Dólar opera instável após tom duro do Copom

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Dado Ruvic/Reuters

Mulher manuseia notas de dólar

O dólar operava entre perdas e ganhos nesta quinta-feira (23), rondando a estabilidade frente ao real depois que o Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75% na véspera e não deu indícios de planejar cortá-la em breve, adotando tom duro mesmo diante das críticas do governo.

Às 9:55 (horário de Brasília), o dólar à vista operava estável, a R$ 5,2363 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,1%, a R$ 5,2455.

Além da manutenção da taxa básica de juros, o BC não apresentou sinal concreto sobre um eventual afrouxamento monetário à frente, contrariando expectativas no mercado e no governo por uma indicação sobre o momento em que poderia iniciar os cortes na taxa básica de juros.

“O Banco Central não se deixou ‘sensibilizar’ pelas constantes demandas do governo pelo início do afrouxamento monetário e mandou um recado duro, ao citar novamente o risco fiscal como importante fator”, disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Por outro lado, investidores mostravam preocupação com possível aumento das tensões entre o governo e a autoridade monetária na esteira do Copom. Na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já disse que considerou o comunicado da decisão de juros “muito preocupante”, na mais recente crítica ao patamar da Selic.

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“A reação foi inevitável, mas mascara a ausência de um plano fiscal crível e busca culpados pelos erros que, agora, partem do governo e demonstra a busca por um bode expiatório para um crescimento econômico fraco que ocorrerá em 2023”, opinou Vieira.

Quanto mais altos são os juros no Brasil, mais o real tende a se beneficiar, uma vez que fica atraente para estratégias de “carry trade”, que consistem na tomada de empréstimo em país de taxas baixas e aplicação desses recursos em praça mais rentável.

Esse atrativo ganha ainda mais força diante de sinais de moderação da postura de política monetária do Federal Reserve, que na véspera subiu os juros em apenas 0,25 ponto percentual e indicou que pode pausar seu ciclo de aperto antes do esperado na esteira das recentes turbulências no setor bancário.

“Na nossa avaliação, aumentaram as chances de o ciclo de altas de juros ser encerrado já na próxima reunião em maio”, disse o Bradesco em relatório.

No entanto, permanecia alguma cautela nos mercados, depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, disse em entrevista coletiva que o banco central ainda pretende combater a inflação e observará os próximos dados econômicos e a evolução dos efeitos de um esperado aperto das condições de crédito.

O índice do dólar contra uma cesta de pares fortes alternava estabilidade e leve queda nesta manhã, oscilação que parecia contaminar o mercado de câmbio brasileiro.

Na véspera, o dólar spot fechou o dia cotado a R$ 5,2364 na venda, em baixa de 0,17%.

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