O dólar à vista emplacou a quarta baixa consecutiva ante o real nesta sexta-feira (12), na contramão do exterior, em um movimento novamente favorecido pelo diferencial de juros entre o Brasil e os demais países, após os novos dados de inflação reforçarem a expectativa de uma taxa Selic ainda elevada no curto prazo.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9223 reais na venda, com queda de 0,29%. Na semana, a moeda norte-americana acumulou baixa de 0,43%.
Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,61% em abril, depois de ter avançado 0,71% em março. Nos 12 meses até abril, o índice foi de 4,18%, ante 4,65%.
Apesar da desaceleração, o IPCA ficou acima das expectativas de analistas em pesquisa da Reuters, de alta de 0,54% no mês e de 4,10% em 12 meses.,
No mercado financeiro, uma das avaliações foi de que o IPCA reduziu as chances de o Banco Central iniciar o ciclo de cortes da Selic, atualmente em 13,75% ao ano, no curto prazo. Essa perspectiva menor foi, inclusive, precificada na curva de juros brasileira.
Ao mesmo tempo, nos EUA, os investidores viam chances maiores de o Federal Reserve manter sua taxa básica na faixa de 5,00% a 5,25% em sua próxima decisão de política monetária.
Na prática, a avaliação é de que o diferencial de juros segue atrativo para os estrangeiros investirem no Brasil, em especial na renda fixa.
“Temos a leitura de uma possível pausa no ciclo de aperto das políticas monetárias no mundo desenvolvido, mesmo que não seja consensual. No Brasil, temos a área comercial muito forte desde o início do ano e o BC está firme em sua postura técnica de manutenção da Selic”, disse Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, ao avaliar o viés mais recente de baixa para o dólar no Brasil.
A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, cita ainda uma correção técnica para justificar a queda mais recente do dólar no Brasil.
“O real também se desvalorizou mais do que outras moedas em sessões anteriores, por conta das notícias sobre o arcabouço fiscal e sobre a indicação do novo diretor de Política Monetária para o BC”, pontuou a economista. “Agora tem uma correção.”
Nos últimos dias, também têm chamado a atenção notícias de que agentes do mercado estão elevando posições no real.
Na última quarta-feira, o JPMorgan recomendou em relatório a clientes uma posição comprada no real (no sentido de alta para a moeda brasileira, queda para o dólar). O banco pontuou que o Brasil segue oferecendo a maior taxa de juros real entre os emergentes.
Nesta sexta-feira, o economista-chefe do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Robin Brooks, fez um tuíte comparando o movimento do dólar ante o real em relação à inflação dos EUA. Por meio de um gráfico, ele pontuou que quando a inflação norte-americana é baixa, o dólar cede ante o real.
“Vai ser um choque para as pessoas, mas o real do Brasil não é realmente sobre o Brasil. É sobre a inflação dos EUA”, comentou. De acordo com Brooks, o “valor justo” da moeda norte-americana, de 4,50 reais, “está chegando”.
Na B3, às 17:29 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,20%, a 4,9410 reais.
No exterior, o dólar seguia com um viés de alta ante outras divisas.
Às 17:29 (de Brasília), o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – subia 0,59%, a 102,690.
Pela manhã, no Brasil, o Banco Central vendeu todos os 16.150 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de junho.
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