A safra de trigo do Brasil poderá cair este ano para cerca de 9,5 milhões de toneladas, versus um recorde de 10,5 milhões de toneladas da temporada passada, apontou a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), com um ajuste na produtividade média agora que o plantio começou no país, apesar da expectativa da área plantada em 2023 ser a maior em 34 anos.
Até o levantamento do mês passado, a Conab repetia os números da safra de 2022 em suas projeções para este ano, uma vez que o plantio não havia começado.
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Mas agora, com o início dos trabalhos nos campos, a estatal revisou para baixo dados de produtividade média em 15,4%, para 2.894 kg/hectare, o que indica uma safra menor em 2023 apesar de expectativa de incremento de área plantada de 7%, para 3,3 milhões de hectares.
“Vemos uma redução em relação à safra passada, quando tivemos boas produtividades na região Sul. Para esta safra, a expectativa é de que produtividades voltem aos níveis normais”, afirmou o gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Fabiano Vasconcellos, durante uma apresentação dos números.
O especialista citou aumentos de área no Paraná, onde a perda de janela ideal para o plantio de uma parte da safra de milho de inverno levou produtores para o trigo este ano. Paranaenses deverão semear 1,345 milhão de hectares, alta anual de 12,5%. Já a área do Rio Grande do Sul, o maior Estado produtor, foi mantida em 1,45 milhão de hectares.
No país, a Conab já contabiliza plantio em 16,8% da área total prevista.
O total projetado para plantio no Brasil em 2023 que deverá se igualar aos 3,3 milhões de hectares vistos pela última vez em 1989.
Antes disso, quando as produtividades médias eram bem menores do que as atuais, de cerca de 1,6 mil kg por hectare, o Brasil chegou a plantar áreas maiores até 3,9 milhões de hectares em 1986, em época em que as compras de trigo do país eram garantidas pelo Estado, que visava manter estoques e preços sob controle.
Menor exportação
Com os números mais baixos para a safra 2023, a Conab reduziu em 100 mil toneladas, para 2,6 milhões de toneladas, a previsão de exportação de trigo pelo Brasil no novo ano-safra, que se inicia em agosto para o cereal, quando a colheita estará começando.
No ano-safra que se encerra em julho, a previsão é de exportações de 2,8 milhões de toneladas, versus um recorde de 3,04 milhões no período anterior, segundo dados da Conab.
À medida que a safra registrou recordes nos últimos anos, o Brasil passou a ser um exportador de volumes mais relevantes, embora seja um importador líquido de trigo.
A Conab disse em relatório que, com a retração do volume importado nos últimos meses, foi reajustado para baixo em 300 mil toneladas o montante estimado de importações no ano-safra que se encerra em julho, para um total de 5,2 milhões de toneladas.
A Conab citou baixa liquidez no mercado de trigo em abril, “visto que os produtores estão focados na safra de verão e a indústria ainda se encontra abastecida”.
Para o novo ano-safra, iniciado em agosto, a estatal também reduziu, em 200 mil toneladas, sua expectativa de importações, para 5,6 milhões de toneladas.
Com isso, o balanço é de estoques finais em 2023 de 1,4 milhão de toneladas, menores do que o esperado até o mês passado, mas ainda acima dos previstos para o final da temporada atual (1,28 milhão de toneladas).
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