O dólar alternava estabilidade e leve queda na manhã desta quarta-feira (26), de olho na melhora do sentimento externo após a redução de temores sobre a saúde econômica dos Estados Unidos, enquanto investidores digeriam dados ligeiramente mais baixos do que o esperado do IPCA-15 de abril.
Às 10:16 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,03%, a R$ 5,0655 na venda.
Na B3, às 10:16 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,03%, a R$ 5,0665.
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de moedas fortes caía 0,43%, depois que resultados melhores do que o esperado de Microsoft e Alphabet deixavam sob controle o medo de haver uma recessão nos Estados Unidos, abrindo espaço para a tomada de risco.
No entanto, investidores mantinham certo grau de cautela em meio às dificuldades de credores norte-americanos de médio porte, o que, segundo Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, tem sustentado apostas de que o Federal Reserve precisará ser mais comedido em seu ciclo de alta de juros.
Isso, por sua vez, tem mantido o dólar em patamares mais baixos a nível global, disse ele.
O banco central dos EUA se reúne na próxima semana para deliberar sobre a política monetária, com ampla expectativa de que encerre seu ciclo de aperto com um último ajuste de 0,25 ponto percentual na taxa de juros.
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Enquanto isso, no Brasil, o avanço dos preços de alimentos e habitação mostrou algum alívio e a alta do IPCA-15 desacelerou mais do que o esperado em abril, levando o índice em 12 meses abaixo de 5% pela primeira vez em pouco mais de dois anos.
Segundo Izac, isso é visto como positivo pelos mercados, já que um arrefecimento da inflação abriria espaço para cortes de juros “saudáveis” por parte do Banco Central.
A Selic elevada, atualmente em 13,75% ao ano, é apontada como um dos maiores pilares de sustentação do real, uma vez que impulsiona os retornos oferecidos pela moeda a investidores estrangeiros. Mesmo assim, cortes de juros graduais que fossem acompanhados de uma redução na inflação –de forma a manter a taxa de juros real em níveis atraentes– provavelmente não afetariam o interesse pela moeda local, afirmou Izac.
O problema, disse ele, seria uma redução de juros “na canetada”, sem aval dos dados inflacionários e por pressão política do governo, o que minaria a credibilidade do real. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado constantemente o BC por cortes na Selic, o que tem causado turbulências pontuais no mercado de câmbio.
O dólar voltou a operar acima de 5 reais depois de recentemente ter visitado os patamares mais baixos desde junho passado, em parte pelos ruídos institucionais em torno da taxa de juros, mas também em grande proporção por conta de temores sobre a implementação da nova regra fiscal do país.
“Foi positivo o governo ter apresentado o arcabouço, porém não está sendo muito crível que ele conseguirá ser cumprido e trazer a credibilidade que o Brasil precisa”, avaliou Izac. Ainda assim, ele ponderou que não acredita numa “explosão” do dólar para patamares muito acima dos atuais.
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