A Inteligência Artificial não substituirá bons empreendedores

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Máquinas conseguem pensar em modelos de negócio, mas não conseguem tirar uma empresa do papel

Nas últimas semanas, o que mais tenho visto são pessoas e veículos falando sobre as novas Inteligências Artificiais (IAs), e as consequências de seu surgimento para a economia e a sociedade: os possíveis desdobramentos para o trabalho, as profissões que vão desaparecer por causa delas, os papos de singularidade tecnológica ou o medo das máquinas adquirirem consciência. São discursos alarmantes e que vem gerando uma preocupação enorme em certas pessoas. Porém com você, empreendedor, não precisa ser assim.

As opiniões se dividem. Há os histéricos, que acham que o mundo em breve vai ser dominado pelas máquinas, e os apáticos, que não ligam para isso. Há os que estão aprendendo freneticamente a usar cada uma das IAs para facilitar a vida e os que nem sabem que elas existem. Finalmente, há os que sabem que essa nova tecnologia jamais será capaz de fazer o que os humanos fazem. Eu me encaixo um pouco em cada um deles.

Qual minha avaliação sobre isso? Em primeiro lugar, já se cometeu um erro ao escolher o nome. A inteligência artificial não é uma inteligência. As tentativas de encontrar paralelos entre o cérebro humano e os computadores é um autoengano. O cérebro não é como um computador, isso é uma metáfora, não uma metonímia.

Um organismo inteligente é aquele que observa a si mesmo, coisa que uma máquina não faz. Ela aprende, isso podemos afirmar. A aprendizagem é a mudança de comportamento resultante de uma prática ou experiência anterior, então o que a máquina faz é receber infinitos inputs e aprender a partir deles. É óbvio que, a partir de milhões de informações que foram criadas e desenvolvidas por humanos, a máquina vá “imitar” os humanos e responder como uma pessoa responderia. Porém, isso não significa que a máquina tenha consciência de si mesma.

Humanos e máquinas

O que isso tem a ver com os negócios ou com você? Essa reflexão é bem interessante e pode te fazer ter novas ideias. A mais importante delas é: o que tornará você insubstituível por uma máquina é exatamente o que torna você humano. Ou seja, sua habilidade complexa de pensar, refletir, criar conceitos, unir referências para criar algo novo, ter empatia, construir conexão emocional e desenvolver pensamentos abstratos.

Um dos únicos trabalhos que consigo pensar de bate pronto, que será difícil demais de ser substituído por uma máquina, é o de um empreendedor. Não de qualquer empreendedor, mas de um bom empreendedor. Pense comigo: é certo que a máquina consegue pensar em um modelo de negócios, ideias de produto, de conteúdo, criar um plano de divulgação de marketing, mas ela não consegue efetivamente executar tudo isso e tirar um negócio do papel. Ela consegue pegar estatísticas e te falar o melhor nicho segundo os dados, mas não consegue fazer uma análise subjetiva sobre problemas do dia a dia de um público específico e criar uma solução inovadora.

E isso me leva à minha afirmação sobre bons empreendedores não serem substituídos por máquinas. Isso inclui você. O que um empreendedor deveria fazer não é apenas o trabalho de planejar ou de analisar dados, mas sim de criar. E criar, aqui, é usar a habilidade exclusivamente humana de identificar dores e desejos de outros humanos, e pensar em soluções viáveis, inovadoras e criativas para resolvê-los.

Ação estratégica

O trabalho de um empreendedor também é agir estrategicamente. A estratégia consiste em analisar cenários, mercados, concorrentes, o público e concluir qual a melhor direção para guiar o próprio negócio em todas as áreas, de forma a aproveitar as oportunidades e se preparar para as ameaças. Além disso, o que faz um empreendedor ser diferente e superior a uma máquina é sua habilidade de executar tudo aquilo que precisa ser feito.

A máquina pode montar um cronograma de conteúdo para uma rede social do seu negócio, mas não será ela que postará esse conteúdo ou analisará a resposta subjetiva de seus seguidores através de comentários e mensagens individuais. Também não é a máquina que saberá dizer exatamente o que um conteúdo tinha de especial para tocar um outro ser humano e gerar nele o desejo de comprar algo, tampouco explicar a emoção ou sentimento profundo que foi despertado nessa outra pessoa.

É bem possível que você esteja colocando a maior parte da sua energia em coisas que uma máquina poderia fazer, e deixando de lado aquilo que te torna tão valioso, como humano e como profissional.

Por isso, quero deixar aqui uma reflexão final para você: o que você faz hoje que poderia ser feito por uma máquina? E o que não poderia?

Isabela Matte tem 24 anos, é empreendedora, mãe, mentora e influenciadora digital. Criou seu primeiro negócio aos 12 anos, foi reconhecida em 2018, através do ranking Forbes Under 30, como uma das jovens mais influentes do país, e, além de liderar 3 empresas, já ajudou mais de 6 mil alunas a empreender. Dentre suas iniciativas, é fundadora e CEO da Isabela Matte e Isabela Matte Academy.

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