Como “micróbios do bem” ajudam humanos e também animais

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Mage/ArmHammer

Parte do necessário para que vacas fiquem satisfeitas tem a ver com os microbiomas de seu sistema digestivo

Nas aulas de biologia, aprendemos sobre a “teoria celular” – o fato de que nossos corpos são compostos de trilhões de células que ativam diferentes partes de seu DNA para se especializar em várias funções corporais (nervos, veias, músculos, gordura , osso…). Mas, na verdade, há muitas células em nós que não são “humanas”, e que também podem desempenhar papéis desejáveis ​​ou indesejáveis.

Um exemplo negativo desse papel são as várias bactérias que vivem na pele e geram odores corporais nem sempre agradáveis. Do lado positivo, há uma população enorme e diversificada de micróbios que em nosso sistema digestivo e – se esse “microbioma intestinal” for bem preenchido com cepas de “mocinhos” –, desfrutamos de muitos benefícios para a saúde, desde uma melhor digestão até uma função mental aprimorada, o que melhora a resposta imunológica.

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A saúde do microbioma também é muito importante para os animais que nos fornecem carne, ovos e laticínios. Nos últimos anos, houve uma mudança acentuada sobre a complexa dinâmica dessas comunidades microbianas. Essa revolução foi possibilitada pelo custo cada vez menor da tecnologia de sequenciamento de DNA – uma ferramenta que permite identificar esses micróbios com rapidez e precisão no nível da espécie – algo que nunca foi possível apenas cultivando-os em laboratório.

A Arm & Hammer Animal and Food Production, em New Jersey (EUA), empresa de nutrição animal e produtos para melhor o desempenho alimentar, no mercado desde a década de 1930, por exemplo, comercializa produtos à base de bicarbonato de sódio. A empresa faz parte do grupo Church and Dwight, fundada há 178 anos, e que atua no setor de bens de consumo, com foco em cuidados pessoais, produtos domésticos e especiais.

A Arm & Hammer entrou para a elite dos microbiomas por meio da aquisição da Agro BioSciences.  Essa empresa está utilizando modernas tecnologias para rastrear a “saúde intestinal” dos animais de produção, mas também de forma mais ampla para entender o que seus pesquisadores chamam de “terroir microbiano”.

Semelhante ao conceito de terroir na produção de vinho, que engloba o ambiente em que as uvas são cultivadas, a empresa avalia o ambiente, a alimentação e os sistemas de criação dos animais para ver quais influências podem impactar a saúde e a produtividade dos rebanhos. Além disso, usando amostras de esterco e tecido, eles podem ver o que está acontecendo no organismo desse animal.

No ScienceHearted Center, em Waukesha, Wisconsin, a Arm & Hammer oferece análises laboratoriais para produtores de leite, carne bovina, suínos e aves para diagnosticar problemas de produção ou saúde. Pode-se identificar patógenos presentes e caracterizar os níveis dos principais organismos benéficos. Por exemplo, se houver vários aviários separados em uma granja e a taxa de crescimento em um aviário estiver atrasada, pode ser em função de um desequilíbrio microbiano ou pela presença de bactérias patogênicas. Da mesma forma, se a produção de leite de determinadas vacas leiteiras estiver abaixo do padrão, pode haver um problema de microbioma.

Abordar questões de microbioma é um jogo de correspondência, encontrando a cepa ou cepas corretas de bacilos que irão inibir o crescimento dos patógenos identificados na análise de laboratório. Ao longo dos anos, a Arm & Hammer identificou e isolou mais de 30.000 cepas de Bacillus que são utilizados para encontrar a combinação certa de “boas bactérias”.

Essa abordagem natural e sem antibióticos para o controle de patógenos permite que os agricultores enfrentem os desafios sem que sejam necessárias prescrições farmacêuticas.

A Arm & Hammer não é a única empresa que procura fornecer um produto probiótico natural para os agricultores. No entanto, poucas ou nenhuma outra possui uma biblioteca tão ampla de cepas de Bacillus alojadas no ScienceHearted Center. Combinar a biblioteca Bacillus com recursos de pesquisa e desenvolvimento de produtos fornece aos cientistas combinações virtualmente ilimitadas para encontrar o nível “exato” de unidades formadoras de colônias (CFUs).

“Saúde intestinal” e “probióticos” são tópicos da moda nos dias atuais, mas há uma longa história por trás desses conceitos. No início dos anos 1900, um prêmio Nobel russo, chamado Elie Metchnikoff, começou a documentar os benefícios para a saúde humana dos micróbios usados ​​para fazer alimentos fermentados, como o iogurte. O termo “probiótico” foi cunhado por um cientista alemão, chamado Werner Kollath, em 1953 e hoje existem muitos alimentos e suplementos comercializados com base em vários benefícios de saúde e bem-estar que podem advir do consumo de organismos vivos e benéficos.

Em uma frente preventiva semelhante, a Arm & Hammer também possui outros suplementos alimentares para os quais foram capazes de documentar os benefícios do microbioma. Por exemplo, um de seus produtos para a pecuária é baseado em material de parede celular de levedura, que é digerido para produzir açúcares específicos que agem como um prebiótico. A estrutura única da parede celular também liga micotoxinas e organismos gram negativos (muitas vezes patogênicos), permitindo que sejam removidos do intestino do animal antes que possam causar problemas de saúde.

A empresa estendeu sua linha de produtos até para as camas das vacas nas instalações de gado leiteiro. O aumento atual na adoção de iniciativas de sustentabilidade em fazendas leiteiras criou um subproduto da cama que ajuda a reduzir o impacto ambiental, mas aumenta a possibilidade de problemas de saúde. O uso de bactérias benéficas adicionadas à cama das vacas, assim como no intestino, evita o crescimento de patógenos.

Um produto similar também está disponível para uso em granjas de aves e suínos para controlar patógenos, odor e aumentar a retenção de nitrogênio no esterco. No geral, este é um exemplo encorajador do uso de tecnologia avançada com soluções naturais para melhorar a saúde e o bem-estar animal, além de produção eficiente e utilização de recursos.

* Steven Savage é colunista da Forbes EUA, biólogo pela Universidade de Stanford e doutor pela Universidade da Califórnia, em Davis. (tradução: V.Ondei)

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