Por que o Brasil permanece em alerta máximo para gripe aviária

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Baiajaku/Guettyimages

Gripe aviária pode trazer grandes prejuízos econômicos ao Brasil

Nos últimos dias, o mercado acendeu um forte alerta sobre o surto de gripe aviária que tem acometido países da América Latina, dentre eles Argentina, Venezuela, Uruguai, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador e mais recentemente o Chile.

O Brasil é um dos pouquíssimos que ainda não foi afetado. Para começar, é interessante entendermos o que é a gripe aviária. Há vários tipos de vírus da influenza que causam a doença. Mas, um dos mais comuns e preocupantes é o H5 N1 e essa variante costuma ser mais agressiva entre as aves. Isso é importante para a gente entender. Ela é muito mais comum em aves do que em humanos.

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Pela característica genética desse mesmo vírus, as proteínas da sua superfície não são eficientes quando tentam se ligar às células humanas e isso acaba dificultando sua transmissão.
Dito isto, fica fácil entender que o temor que a gente tem dessa enfermidade fica concentrado nas perdas econômicas que ameaçam a produção de aves e ovos nos países produtores.

No Brasil, o valor bruto da produção da carne de frango atingiu R$ 109 bilhões em 2022. No ano passado foram mais de 14 milhões toneladas produzidas, das quais quase 5 milhões de toneladas foram exportadas, com um consumo per capita de 43 kg. Ou seja, um consumo de 43 kg por habitante ano aqui no Brasil. É um mercado de peso para a economia brasileira e considerado chave, tanto para o abastecimento interno quanto para a segurança alimentar do brasileiro.

Ela (a gripe aviária) é uma das principais preocupações e a transmissão do vírus, através do contato dos animais domésticos com as aves selvagens migratórias, é o que torna difícil o controle da doença e muito fácil a sua disseminação, mesmo contando com controle sanitário rigoroso e a atenção redobrada das defesas sanitárias.

Se o Brasil for afetado certamente terá grandes prejuízos produtivos, mas se conseguir passar ileso será beneficiado, tanto no contexto da manutenção de sua produção como das exportações. Vamos falar um pouquinho mais nas próximas semanas sobre esse assunto, conforme ele se torne obrigado pela atenção que merece.

* Lygia Pimentel é médica veterinária, economista e consultora para o mercado de commodities. Atualmente é CEO da AgriFatto. Desde 2007 atua no setor do agronegócio ocupando cargos como analista de mercado na Scot Consultoria, gerente de operação de commodities na XP Investimentos e chefe de análise de mercado de gado de corte na INTL FCStone.

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