Mar mais quente leva bactérias comedoras de carne para costa dos EUA

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Infecções por bactéria comedora de carne têm aumentado ao longo da Costa Leste dos EUA

A mudança climática pode estar levando uma bactéria potencialmente mortal que habita o oceano e é capaz de causar infecções carnívoras ao longo da costa leste dos Estados Unidos. Pesquisadores fizeram o alerta ontem (23), na mais recente adição à longa lista de maneiras pelas quais o aquecimento global ameaça não apenas o meio ambiente, mas também a saúde e o bem-estar.

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Vibrio prejudicial, uma bactéria da mesma família da causadora da cólera, vive naturalmente em água morna e salgada e pode infectar feridas, mordidas ou cortes em contato com a água do mar.
Infecções são raras, mas podem trazer risco de vida – pode matar até uma em cada cinco pessoas infectadas, às vezes em apenas um ou dois dias após adoecimento – e é capaz de causar fasciíte necrotizante, o termo médico para uma infecção “comedora de carne“.
As infecções têm aumentado constantemente ao longo da Costa Leste dos EUA nos últimos 30 anos, de acordo com pesquisa publicada na “Scientific Reports” ontem, subindo de cerca de 10 por ano para 80 por ano.
Os pesquisadores disseram que as infecções costumavam ser localizadas no Golfo do México e ao longo da costa sul do Atlântico e eram raras ao norte da Geórgia, mas uma análise dos dados do CDC revelou que elas estão se movendo constantemente para o norte e agora podem ser encontradas ao norte da Filadélfia.
Levando em conta o aquecimento das temperaturas e o envelhecimento da população – os idosos são muito mais suscetíveis a infecções – os pesquisadores preveem que a expansão da bactéria para o norte pode chegar até as áreas densamente povoadas ao redor de Nova York nos próximos 20 anos e o número de infecções anuais dobrará.
Usando modelos climáticos menos otimistas, em que as emissões de carbono não são mantidas baixas, os pesquisadores disseram que as infecções podem aumentar de 140 a 200 casos por ano até o final do século e se espalhar para todos os estados da Costa Leste.

Elizabeth Archer, pesquisadora de pós-graduação da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, e principal autora do estudo, disse à Forbes que as descobertas apontam para o impacto mais amplo que as mudanças climáticas estão tendo no meio ambiente. Dada a sua sensibilidade à temperatura, Archer disse que a Vibrio é “uma espécie de barômetro microbiano da mudança climática”, acrescentando que a pesquisa destaca como “é importante cuidar do ambiente costeiro”.

As bactérias são partes naturais do ecossistema costeiro e a eliminação não é viável nem razoável. “Não podemos simplesmente erradicá-las do ambiente em que ocorrem naturalmente”, disse Archer, enfatizando a necessidade de prevenir infecções em primeiro lugar.

O estudo não pode atribuir definitivamente a migração de Vibrio para o norte à mudança climática causada pelo homem, embora as previsões voltadas para o futuro levem isso em consideração. A bactéria também está presente em outras partes dos EUA, por exemplo, na Costa Oeste, mas os pesquisadores não examinaram como isso mudou ao longo do tempo.

Archer disse que os dados de saúde foram limitados para partes do México que sofrem infecções, por isso não é certo se os casos aumentaram ou se espalharam por lá. Mais pesquisas serão necessárias para obter uma visão abrangente, disse Archer, acrescentando que este estudo é o primeiro a mapear como as infecções mudaram em vez de relatar casos esporádicos.

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Cientistas apontam a atividade humana como causa das mudanças climáticas. Os impactos são drásticos e de longo alcance. Estão aumentando a frequência de fenômenos climáticos perigosos, como tempestades, ondas de calor, ondas de frio, inundação e incêndios florestais, além de aumentar sua gravidade.Há efeitos indiretos marcantes que as mudanças climáticas têm sobre a saúde e o bem-estar das pessoas, seja por danos diretos de tais fenômenos, que também podem contribuir para a disseminação de doenças, seja por aumentar os riscos de surgimento de novos patógenos ou expansão de outros já existentes, como a migração da febre do vale fora do sudoeste dos EUA. O calor representa especificamente um risco direto à saúde e também agrava condições de saúde mental, dificulta o funcionamento cognitivo e nos torna mais agressivos.

(Traduzido por Patrícia Junqueira)

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