Bitcoin passa no teste após semana de estresse bancário

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Dado Ruvic/Reuters

Representação ilustrativa do bitcoin

À medida que a crise persegue o mundo tradicional de ações e títulos, o bitcoin parece um porto seguro inesperado. A criptomoeda parece positivamente forte e saudável, enquanto um colapso bancário leva os mercados aos braços de uma recessão.

O bitcoin subiu 21% este mês, enquanto o instável S&P 500 perdeu 1,4% e o ouro ganhou 8%.

“Em um ambiente em que houve corridas bancárias sucessivas porque os bancos centrais estão tentando combater a inflação com elevações rápidas de juros, você tem uma confirmação bem próxima da tese para se ter bitcoin”, disse Stéphane Ouellette, presidente-executivo da FRNT Financial.

A correlação de 30 dias do bitcoin com o S&P 500 caiu para 0,12 negativo na semana passada, onde uma medida de 1 indica que os dois ativos estão se movendo em sincronia.

Resta saber se a alta do bitcoin vai durar à medida que as atenções se voltam para a reunião do Federal Reserve nesta semana, em que o banco central dos Estados Unidos tentará equilibrar o combate à inflação com ações para conter as tensões no mercado bancário.

“O argumento pessimista seria que estas dinâmicas são temporárias e que, no final, este rali (do bitcoin) não vai durar”, disse Ouellette.

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A alta do bitcoin não se deve apenas ao argumento da segurança contra inflação. O rápido aumento dos preços forçou alguns vendedores a descoberto a reduzirem apostas e comprarem moedas de volta.

Dados da Coinglass mostram que operadores liquidaram US$ 300 milhões em posições de criptoativos na segunda-feira (20), com a maior parte desse total – US$ 178,5 milhões – sendo posições vendidas.

No entanto, o bitcoin está ressurgindo, comandando quase 43% do mercado total de criptomoedas, sua maior participação desde junho passado, de acordo com dados da CoinMarketCap. Enquanto isso, o valor total do mercado de criptomoedas saltou 23%, para US$ 1,1 bilhão desde 10 de março.

“Estamos vendo um retorno ao ethos central do bitcoin, o de ser um ativo financeiro independente da opacidade e intromissão do sistema financeiro centralizado”, disse Henry Elder, chefe de finanças descentralizadas (DeFi) da gestora de investimentos em ativos digitais Wave Digital Assets.

A crise bancária também alimentou algum interesse no DeFi, com o valor total dos tokens vinculados a essas plataformas subindo para US$ 49 bilhões, de US$ 43 bilhões na semana passada, segundo o DappRadar.

Bitcoin em uma crise bancária

Nem todas as áreas do mundo digital ficaram imunes às consequências das turbulências recentes no setor bancário. A segunda maior stablecoin Circle USD ou USDC perdeu a paridade de 1:1 em relação ao dólar após divulgar que suas reservas estavam depositadas no Silicon Valley Bank, que quebrou na semana passada.

À medida que se espalham as preocupações sobre a capacidade do USDC de manter sua paridade, seu valor de mercado caiu para US$ 36,8 bilhões na última sexta-feira (17) ante US$ 43,8 bilhões na semana anterior, mesmo quando a stablecoin líder Tether ganhou cerca de US$ 4 bilhões.

Os participantes do mercado disseram que algumas retiradas do USDC provavelmente também foram reinvestidas em bitcoin, ajudando a alimentar o rali atual.

“É muito cedo para dizer que o bitcoin provou a narrativa de que é uma alternativa em uma crise bancária”, alertou Ed Hindi, diretor de investimentos da Tyr Capital em Genebra.

“O rali que estamos testemunhando atualmente no bitcoin será analisado como o ponto no tempo em que sua principal propriedade como um ativo não soberano descentralizado foi testado contra o estresse bancário”, acrescentou.

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