O cenário não é positivo para as empresas que buscam crédito na praça. Os juros altos no Brasil – e no resto do mundo – fizeram diminuir o volume de capital disponível para investimentos em venture capital, private equity, abertura de capital, entre outros.
No entanto, uma modalidade ainda incipiente no Brasil se mostra resiliente: são os “search funds”, também chamados de empreendedorismo por aquisição. O modelo busca cobrir uma parcela de mercado que está longe do olhar dos investimentos comuns, que focam em grandes empresas e startups. O alvo são as empresas de porte médio.
Segundo André Iaconelli, fundador do search fund OUMUA Capital, grandes empresas são alvo de private equities que buscam participação ou de grandes fundos interessados em uma abertura de capital. Já o venture capital e as rodadas em séries buscam startups com grande potencial de crescimento.
“As médias empresas estão nesse meio-termo, fora do radar de grandes fundos. Entretanto, isso não significa que elas não ofereçam potencial de retorno. Ao contrário, trata-se de um risco muito menor de investimento”, diz Iaconelli.
Por serem empresas já estabelecidas no mercado, com produtos consolidados, lucro operacional e bom volume de receita, o investidor afirma que o risco do “empreendedorismo por aquisição” é menor do que outras modalidades de investimento, com retorno anual na faixa de 30%.
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Não se trata de um conceito novo. Os search funds surgiram na década de 1980 nos Estados Unidos, mas são menos estabelecidos fora do país. Um estudo feito pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) em parceria com a IE University e a auditoria Grant Thornton mostra que, dos 211 search funds que existem fora dos EUA, apenas 24 deles estão no Brasil.
A denominação de “empreendedorismo por aquisição” por brasileiros tem razão de ser. O conceito do fundo com o investimento em um único ativo e a compra integral de uma empresa. Iaconelli afirma que, embora haja vantagens em uma estratégia de diversificação de investimentos, a dedicação integral a uma única empresa é um diferencial importante dos search funds.
O negócio acontece com o apoio de outros investidores ao search fund. No caso da OUMUA Capital, Iaconelli conta com o apoio dos investidores institucionais Kviv e KYR Capital, no Brasil, AIJ Holdings, Invesiones Cabeides, JB46 e Istria, na Europa, Alza e Cerralvo, no México, e Kinderhook, nos EUA.
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Os “searchers” não buscam empresas que estão com dificuldade financeira para reerguê-las. A busca é por empresas que estão bem estruturadas, com potencial de crescimento para capitalizá-las.
“A entrada de capital é para destravar e agregar valor. O objetivo é profissionalizar as operações, lançar novos produtos, abrir novos mercados e comprar concorrentes. Tudo depende do momento da empresa e da sua proposta. O importante é que seja uma empresa com boa estrutura”, diz Iaconelli.
A OUMUA Capital tem R$ 120 milhões para investir e o aporte deve ocorrer até o fim deste ano. A busca é por companhias com lucro operacional (Ebitda) acima de R$ 10 milhões anuais. Segundo o fundador, já há algumas propostas em análise. “O Brasil possui um universo gigantesco de empresas médias, com características muito atraentes para Search Funds, então acredito que o mercado seguirá avançando”, diz Iaconelli.
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