O London Spirits Competition (LSC), concurso britânico que premia os melhores destilados do mundo, anunciou em abril os resultados da sua edição de 2023 – e, por mais curioso que possa parecer, a categoria de destaque, para muitos jurados, foi a de pouco ou zero álcool.

A tendência chamou atenção de um júri estrelado (com bartenders e compradores de bebidas espirituosas, as destiladas, da Grã-Bretanha) em meio à avaliação de milhares de gins, vodkas, uísques e outros destilados.

Cada vez mais aparente nos últimos anos, a onda sem álcool é impulsionada principalmente por uma geração mais jovem, que adota um estilo de vida mais saudável.

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“Existem agora muitos produtos com baixo ou zero teor alcoólico no mercado”, diz Matteo Torresin, chefe de bar do Artists’, no Dorchester Hotel. “A maneira como eles imitam os destilados alcoólicos é impressionante. A Seedlip [coquetel pronto e sem álcool, feito a base de botânicos] estava entre as primeiras do setor, junto com a Lyres, e agora existem muitas outras marcas. É emocionante ver como elas se tornaram populares”, completou.

O especialista disse que gostou particularmente de uma versão não-alcoólica de vermute doce, que, segundo ele, daria em um Negroni sem álcool perfeito. No Dorchester, Torresin diz que vê uma demanda crescente por espumantes com baixo ou sem teor de álcool.

Giusy Castaldo, bartender do bar Kwānt, em Mayfair, diz que também percebeu essa tendência. “Os clientes cada vez mais pedem bebidas não alcoólicas, mas a procura mais alta foi com coquetéis com menos [álcool]. As pessoas ainda querem beber, mas não necessariamente ficar bêbadas, então bebidas com baixo teor alcoólico preenchem todos os requisitos.”

No entanto, no Coral Bar do Bloomsbury Hotel, onde o jurado Tyriq Pitts é barman, os clientes ainda pedem “coisas fortes” e cada vez mais Mezcal. “Sinto que está começando a melhorar”, disse. “Antes, costumava haver um pouco de estigma em torno da bebida, porque as pessoas diziam que ela era muito defumada. Mas fazemos uma margarita com Mezcal em vez de tequila que é muito popular. Os visitantes vão e pedem especificamente por ela”, completou Pitts.

A COMPETIÇÃO

No LCS, os inscritos são avaliados com base em qualidade, valor e embalagem. Os vencedores devem obter uma classificação alta em todos os três critérios.

Cerca de 2.000 marcas de destilados de mais de 80 países disputaram as medalhas na competição deste ano. É um recorde. A Austrália foi o principal participante, com 327 inscrições, junto de 303 produtos do Reino Unido e 138 dos Estados Unidos. 695 candidaturas fizeram do gin a maior categoria, seguida de rum e uísque.

“O London Spirits Competition está se tornando mais conhecido na indústria. Como resultado, estamos recebendo mais inscrições”, diz Sid Patel, CEO da Beverage Trade Network, proprietária e administradora do evento.

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Para o chefe de bar do Duke’s Hotel, Enrico Chiappini, a qualidade dos destilados este ano foi “mais alta em comparação com o ano passado”. Ele completou dizendo que ficou “particularmente satisfeito” ao notar a crescente variedade de inscrições do exterior.

Os juízes elogiaram a qualidade dos participantes. Para eles, os critérios usados ​​para julgar a competição, na qual as bebidas são avaliadas pelo design da embalagem, viabilidade comercial e sabor, dão mais credibilidade aos prêmios. “Esses fatores são realmente importantes”, diz Pitts. “É fácil focar apenas no sabor, mas no final das contas, se não atrair os consumidores e vender, é inútil”, completou.

“Especialmente para as novas marcas em particular, uma das coisas mais importantes é obter reconhecimento e visibilidade”, afirma Rui Tavares, gerente do London Marriott Hotel County Hall. “Tenho um bar de gin há mais de cinco anos e existem algumas marcas que nunca vi antes. Descobri um incrível gin sueco que gostaria de incluir na minha lista, então a competição é uma ótima maneira de aumentar o conhecimento de ótimos produtos estreantes. Além disso, ganhar um prêmio dá ao consumidor mais confiança na marca”, completou.

Quanto à embalagem e design, Tavares, que é jurado do LSC há cinco anos, disse que sua importância não deve ser subestimada. “É muito importante porque as pessoas compram com os olhos e, quanto mais atraente for a embalagem, maior será a probabilidade de investir nela”, disse.

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