Estudos mostram que, quando dada a chance, as mulheres são tão capazes de negociar seu salário quanto os homens – mas essa oportunidade não se apresenta com tanta frequência para elas. Outra pesquisa descobriu que quando a possibilidade de negociação salarial é explicitada, as mulheres são tão propensas quanto os homens a negociar salário.
Ambos os estudos implicam que as negociações salariais só começam quando outra parte – como um gerente ou recrutador – inicia uma conversa ou menciona que o pagamento para uma posição aberta é negociável. O primeiro foi além, mencionando que os empregadores precisam ser proativos em oferecer mais oportunidades de negociação para as mulheres.
Respeitosamente, eu discordo. As mulheres precisam ser mais proativas em encontrar oportunidades de negociação com os empregadores.
Essa é uma frase ousada, eu sei. Se você está se perguntando “Esta é uma chamada para todas as mulheres levantarem e irem trabalhar?“, garanto que não. Não podemos esperar pela chance ou possibilidade, temos que buscá-las.
Hoje, mulheres mais jovens estão negociando mais do que as funcionárias millennials e das gerações X e baby boomers. Mas a disparidade salarial entre homens e mulheres só diminuiu dois centavos de dólar nos últimos 20 anos – apesar de ser quase inexistente quando comparamos homens e mulheres solteiros e sem filhos.
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Falar por si mesma vale mais do que ter um aliado
Nos últimos meses, tenho visto cada vez mais postagens nas redes sociais sobre como um “aliado” ajudou uma mulher a aumentar seu salário. Recentemente, li um post em que um gerente de contratação foi elogiado por enviar mensagens de texto secretamente com informações de remuneração para mulheres durante rodadas de entrevistas virtuais. Os aliados são ótimos, mas seu apoio é temporário, na melhor das hipóteses. A menos que eles estejam morando com você, analisando seus gastos e hábitos de poupança e trabalhando por você, eles estão apenas adivinhando o que você traz para a empresa e o salário que merece.
Esse é um chamado para mães trabalhadoras com mais de 35 anos agirem e não dormirem no ponto. À medida que você sobe na carreira e a remuneração se torna mais competitiva, a disparidade salarial entre homens e mulheres se torna mais significativa. A PayScale, uma provedora de dados de remuneração, mostra que as mulheres atingem seu pico de renda aos 44 anos. É fundamental que as mães que trabalham saibam falar por si mesmas e aperfeiçoem suas habilidades de negociação. As consequências de não fazer isso podem ser um impacto financeiro de longo prazo não apenas sobre elas, mas também sobre suas famílias.
Estratégias para negociar seu salário
De candidatos a membros atuais da equipe, os empregadores provavelmente não vão convidar os funcionários para negociar seus salários. Poucos gerentes pesquisam e tomam proativamente medidas para erradicar a “penalidade de maternidade” – redução dos salários e oportunidades a que muitas mulheres que se tornam mães são submetidas. Os países precisam adotar práticas mais equitativas no trabalho, incluindo transparência salarial? Com certeza. As mulheres são vistas como menos contratáveis, menos simpáticas e menos propensas a serem promovidas? Sim. Mas enquanto nós, mulheres, esperamos que as normas sociais mudem, ainda temos que pagar as contas. Então vamos negociar nossos salários.
Comunique seu valor em números
Os dados têm o poder de trazer autoconfiança. Aproveite isso tendo todas as informações necessárias para responder a perguntas de acompanhamento, como porcentagens de tempo ou dinheiro economizado na sua função, equipes impactadas ou o tamanho dos orçamentos gerenciados. Encorajo minha equipe a não esperar até a revisão anual de desempenho – para sustentar seu caso de aumento salarial, espera-se que você mantenha um registro trimestral de vitórias, realizações e desenvolvimento profissional (incluindo projetos especiais, treinamento e certificados).
Não pesquise apenas benchmarks do setor, pesquise a empresa que mantém seu CEO acordado à noite
É seu trabalho conhecer o principal concorrente da sua empresa. Seja ousada. Pesquise o salário e os benefícios da função comparável com a sua oferecidos na referida empresa e comunique essa informação durante as negociações.
Conheça a variação entre o que você precisa ganhar e o que você quer ganhar
O delta, ou a diferença entre esses dois números, é o seu espaço de manobra. Lembre-se de que quase tudo está em negociação. Depois que benefícios, um plano de aposentadoria, opções de ações ou um compromisso para um aumento futuro são considerados, a variação entre esses dois números pode ser menor.
Desenvolva esta estratégia para negociar seu salário
Minha estratégia de negociação favorita é um truque psicológico chamado “contraste”. Eu também pesquiso a média de remuneração para a função e depois defino meu salário desejado e um salário confortável. Mas 12 horas antes das negociações, repito continuamente um número astronomicamente superior ao confortável. Quando entro em negociação e repito o salário confortável, o efeito de contraste fará com que ele pareça razoável para mim.
Eu pratiquei e aperfeiçoei isso junto com outros pontos-chave de discussão em campos de negociação. Pessoalmente, me ajudou a negociar um aumento médio de salário de 64% sempre que comecei em uma nova empresa. É agressivo, mas quando feito com calma, tem bastante sucesso. O contraste também me ajuda a superar qualquer sentimento de síndrome da impostora durante as negociações, já que também sou uma mãe que trabalha.
Pense que ninguém te fez um favor ao te contratar, você é compensada com a expectativa de entregar resultados. Se você exceder essas expectativas, levante a mão e busque o que merece. Os aliados são maravilhosos, mas não são a melhor estratégia para garantir o salário mais alto que você acha que merece. Ninguém se preocupa mais com a sua carreira do que você, e sua estratégia determinará se sua família sofrerá uma perda significativa de remuneração durante sua trajetória profissional. Um pensamento assustador, mas que diz muito: bocas fechadas não são alimentadas.
*Christine Michel Carter é colaboradora sênior da Forbes USA. Ela é diretora de estratégia de marketing da empresa americana Lexia Learning, palestrante, autora de best-sellers e conhecida como “mãe do LinkedIn” pelo New York Post.
(traduzido por Fernanda de Almeida)
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