Como a Cibra quer faturar R$ 10 bilhões em 2023 vendendo fertilizantes

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Santiago Franco Jamarillo está à frente da Cibrafértil

A vista da sala de trabalho do colombiano Santiago Franco Jamarillo é o mar de Salvador, na Bahia, bem próximo ao polo petroquímico de Camaçari, onde está a principal unidade de produção de fertilizantes da Cibra, empresa que atua há 30 anos no país e que tem como proprietários a norte-americana Omimex, de energia, óleo e gás, e a britânica mineradora Anglo American.

Jamarillo, há 10 anos na empresa, só deixa a Bahia por uma boa causa: estar presencialmente com o time administrativo hoje totalmente digital, visitar algum cliente ou inaugurar uma fábrica, como ocorre nesta quarta-feira (10), com a abertura de uma unidade de processamento de fertilizantes em Sinop (MT), parte dos investimentos de R$ 1,5 bilhão determinados em 2021.

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“Temos uma meta bem clara que é dobrar o tamanho da empresa até 2026. Hoje, processamos 2,2 milhões de toneladas de matéria-prima, vamos a 3 milhões”, diz Jamarillo. “ A Cibra, que começou lá atrás com 200 mil toneladas processadas, tem como meta 5 milhões de toneladas e isso implica investimentos.” No primeiro trimestre do próximo ano, a empresa deve colocar em operação mais uma fábrica hoje em construção, em São Luís (MA). Jamarillo não avança sobre novos locais, mas diz que já há terrenos comprados em várias partes do país.

Mas investir, para Jamarillo, vai além das estruturas físicas. Adepto de modelos digitais e da nova economia, o executivo vem promovendo mudanças drásticas na forma de comércio, nas ferramentas financeiras e até no modo de trabalho como forma de manter um ambiente de inovação fervilhante. Hoje, embora as unidades de produção estejam em 13 cidades, há funcionários espalhados por cerca de 100 cidades. Jamarillo aposta que a digitalização precisa ser incrementada onde for possível e que a inovação vem de ouvir suas equipes.

A Cibra, por exemplo, fez a primeira tokenização para a venda de fertilizantes no ano passado e acredita na sua popularização. Em 2022, a empresa faturou R$ 7,8 bilhões com a venda de fertilizantes para grandes culturas, pecuária e hortifruti. Para este ano são esperados R$ 10 bilhões. “Se não vier este ano, virá em 2024, mas a meta é para agora”, diz ele.

Confira os principais pontos da entrevista sobre o esforço da Cibra na transformação digital de seus negócios:

Forbes: Como tem sido a experiência de usar blockchain para vender fertilizantes no Brasil?
Santiago Jamarillo: O Cibracoin, que é nossa moeda digital, acaba de completar um ano agora em abril. E levamos um ano entre a ideia e o seu lançamento. A sugestão foi da nossa equipe interna e estamos surpresos pela aceitação do produtor, do investidor no mercado. É um produto em evolução e a gente está aprendendo junto os usos e as vantagens. Somos os primeiros no mundo todo a tokenizar fertilizantes. E conversamos muito sobre esse primeiro período de experiência.

F: Como vocês estão atuando na educação para esse mercado da criptomoeda?
SM: Muitos não sabem e ainda não tiveram nenhum contato. Mas também tem exemplos de muito produtor rural que já está operando criptomoedas. São jovens empresários do agronegócio muito mais ligados nisso. Mas são processos da educação mesmo.

A pessoa precisa entender que a moeda digital não está incrementando o seu risco, pelo contrário, ela é uma ferramenta para a sua produção agrícola, para fazer a movimentação física do que já está envolvido no negócio. É uma nova forma de comprar fertilizantes.

F: Como vocês explicam rapidamente para que um produtor entenda o que é o Cibracoin?
SJ: A forma mais fácil de entendimento do mecanismo é associar ao hedge. É uma forma de proteger o valor, não é uma forma de vincular e travar o valor. Então, 1 kg de fertilizante vale um Cibracoin. Essa variação de preço segue a variação do fertilizante. Se for comprado numa janela boa, no momento que o produtor achar adequado, ele pode trocar por fertilizante e pagar a Cibra com com Cibracoin, ou efetivamente revender essa moeda como um criptoativo na Exchange (as bolsas de criptomoesdas).

Hoje, estamos com a Foxbit, já demos um passo a mais e isso tem nos ajudado. Que é diferente da criptomoeda, ela é um stablecoin e está associada a um ativo. Para os investidores que querem entrar no agro é uma forma de entrar e investir. Esse público investidor está chegando e tem muito apetite no mercado por stablecoins ou outros tipos de criptoativos.

F: Como a empresa tem desenhado e implementado a sua jornada digital?
SJ: A moeda digital é um item e faz parte de um pacote. Começamos o marketplace em 2020 acreditando no crescimento das vendas da loja virtual, criamos uma atendente virtual, estamos bastante presentes nas redes sociais.

É um pensamento de ecossistema digital, de estar conectando as várias ferramentas, de mindset de inovação. Queremos trazer mais ferramentas e mais presença digital via distribuidores de fertilizantes. Nosso grande negócio é o acesso direto ao produtor rural, é onde está o nosso maior percentual de venda. Vendas diretas para as cooperativas e revendas de cooperativas também são relevantes em vários lugares do Brasil. Vendas diretas representam mais de 50%.

F: Quanto a digitalização tem mudado nas rotinas da empresa?
SJ: Já vínhamos num processo e quando houve a decisão de fazer essa jornada da digitalização de processos de falar com o cliente, o planejamento era para que fosse natural. Do jeito tradicional, o produtor tinha que esperar uma visita ou uma ligação na fazenda ou no escritório da cidade dele para receber uma oferta de produto. Mas não foi somente isso. A Cibra talvez seja uma das primeiras a operar em home definitivo. Nós temos 13 unidades e funcionários morando em mais de 100 cidades diferentes.

F: No processo de digitalização, as equipes também entraram no formato home office. Qual foi o maior desafio da Cibra, já que o agro chama por um ambiente muito presencial?
SJ: Vimos que nos preocuparmos com a cultura da empresa não era suficiente. O que criamos foram rituais diários para manter a nossa cultura ativa e a presença de todo mundo o tempo todo conectado. Uma pessoa nunca está sozinha ou vai ficar abandonada nas suas funções de trabalho. Hoje, dos cerca de 1.000 funcionários entre administrativo e fábricas, cerca de 500 estão em home office definitivo.

F: Há algum impacto desse modelo quando se olha para a inovação, um setor sempre alvo nas empresas?
SJ: Quando veio a pandemia nós já éramos muito virtuais. Contratar profissionais, independentemente de onde esse profissional mora, atrai talentos. Há uma liberdade de criação e isso é importante. Outro fator é que a idade média da equipe está em cerca de 42 anos, gente com 15 anos, 20 anos de experiência e que se tornam referência para quem entra. Digitalização é um conjunto amplo de ações.

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