Nesta terça-feira (28), o Ibovespa descolou da queda dos mercados internacionais e fechou em alta de 1,52% a 101.185,09 pontos, totalizando um volume financeiro de R$ 20,8 bilhões. O pregão foi sustentado apesar da divulgação da Ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Na reunião, realizada em 21 e 22 de março, a taxa Selic permaneceu em 13,75% ao ano. O Comunicado que acompanhou a decisão reduziu a probabilidade de um corte nos juros no curto prazo. Hoje, o BC (Banco Central) divulgou a Ata da reunião, dizendo que a convergência da inflação à meta requer “serenidade e paciência”.
Segundo Camila Abdelmalack, economista da Veedha Investimentos: “o Banco Central reforçou o discurso de combate ao processo inflacionário no Brasil, mostrando que não há como sair de uma política econômica restritiva para uma expansionista, trazendo um movimento de desinclinação da curva de juros do Brasil, consequentemente melhorando o real em relação ao dólar”. O câmbio fechou em R$ 5,165, uma queda de 0,80% em relação à véspera, indicando a perspectiva do mercado de elevação dos juros.
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta tarde que irá discutir na quarta-feira (29) com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, sobre o novo arcabouço fiscal, em uma reunião que será “conclusiva”. Além disso, Haddad fez também comentários sobre a ata do último encontro do Copom.
“Acredito que (a ata do Copom) está em linha com o comunicado. Mas, da mesma forma que aconteceu no Copom anterior, a ata, com mais tempo de preparação, veio com termos, eu diria, mais condizentes com as perspectivas futuras de harmonização da política fiscal com a política monetária, que é o nosso desejo desde sempre”, disse o ministro da Fazenda.
Segundo André Fernandes, especialista da A7 Capital: “caso o arcabouço agrade o mercado quando for divulgado, tomando como histórico do nosso presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que no passado aguardou a votação da reforma da previdência para começar a cortar a Selic em 2019, podemos aguardar um movimento parecido para a próxima reunião do Copom caso o arcabouço seja divulgado a tempo. Esperamos Selic para o fim do ano entre 12,50% e 12,75%”.
Destaques do dia
Liderando a alta do dia, as ações da seguradora de saúde Hapvida (HAPV3) tiveram um salto de 18,47% a R$ 2,63. Segundo Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos: “O movimento foi reflexo da informação de que bancos analisam uma oferta de ações primária, com a família Pinheiro, controladora da companhia, se comprometendo a exercer seu direito de prioridade, com a subscrição de R$ 360 milhões. Além disso, a empresa teve sua recomendação elevada a overweight pelo J.P. Morgan”.
Na ponta negativa, os papéis da Rede D’Or (RDOR3) recuaram 4,84% a R$ 20,00, distanciando-se do pior momento quando renovou mínima histórica intradia, um dia após divulgar queda de 32,7% no lucro líquido do quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior. De acordo com o grupo de saúde, os efeitos diretamente relacionados à Covid-19 ainda impactaram o Ebitda, que caiu 3,6%, com declínio também em margem, sobretudo na segunda metade do trimestre.
No exterior
Nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street tiveram um dia de queda após sessões de ganhos para o S&P 500 e o Dow Jones, impulsionados por medidas de apoio ao setor bancário e um acordo para compra de ativos do Silicon Valley Bank. As ações dos bancos se recuperaram acentuadamente na segunda-feira (27), após o First Citizens BancShares Inc dizer que iria adquirir os depósitos e empréstimos do SVB, cujo colapso no início deste mês provocou uma onda de vendas no setor.
Na Europa, os mercados de ações tiveram um dia estável, em meio a temores persistentes de uma crise mais profunda provocada pelo colapso do Credit Suisse e de dois bancos norte-americanos. O principal supervisor do Banco Central Europeu estava preocupado que a recente liquidação nas ações do Deutsche Bank mostre que os investidores estão no limite e podem se assustar com movimentos no mercado de credit default swaps (CDS).
Na Ásia, as ações de Hong Kong subiram, uma vez que os temores dos investidores de um estresse bancário mais profundo diminuíram depois que o Silicon Valley Bank garantiu um comprador. As ações chinesas, no entanto, foram pressionadas para baixo pelas empresas de tecnologia da informação.
(Com Reuters)
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