunidade tem cerca de 400 startups aceleradas, mais de 22 que receberam investimento e mais de 4 mil horas de capacitação.
“Hoje, a gente acredita, sem demagogia, que qualquer mulher e mãe que queira validar um negócio e não passar pela B2Mamy, vai ter dificuldades, porque nós temos todas as ferramentas para ajudar essas pessoas”, afirma Junco.
Nem toda mulher pode tomar a decisão que Junco tomou, seja por estrutura familiar ou por condição socioeconômica, mas a empresária dá algumas dicas de como dar o primeiro passo em direção ao seu negócio e sua independência financeira.
1. Encontre uma comunidade
Para Junco, é preciso entender que as ideias não vão vir de dentro, elas precisam ser discutidas e divididas para se tornarem grandes. Então, sua primeira dica é encontrar uma comunidade de mulheres empreendedoras que faça sentido para o seu momento de vida.
“Essa é a melhor forma de cortar caminho e eu te garanto que as respostas não estão dentro de você”.
2. Faça contas
Em sua visão, a maternidade é fazer contas e saber com quem contar. “Olhe de frente para o dinheiro e tenha maturidade para encará-lo”, afirma Junco. Para ela, sem isso, não existe chance de uma independência financeira.
3. Cuide da sua saúde mental
“Peça ajuda, leia sobre o assunto, faça terapia, porque o mundo quer que a sua saúde mental não esteja boa e você precisa apostar justamente no contrário”, complementa a empresária.
Neste domingo (14) comemora-se o Dia das Mães. Segundo o IBGE, quase metade dos lares brasileiros são chefiados por mulheres. Nunca é tarde para começar e dar o primeiro passo.
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